Aula Inaugural fez refletir sobre a construção de um espaço de convivência em que o diálogo seja a base para a paz individual e coletiva. Homenagem aos formandos do CEJA emocionou alunos, professores e convidados
Mesa de abertura da Aula Inaugural
A homenagem
aos alunos do CEJA que concluíram o Ensino Médio no final de 2017, deu o tom de
emoção à Aula Inaugural de primeiro semestre do NETI, realizada na tarde de ontem
(13), no auditório do Centro Socioeconômico-CSE, e que teve como palestrante o
professor Helder Boska de Moraes Sarmento, da UFSC, com o tema “Um Diálogo
sobre Convivência”. O evento lotou o
auditório e foi prestigiado pelo Pró-Reitor de Extensão, professor Rogério Cid Bastos,
no ato representando o Reitor Pró-Tempore da Universidade Federal de Santa
Catarina, professor Ubaldo Cesar Balthazar. Também fizeram parte da mesa de Abertura
a coordenadora do NETI, Jordelina Schier, a presidente do Centro dos Estudantes
do NETI-CENETI, Eddy Frantov e Ancelmo Pereira de Oliveira, membro do Conselho
Estadual do Idoso de Santa Catarina, na ocasião, representando o Secretário de
Estado de Educação, professor Eduardo Deschamps.
Recepção com música para os homenageados emocionou a todos
Recepção com música para os homenageados emocionou a todos
O evento teve início com a execução do Hino Oficial de Florianópolis, Rancho de Amor a Ilha, apresentado pelo Grupo de Canto Vozes da Ilha, sob a regência de Nilzon Aguiar. A entrada, no Auditório do CSE, das professoras do Programa EJA, Regina Helena Seabra e Marilúcia Marques, acompanhadas dos oito alunos que concluíram o Ensino Médio no NETI, ao som da música Tocando em Frente, de Almir Sater e Renato Teixeira, comoveu a todos.
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Professoras Regina Seabra e Marilúcia Marques prestigiaram o evento |
Em seu pronunciamento, o pró-Reitor de Extensão parabenizou cada um dos formandos com a leitura de seus respectivos nomes, arrancando palmas do público ali presente.
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Rogério Cid Bastos |
O representante do Secretário de Educação, Ancelmo Oliveira, por sua vez,
destacou a importância da inclusão dos idosos na sala de aula, observando que
com a iniciativa de voltar a estudar, os alunos do CEJA abrem portas para a esperança.
“Educar é aproximar o indivíduo do grande patrimônio cultural que a comunidade
produz”, enfatizou.
Coordenadora destacou projetos e ações integradas - AMAG e Blog integraNETI foram citados
Alunas agradecem e comemoram a homenagem do NETI |
A Coordenadora
do NETI, Jordelina Schier, ressaltou a importância da homenagem à primeira
turma certificada no Ensino Médio através do CEJA-Florianópolis e NETI e fez menção
à atuação do Governo do Estado, por possibilitar a esses alunos concluir uma nova
etapa em suas vidas.
O NETI atua
no Projeto de Leitura e Escrita para pessoas idosas desde 2009, quando fechou
parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis, através do
Programa EJA-Educação para Jovens e Adultos. Mais recentemente – em 2015- por
iniciativa de alunos egressos do EJA, que desejavam concluir o ensino médio,
foi estabelecido um termo de compromisso entre o NETI e a Secretaria de Estado
de Educação de Santa Catarina.
“Quero
agradecer a todos que contribuem para que o NETI seja referência na Educação para
Idosos”, disse a coordenadora, passando à uma breve contextualização do NETI no
cenário acadêmico e da comunidade. “Contamos com 565 vagas preenchidas nesse
semestre, distribuídas entre 24 turmas. Além das atividades sócio educativas, que
incluem oficinas, cursos, palestras, apoiamos projetos e atividades desenvolvidos
por nossos alunos através do Centro de Estudantes do NETI-Ceneti”, observou.
