Chamado à consciência e muita emoção marcaram a exibição do filme "Porto Príncipe" no último encontro do GEC de 2024
A sessão aberta do GEC, do dia 18 de Novembro, foi bastante impactante para o público presente. Além da exibição do filme catarinense Porto Príncipe (2023), que por si só, já seria bastante forte, a presença da diretora Maria Emília de Azevedo tornou a manhã de Segunda-feira muito rica em aprendizado, emoção e especialmente, conscientização sobre as questões abordadas: imigração, racismo e etarismo. Maria Emília contou detalhes sobre a produção - desde a forma como a temática dos imigrantes haitianos em Santa Catarina surgiu como ideia, passando pela pesquisa para a construção do roteiro, pela escolha dos atores, filmagem e distribuição da obra.
Convidá-la para o Encontro foi iniciativa de Maria Graciela Baigorria, integrante do GEC, que junto com o grupo Cine Debate, leu o roteiro e contribuiu para a sua construção.
Na abertura, Maria Emília falou sobre a escolha e o trabalho com o ator haitiano Diderot Senat e com a comunidade de imigrantes em Florianópolis: "os haitianos são muito sensíveis e ávidos por conhecimento", conta.
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Generosa, Maria Emília de Azevedo (à esquerda), compartilhou sua obra com o Grupo |
A ideia de trabalhar o tema da imigração haitiana surgiu para Maria Emília e Marcelo Esteves, o roteirista do filme, quando se deram conta de que todos os dias viam um grupo de imigrantes haitianos conversando no terminal de ônibus da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, e perceberam que só os viam ali. Perguntaram-se por quê não os viam em outros espaços e deduziram que os imigrantes não estavam realmente integrados à população e à vida da cidade. Acreditaram que um filme poderia ajudar a dar visibilidade à questão do racismo e da imigração.
O filme aborda, em alguns trechos, a história do Haiti, país que passou de dominação em dominação, e traz informações fortes sobre a atuação do exército brasileiro durante o trabalho como "força de paz" da ONU, após o terremoto em 2010. Segundo Maria Emília, o filme contribui para que a gente possa "ver como nós colaboramos com coisas que nem sabemos".
Ao explicar a união das temáticas etarismo e racismo, Maria Emília expõe que a intenção é conscientizar e dar visibilidade às "pessoas que ficam à margem do capitalismo: mulher idosa e negro imigrante".
Não houve quem, ao final do filme, não estivesse com os olhos marejados. E uma conclusão geral veio da plateia: precisamos prestigiar o cinema catarinense e nacional.
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Público lotou a última sessão de 2024 do GEC (BG) |
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