“O Mundo é dos Maturis" apontou o Workshop Projetos de Vida 50+, realizado no SESC Prainha, de Florianópolis

Idosos de diversas idades e profissões lotaram a sala Multiuso do SESC Prainha, em Florianópolis, na tarde chuvosa de segunda-feira (17), para participar do "Workshop Projetos de Vida 50+” realizado pela primeira vez na Capital catarinense, numa parceria entre o SESC-SC e a MaturiJobs, plataforma de negócio social.
Presente ao evento, o fundador da MaturiJobs, Morris Litvak, foi categórico: “Falava-se que o Brasil é o país do futuro em função da elevada população jovem, mas isso está mudando, não é bem assim. O Mundo é dos Maturis”, disse o executivo, para quem a revolução da longevidade vem ocorrendo de forma superacelerada e silenciosa.

Workshop defendeu valorização da Diversidade etária

Morris Litvak

Morris Litvak, paulista, 35 anos, Engenheiro de Software, parabenizou o SESC Prainha pela

abertura de espaço e pela iniciativa de estimular novas perspectivas de vida entre os idosos com o “Workshop Projetos de Vida 50+”.

"A revolução da longevidade é uma revolução silenciosa. Vem ganhando uma superaceleração no Brasil, mas ainda são poucas as empresas que estão olhando para isso com a devida atenção. Com algo próximo a 211 milhões de habitantes, o Brasil caminha para uma população de cerca de 30 milhões de idosos, o equivale a 13% do total populacional ,sendo que as projeções eram de atingir esse número somente em 2025. Em 2040, cerca de 57% da força de trabalho no Brasil será composta por pessoas com idade a partir de 40 anos ou mais”, frisou o executivo.

Litvak chamou atenção para as novas formas de trabalho, além da tradicional, e provocou o público 50 mais com uma questão para reflexão: “Estamos de fato valorizando a diversidade?”, questionou, salientando que as empresas falam muito em diversidade, mas que a diversidade etária é um termo novo, ”muito novo e que precisa ser assimilado”.

‘Estamos plantando sementinhas nas empresas, é algo que tem que ser construído. O diálogo intergeracional tem que acontecer de fato, tanto dentro como fora das empresas. O idoso tem um papel importante na relação com os jovens e os jovens também tem muito a ensinar aos idosos. Cabe às empresas o papel de promover essa troca, criar isso dentro do ambiente de trabalho. Todos tem a ganhar com isso”, observou.

Morris Litvak apresentou a plataforma MaturiJobs, falou dos cursos especiais que são oferecidos e convidou o público a se cadastrar no Grupo. “Temos mais de 80 mil pessoas cadastradas no Brasil e com isso queremos influenciar as políticas públicas. Vamos fazer barulho para mudar a atual situação. O mercado de trabalho é uma queda de paradigmas”, enfatizou.

Criada há três anos, em São Paulo, a MaturiJobs - www.maturijobs.com - já trabalha na criação de uma plataforma de MaturiServe, de lançamento previsto para outubro próximo. Segundo o executivo, além da Maxiplay, para pessoas que querem oferecer seus serviços, a plataforma oferecerá todo um suporte tecnológico, com a implantação, inclusive, de um sistema de pagamento através de cartões de crédito.

“A proposta da MaturiJobs é transformar a relação das pessoas com idade acima de 50 anos, dentro e fora do trabalho. Como dizia Renato Russo, o futuro não é mais como antigamente”, pilheriou o executivo.

“Sessenta anos, época mais altruísta da vida”

Dulce Helena Penna

Outro momento interessante do “Workshop Projetos de Vida

50+” ficou por conta da palestra da psicóloga Dulce Helena Penna Soares, gaúcha, professora aposentada pela UFSC. A psicóloga abordou aspectos psicológicos da maturidade, tomando como referencia “histórias de vida”, em que fez o público relembrar passagens da infância, juventude, idade adulta e maturidade, para chegar nas Escolhas para o Futuro.

“Muitas vezes a gente é escolhido. È muito importante se dar conta disso na maturidade, aprender a obedecer nossos próprios sentimentos, ver que agora é a hora. Que a gente pode escolher! Beethoven fez a melhor música dele depois dos 60 anos. È a época mais altruísta da vida”, enfatizou a psicóloga.

