Professora Angela Alvarez, da UFSC, ao centro, com as alunas do Curso de Enfermagem que prepararam a Oficina |
Os alunos trabalharam e ouviram considerações do público para pontos como participação social, promoção e divulgação das atividades oferecidas aos idosos, combate ao isolamento, respeito e inclusão social, relações familiares e intergeracionais, conscientização social, inclusão econômica, opções de emprego e espaços abertos amigáveis aos idosos no que se refere a ambiente, moradias e transportes, entre outros aspectos específicos contidos no Guia da OMS.
A cada ponto abordado, o público ia fazendo suas considerações. Urilda Soares Coutinho, por exemplo, deu um depoimento forte sobre uma situação recente, envolvendo o convite feito a idosos do NETI por ocasião do Carnaval de 2019. “Ao invés do camarote Vip, como foi prometido, o lugar reservado aos idosos para acompanhar o desfile não foi nada bom. O KIT lanche servido incluía banana verde, brigadeiro, mortadela e suco de laranja, nada recomendável para o nosso público. Isso, sem contar as filas para o banheiro, que eram quilométricas”, ponderou.
O ponto referente ao combate ao
isolamento também ganhou destaque. Valda Valdemar de Andrade, voluntária do
NETI, falou da importância de ter descoberto o Núcleo de Estudos da Terceira
Idade, da importância dos Grupos de Convivência para a saúde do idoso e do
quanto o acesso à Universidade, através do NETI, modificou a sua vida. “O idoso
que se dedica a desenvolver algum tipo de atividade deixa de ir ao médico. O
isolamento causa depressão e a depressão é uma doença”, enfatizou.
Em muitos dos pontos trabalhados,
os idosos reconheceram Florianópolis como cidade amiga, mas admitiram que há
muito por fazer. Pessoas de outras cidades, presentes à Oficina, e até mesmo uma aluna de Cabo Verde, na África, estabeleceram comparações entre os idosos daqui e os idosos de suas cidades. No que se refere à oferta de eventos, por exemplo, parcela
significativa admitiu que existem boas opções em Florianópolis, mas que há dificuldades no que se
refere à mobilidade, à disponibilidade de transporte público para os locais onde
esses eventos acontecem. Na ótica dos participantes, para ser amiga do idoso, Florianópolis
precisa de uma série de ajustes no que se refere a espaços abertos, como por
exemplo, espaços verdes bem conservados e seguros, com abrigos adequados e calçadas
niveladas, regulares e bem cuidadas.
“Tudo o que estamos discutindo aqui tem a ver com a participação social e com o empoderamento da pessoa idosa”, repetia com frequência a professora Angela Maria Alvarez, do Departamento de Enfermagem da UFSC e que já foi coordenadora do NETI. Segundo a professora, o objetivo da Oficina foi integrar, conscientizar o aluno da importância de conhecer os idosos.
“Tudo o que estamos discutindo aqui tem a ver com a participação social e com o empoderamento da pessoa idosa”, repetia com frequência a professora Angela Maria Alvarez, do Departamento de Enfermagem da UFSC e que já foi coordenadora do NETI. Segundo a professora, o objetivo da Oficina foi integrar, conscientizar o aluno da importância de conhecer os idosos.
“Não dá para formar alunos de Enfermagem
sem que saibam o que é a pessoa idosa. Não dá para ficar somente com a ideia de
uma situação horizontal, de idoso fragilizado e dependente. Fizemos esse
trabalho para que nossos alunos entendam o que é a pessoa idosa na sua integralidade.
Se eles enxergarem que os idosos tem potencialidades, vão enxergar isso também no
idoso fragilizado, nos familiares desses idosos e resgatar juntos esses
potenciais com o cuidado humanitário”, disse a professora Angela, para quem a
Oficina atendeu todas as expectativas. As discussões travadas em sala foram
gravadas e de acordo com a professora o produto dessa Oficina será elaborado
pelo Grupo, com possibilidades de vir a ser apresentado em eventos acadêmicos
ou até mesmo por ocasião da próxima SEPEX-Semana de Pesquisa, Ensino e Extensão
da UFSC.
