Luto na visão socioantropológica e projeto de vida na velhice são temas da Oficina com Elaine Lima, dia 25 de Outubro
No próximo dia 25 de Outubro, às 14h, o CENETI vai oferecer mais uma Oficina para estudantes do NETI-UNAPI. O tema instigante é um convite a refletir sobre a morte e sobre a vida do ponto de vista socioantropológico. Conduzida por Elaine Lima da Silva, conhecida e admirada por quem já estudou com ela, a Oficina promete ser um momento de muita troca de conhecimentos. Para participar, as pessoas interessadas devem se inscrever e pagar a taxa de R$ 20,00.
A própria Elaine, Mestra em Sociologia Política pela UFSC, Professora de Antropologia no Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI UFSC), Professora de Sociologia na Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina, conta detalhes do que será abordado:
A palestra propõe explorar alguns estudos da Antropologia da Morte, da iconografia
funerária e do luto. A exposição se pautará em três grandes obras: “História da Morte no Ocidente”: da Idade Média aos nossos dias, do historiador Philippe Áries (1977), o artigo de José Carlos Rodrigues: “Imagens e Significados da Morte no Ocidente” e uma obra sobre registros da arquitetura dos cemitérios do Brasil, das autoras Maria Elizia Borges & Elisiana Trilha Castro, publicada em Florianópolis SC em 2022.
Na obra de Áries, o autor perpassa da Idade Média até os dias atuais demonstrando como o mundo dos mortos e tudo que diz respeito a eles era vivenciado através dos ritos funerários, incluindo os sepultamentos, o papel da Igreja e das instituições sociais determinando a vida e a morte, conforme citação: “Durante a segunda fase da Idade Média, a partir dos séculos XI e XII, a socialização não separava o homem da natureza e a familiaridade com a morte era uma forma de aceitação da ordem da natureza. Com a morte, o homem se sujeitava a uma das grandes leis da espécie e não cogitava em evitá-la, nem em exaltá-la, simplesmente aceitava com a solenidade necessária para marcar a importância das grandes etapas que cada vida devia transpor”.
No artigo de Rodrigues, são evidenciadas três questões socioantropológicas ligadas à morte: a primeira é o fato de que morremos e é necessário uma organização que ofereça soluções para os problemas que a morte acarreta. A segunda, a consideração de que os principais processos históricos mediante os quais nossas mentalidades e sensibilidades relacionadas à morte vieram a ser o que não são. E, terceira, questões atuais relacionadas à morte na sociedade ocidental contemporânea: capitalista, industrial e de consumo.
Finalmente, na explanação antropológica dos cemitérios, as autoras Borges & Castro, objetivam, sob uma perspectiva dos estudos do Patrimônio Histórico Cultural, a análise de 36 (trinta e seis) cemitérios localizados nos estados brasileiros, atentando para os túmulos esquecidos, de arquitetura funerária igualmente precária, da morte de todos aqueles que não podem pagar para “morrer em paz”. É uma obra de grande sensibilidade e que, de certa forma dialoga com a obra clássica de Áries, quando transita pelos espaços sociais da morte: os cemitérios, conforme citação: “Os cemitérios são espaços complexos que nos forçam a lidar com a realidade imperativa da finitude da vida e, portanto, são vitais para compreender-se a nossa relação com a morte”.
O propósito é demonstrar como os processos relacionados à morte e, especificamente aos diversos tipos de luto, diferenciam-se, por um lado, em seus inúmeros rituais ao longo da história e em sociedades distintas, mas por outro lado, há uma certa similitude entre os rituais funerários que demonstra o quanto a morte é sentida por aqueles que permanecem vivos. Além disso, será ressaltado outros lutos em vida, que podem ser tão ou até mesmo mais sofrível do que o da morte física, como os lutos simbólicos e os não reconhecidos, como o da “morte social”.
Num segundo momento, a palestra voltar-se-á “Em busca de Sentido” para a vida, obra pela qual me debrucei nos últimos tempos, escrita em 1945 pelo neuropsiquiatra austríaco Viktor Frankl, fundador da Logoterapia. Nesta obra, o autor conta de forma visceral sua experiência nos campos de concentração nazista durante a II Guerra Mundial.
Em seguida serão demonstrados tópicos para a construção de um Projeto de Vida, uma vez que é invariavelmente individual, embora seja atravessado por todos os processos políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais a que estamos expostos.
Pretendo assim, lançar alguns horizontes para a concretização dos projetos de vida que cada um enseja para suas trajetórias, sejam elas profissionais ou pessoais.
Texto: Elaine Lima da Silva
Muito bom!
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