Entre esses projetos, a coordenadora citou o Grupo de Canto Vozes da Ilha, “sempre
de agenda concorrida” e o trabalho desenvolvido pela Associação dos Monitores
da Ação Gerontológica da UFSC - AMAG, criada em 93 e que dia 28 próximo elegerá
nova diretoria para o triênio 2018/2021.
O Blog integraNETI, criado em julho de 2017 com a proposta de integrar alunos do NETI com estudantes da terceira idade de Instituições de Ensino Superior em todo o país também foi citado. “O Blog tem mais de 12 mil acessos. Essa integração é importante para difundir nossas atividades”, destacou a coordenadora.
Jordelina Schier chamou atenção para a importância da Aula Inaugural e agradeceu ao alunado, à equipe técnica, bolsistas e demais apoiadores e colaboradores do NETI. “A aula inaugural busca acolher, incluir alunos, professores, motivar potencialidades. Está na hora da sociedade enxergar a importância da educação para idosos e cabe a nós darmos um passo à frente, mostrar que somos capazes de compartilhar experiências. Para a nossa equipe não existe barreiras”, afirmou.
Jordelina Schier. coordenadora do NETI |
O Blog integraNETI, criado em julho de 2017 com a proposta de integrar alunos do NETI com estudantes da terceira idade de Instituições de Ensino Superior em todo o país também foi citado. “O Blog tem mais de 12 mil acessos. Essa integração é importante para difundir nossas atividades”, destacou a coordenadora.
Jordelina Schier chamou atenção para a importância da Aula Inaugural e agradeceu ao alunado, à equipe técnica, bolsistas e demais apoiadores e colaboradores do NETI. “A aula inaugural busca acolher, incluir alunos, professores, motivar potencialidades. Está na hora da sociedade enxergar a importância da educação para idosos e cabe a nós darmos um passo à frente, mostrar que somos capazes de compartilhar experiências. Para a nossa equipe não existe barreiras”, afirmou.
A palestra do
professor da UFSC, Helder Boska de Moraes Sarmento, mestre em Filosofia pela
PUC de Campinas/SP e doutor em Serviço Social pela PUC/SP, mexeu com o público
presente e sugeriu reflexões. Logo de início, o professor observou que sua
preocupação foi levar para o encontro referências pautadas muito mais por
sentimentos do que por indicadores de sensibilidade trabalhados na sua profissão.
Brincalhão, risonho, questionador, às vezes provocativo, Helder Boska fez uso da poesia- citou Adélia Prado, Rubem Alves- da música, e de fatos recentes para fazer refletir sobre a construção de um espaço de convivência em que o diálogo seja a base para a paz individual e coletiva.
"A ideia de diálogo remete a um momento de passagem, de troca, entre iguais e diferentes, não necessariamente antagônicos, mas de movimento. Vivemos num mundo em que nos sentimos ameaçados, acuados, o que nos faz pensar em nossa trajetória de dor, amargura, em coisas que pensamos e não fizemos e em coisas que nos arrependemos. Talvez por isso, a necessidade tão significativa de falar das nossas emoções, de amor, de sentimentos que nos elevem, que nos façam crescer. Precisamos buscar esse sentido para dar continuidade a esse movimento de reencontro com o outro ”, frisou o palestrante.
Brincalhão, risonho, questionador, às vezes provocativo, Helder Boska fez uso da poesia- citou Adélia Prado, Rubem Alves- da música, e de fatos recentes para fazer refletir sobre a construção de um espaço de convivência em que o diálogo seja a base para a paz individual e coletiva.
"A ideia de diálogo remete a um momento de passagem, de troca, entre iguais e diferentes, não necessariamente antagônicos, mas de movimento. Vivemos num mundo em que nos sentimos ameaçados, acuados, o que nos faz pensar em nossa trajetória de dor, amargura, em coisas que pensamos e não fizemos e em coisas que nos arrependemos. Talvez por isso, a necessidade tão significativa de falar das nossas emoções, de amor, de sentimentos que nos elevem, que nos façam crescer. Precisamos buscar esse sentido para dar continuidade a esse movimento de reencontro com o outro ”, frisou o palestrante.