Dulce Helena convidou o público a um exercício interessante como forma de compreender a importância de saber usar o tempo em seu próprio benefício. “Ao nascermos, somos presenteados com mais ou menos 30 mil dias de vida. Por volta dos 55 anos, teremos consumido perto de 18,250 dias. Aos 80 anos, atingimos algo próximo a 29.200 dias. Portanto, ainda temos cerca de 11 mil dias pela frente, em média, que podem ser usados para fazer o que queremos. Não precisa ser nada grandioso. Façam aquilo que gostam, que tenha significado para vocês”, recomendou a psicóloga.

O “Workshop Projetos de Vida 50+” terminou com a Dinâmica de Grupo, “Networking em Ação” ministrada pelo executivo da MaturiJobs, com Pich de apresentação focado em três itens – autentico, objetivo e interesse. Os participantes tinham 40 minutos para se conhecerem, trocar informações e realizar uma tarefa de quatro rodadas.

Lançado há um ano, em São Paulo, o “Workshop Projetos de Vida 50+” já foi desenvolvido no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Campinas/SP, no mesmo formato do que foi apresentado em Florianópolis. A próxima edição do evento na capital catarinense está marcada para 22 de Outubro, às 14h, no SESC Prainha.

SESC já está na trilha dessa Parceria

Selma Junkes

A parceria com a MaturiJobs, celebrada na abertura do Workshop coloca o SESC-SC em novo patamar na relação com os idosos. Pioneiro no país no Trabalho Social com esse segmento, o SESC soma 40 anos de atendimento aos idosos nas mais diversas áreas. Além de resgatar o valor social dos idosos, as ações promovidas pelo SESC privilegiam a cidadania e a educação através de projetos adaptados às regiões onde atua.

Na abertura do evento, a Gerente do SESC Prainha, Selma Junkes, falou das ações do SESC nas áreas da Educação, Saúde, Cultura, Lazer e Assistência, lembrando que os serviços são extensivos a pessoas de todas as idades. Na área da Saúde, destacou ações relacionadas à Nutrição e a Odontologia, focadas na promoção de hábitos e alimentação saudáveis. “Servimos cerca de 700 refeições/dia, totalmente equilibradas. O SESC dispõe de um sistema de controle que permite, inclusive, medir a temperatura do óleo utilizado nas refeições. Isso é qualidade de vida”, ponderou, a gerente, destacando que a instituição também dispõe de 23 dentistas, médicos e de psicólogos na unidade de Florianópolis.

As áreas de Cultura e Lazer também ganharam destaque. Selma Junkes chamou atenção para o trabalho desenvolvido em Turismo Social, com excursões e passeios realizados dentro e fora do estado de Santa Catarina e também no exterior.

No que se refere ao Esporte, citou a disponibilidade de espaços físicos como quadras, academias na parte de musculação e salas de jogos. “Temos quatro turmas de vôlei compostas por pessoas com idade acima de 50 anos e uma forte presença masculina nessas turmas”, ilustrou, lembrando que o trabalho com idosos no SESC Prainha é coordenado pela técnica de Atividade, Arlei Souza Borges.

A apresentação do Programa de Assistência, por sua vez,
ficou a cargo da Gerente de Assistência do SESC, Giseli Mara Schena, que destacou o estímulo à participação e a ação social. “Esse é um dos projetos de linha de frente do SESC, observou, para também citar o Projeto Idoso Empreendedor, criado há 10 anos, com o objetivo de promover a atitude empreendedora junto ao público idoso.

Giseli Schena

“Apoiado em três elementos – motivador, impulsionador e disseminador – o Idoso Empreendedor tem estimulado a autonomia por meio da inclusão digital, de tecnologias como tablet, smartphone e uso de plataformas como Youtube, Uber e Airbnb”, destacou a Gerente de Assistência. Segundo ela, cerca de 10 mil idosos, de 27 unidades do SESC no Estado de Santa Catarina, passaram pelo Idoso Empreendedor nesses 10 anos de existência do Projeto.

Karina Catafesta

O Trabalho Social com idosos, destinado ao exercício da participação social e da cidadania também foi destaque na fala da analista de Trabalho com Grupos do SESC-SC, Karina Catafesta.

“O Projeto Idoso Empreendedor é um processo grupal, marcado pela constante informação e desenvolvimento interpessoal”, disse a analista, citando projetos de estímulo ao protagonismo do idoso, como oficinas de fotografias e de uso de ferramentas como smartphone, de forte interesse em Unidades do SESC em Concórdia, no oeste catarinense e em Itajaí, no litoral centro norte catarinense.