Maria Eduarda Ferreira Goulart, quase
formanda – está na nona fase do Curso de
Enfermagem- falou em nome dos dez colegas que participaram da organização
da Oficina, oito dos quais presentes ao encontro no NETI. “Os maiores usuários
dos Centros de Saúde são os idosos. Por isso a professora sugeriu que trouxéssemos
o Guia da OMS”, observou. Contou que o trabalho em Grupo envolveu três encontros.
“No primeiro, fizemos a leitura do Guia Cidade Amiga do Idoso, disponível na
internet. Depois, pensamos num “checklist” (uma espécie de questionário, de
lista de verificações) para cada idoso, mas achamos que seria muito complicado.
Aí surgiu a idéia da professora Angela, de nos reunirmos com os idosos do NETI
para buscar essa conscientização, tomar conhecimento das leis, do Estatuto do
Idoso”, contou Maria Eduarda. Lembra que no segundo encontro ocorreu a
sub-divisão do Grupo por pontos trabalhados, mas que a parte mais difícil do
trabalho foi pensar em como trazer o Guia da OMS para a Oficina, em como abrir
a discussão com o público convidado”.
Ao final dos trabalhos, a professora
deixou um recado especial aos alunos. “Peço desculpas se atropelei vocês,
alguns alunos chegaram a ficar nervosos porque vinham se apresentar aqui, mas é
um desafio mesmo. Sabia que seria uma experiência importante na vida de vocês”,
disse Angela Alvarez, dirigindo-se ao Grupo.
Coordenadora do NETI falou da
trajetória do Núcleo e traçou perfil dos alunos
A Oficina preparada pelas alunas do Curso de Enfermagem contou com a participação da Coordenadora do NETI, Jordelina Schier e lotou o auditório do NETI. Na abertura, a coordenadora contextualizou o NETI no âmbito da UFSC e da Universidade Aberta da Terceira Idade, falou do pioneirismo e da visão futurista do Núcleo, apresentou ações e projetos desenvolvidos ao longo desses 36 anos e traçou um perfil dos alunos que frequentam o Núcleo. “Além de atender à comunidade, trabalhando com Ensino, Pesquisa, Produção e aplicação do conhecimento na área da Gerontologia, o NETI vem contribuindo para que a sociedade tenha esse olhar inovador sobre a questão do Envelhecimento”, disse Nina, como é carinhosamente chamada.
Jordelina Schier, na abertura da Oficina |
Jordelina Schier e Angela Alvarez, na condução dos trabalhos |
A Oficina preparada pelas alunas do Curso de Enfermagem contou com a participação da Coordenadora do NETI, Jordelina Schier e lotou o auditório do NETI. Na abertura, a coordenadora contextualizou o NETI no âmbito da UFSC e da Universidade Aberta da Terceira Idade, falou do pioneirismo e da visão futurista do Núcleo, apresentou ações e projetos desenvolvidos ao longo desses 36 anos e traçou um perfil dos alunos que frequentam o Núcleo. “Além de atender à comunidade, trabalhando com Ensino, Pesquisa, Produção e aplicação do conhecimento na área da Gerontologia, o NETI vem contribuindo para que a sociedade tenha esse olhar inovador sobre a questão do Envelhecimento”, disse Nina, como é carinhosamente chamada.
“O NETI é uma ação universitária geradora
e difusora de inovações sociais”, enfatizou, destacando que a Universidade
atua como um equipamento educativo e social, que impacta na qualidade de vida,
na ressignificação da velhice e na promoção de um envelhecimento saudável. “Para Cachioni, a Universidade Aberta da
Terceira Idade “é uma janela de oportunidades para aprender, ensinar, pesquisar
e conviver”, disse a Coordenadora, numa referência à Meire Cachioni, doutora em
Gerontologia, com estudos e publicações na área.
Maioria dos alunos do NETI tem 61 anos ou mais
Maioria dos alunos do NETI tem 61 anos ou mais
Dados contidos na sua explanação
mostraram que o NETI ofertou 668 vagas nesse primeiro semestre, distribuídas em
32 cursos e oficinas, além de 07 atividades extras. Da totalidade de alunos
presentes, 50,43% estão chegando ao NETI pela primeira vez, enquanto 49,57% já frequentam
o Núcleo. Do total de alunos, 74,18% são mulheres e 25,61%, homens. A maioria
dos idosos que frequenta o NETI tem 61 anos ou mais (70,28%), com 29,57%
distribuído entre pessoas com idade de 50 a 59 anos. “Nesse semestre, o aluno
mais idoso do Núcleo tem 94 anos”, destacou a coordenadora. Os dados
apresentados também mostram que 69% dos alunos do NETI possuem curso superior,
enquanto 19% possuem ensino médio completo.