Professor Helder Boska |
Também chamou
atenção para a importância de pensarmos em nossas relações e nos grupos dos
quais participamos. “Como isso tem me tocado? Às vezes, o gesto de uma pessoa
pode nos sufocar. A ausência de alguém pode nos desorientar. É dessa
sensibilização que estamos falando”, ponderou, lembrando que esses espaços são
marcados por cores, cheiros, sabores e nos fazem pensar nas relações que
estabelecemos, nas nossas diferenças.
Outro ponto destacado pelo palestrante foi o de como lidar com as sensações no nosso dia-a-dia, como lidar com o toque, particularmente. “Estabelecer o diálogo não é apenas uma visão do ponto de vista físico, mas sim o olhar que estamos dedicando ao próximo, percebendo o outro. O toque, o carinho, o aperto de mão, o abraço, nesse processo, são muito importantes, nos alimentam”, observou, confidenciando que ele, como bom paranaense que é, foi aprender a abraçar no interior do Pará.
Outro ponto destacado pelo palestrante foi o de como lidar com as sensações no nosso dia-a-dia, como lidar com o toque, particularmente. “Estabelecer o diálogo não é apenas uma visão do ponto de vista físico, mas sim o olhar que estamos dedicando ao próximo, percebendo o outro. O toque, o carinho, o aperto de mão, o abraço, nesse processo, são muito importantes, nos alimentam”, observou, confidenciando que ele, como bom paranaense que é, foi aprender a abraçar no interior do Pará.
Construção de espaço de convivência é dasafiador
Para o professor, a construção do espaço de convivência é
extremamente desafiadora. Cada ser é único, portador de individualidades e de
vivências e portanto é natural que surjam diferenças de pensamentos e de ideologias
entre os indivíduos.
"Quando procuramos
a construção desse diálogo o que estamos
buscando? Temos consciência intelectual de nossas vidas que nos fazem optar por
escolhas. Muitas coisas implicam nesse campo de relação, sendo que algumas
implicam numa má condução desse diálogo, nos levando a buscar especialistas”,
observou.
Um aspecto que segundo o palestrante ilustra esse conceito de desafio é o de como se situar nas relações. “Não é fácil olhar para uma pessoa e dizer: o que você fez me incomodou. É muito difícil ouvir o outro dizer: não gostei do que você fez comigo. Não é fácil lidar com essas situações, mas são elas que nos colocam limites, que nos fazem crescer em relação ao outro”.
Um aspecto que segundo o palestrante ilustra esse conceito de desafio é o de como se situar nas relações. “Não é fácil olhar para uma pessoa e dizer: o que você fez me incomodou. É muito difícil ouvir o outro dizer: não gostei do que você fez comigo. Não é fácil lidar com essas situações, mas são elas que nos colocam limites, que nos fazem crescer em relação ao outro”.
Diálogo com a convivência não tem mágica
Helder Boska buscou inspiração na música “Os Argonautas”, de Caetano Veloso (Navegar
é preciso, viver não é preciso...) para ilustrar o quão difícil é a arte de
conviver. Para o professor, esse é um exercício cotidiano, permanente de construção, que só é possível com o diálogo. “O diálogo com a convivência não tem fórmula,
não tem mágica, mas há uma necessidade urgente de abrir esse espaço para o
outro. Vivemos numa sociedade em que muitas vezes estamos indiferentes ao
próximo”, enfatizou.
A palestra foi encerrada com uma alusão ao
educador pernambucano Paulo Freire, falecido em 97, cuja obra, para alguns
teóricos, é uma concepção de educação embutida numa concepção de mundo.
"Freire insistiu para que os alunos descobrissem
o mundo não somente através da palavra, mas conhecendo o seu significado. A
palavra “Tijolo” deveria ser entendida a partir da consciência, do que o aluno
conhecia. Portanto, sejamos nós mesmos, verdadeiros, para que possamos
encontrar o outro e aprender a conviver com as diferenças”, finalizou o
palestrante.
Redação:
Vanda Araújo
Fotografia: Solidônio Amaral - Colaborou a Coordenação do CFMAG
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