“O nosso referencial teórico está
centrado na Gerontologia enquanto Ciência e nos quatro pilares da Educação
Permanente: aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser. Os principais
conceitos que trabalhamos são a autonomia, a interdependência e a
autorrealização”, disse Nina.
Oficina lotou auditório do NETI
Oficina lotou auditório do NETI
A Oficina dessa terça-feira foi
prestigiada por alunos do NETI, membros
do PICG e demais voluntários e convidados e lotou o auditório do NETI. Todos os presentes foram convidados a avaliar a experiência. A Coordenadora do NETI, Jordelina Schier, sintetizou suas impressões em duas palavras: "Integração e agradecimento". "O que aconteceu aqui hoje foi um exemplo de integração entre professor, alunos e idosos; uma troca bonita de experiências, de saberes e alegrias. Vamos sair daqui refletindo, isso borbulha, oxigena o nosso corpo", disse Nina.
Entre as presenças ganharam destaque a assistente social do NETI, Ana Paula Balthazar, o técnico em assuntos Educacionais, Guilherme Koerich, a presidente do Conselho Municipal do Idoso, Leny Baessa e alunos do Curso de Serviço Social da UFSC, com estágio no NETI.
Ao final dos trabalhos, o público foi presenteado com sessões de poesia e música, protagonizadas pelas voluntárias Osmarina Maria de Souza, poetisa e escritora, também presidente da Academia de Canto e Letras do CENETI-NETI e por Valda Valdemar de Andrade e Urilda Soares Coutinho.
O Guia Global Cidade Amiga do Idoso, da Organização Mundial da Saúde-OMS - um livrinho de capa azul, de 66 páginas - foi lançado em 2008 e pode ser consultado neste link, na internet: https://www.who.int/ageing/GuiaAFCPortuguese.pdf
Florianópolis está entre as primeiras capitais do Brasil a receber o diploma da OMS, ao lado de Porto Alegre e de cidades como Veranópolis e Esteio (RS) e Pato Branco (PR).
Vanda Araújo
Fotos: Vanda Araújo e Cecília Alves de Lima
Entre as presenças ganharam destaque a assistente social do NETI, Ana Paula Balthazar, o técnico em assuntos Educacionais, Guilherme Koerich, a presidente do Conselho Municipal do Idoso, Leny Baessa e alunos do Curso de Serviço Social da UFSC, com estágio no NETI.
Ao final dos trabalhos, o público foi presenteado com sessões de poesia e música, protagonizadas pelas voluntárias Osmarina Maria de Souza, poetisa e escritora, também presidente da Academia de Canto e Letras do CENETI-NETI e por Valda Valdemar de Andrade e Urilda Soares Coutinho.
Professora Angela e as senhoras Osmarina (centro) e Urilda |
Leny Baessa, presidente do Conselho Municipal do Idoso |
O Guia Global Cidade Amiga do Idoso, da Organização Mundial da Saúde-OMS - um livrinho de capa azul, de 66 páginas - foi lançado em 2008 e pode ser consultado neste link, na internet: https://www.who.int/ageing/GuiaAFCPortuguese.pdf
Florianópolis está entre as primeiras capitais do Brasil a receber o diploma da OMS, ao lado de Porto Alegre e de cidades como Veranópolis e Esteio (RS) e Pato Branco (PR).
Graduandas em Enfermagem da UFSC, idealizadoras da
Oficina. Da esquerda para direita: Samanta Will, Suyan Sens, Elisa Foschi, Rivoneide Silva, Professora Angela Alvarez, Maria Eduarda, Norma Santos e Vanessa Silva
Vanda Araújo
Fotos: Vanda Araújo e Cecília Alves de Lima
Parabéns Vanda por esta reportagem na íntegra do evento. Parece até q estivemos presentes. Belo trabalho!!
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