Reformulação do Blog integraNETI faz refletir sobre o papel do CENETI na compreensão do envelhecimento



No mês de Agosto, durante as conversas em torno da reformulação do Blog integraNETI entre a Editora Vanda Araújo e a presidente do CENETI, Beth Goidanich, ocorreu um episódio interessante, que merece ser contado. Beth escreveu para Vanda falando de um texto de sua autoria, postado em seu Blog pessoal e que talvez pudesse fazer parte da Edição de lançamento das mudanças do Blog. Gostaria de vê-lo publicado, mas se dizia constrangida diante da exposição de pensamentos nele contida. “Não somos velhinhas engraçadinhas, "fofas", não frequentamos bingos, embora alguns e algumas gostem de jogar um bingo e dar risadas, enquanto isso. Somos, os que têm mais de 60, seres pensantes, seres críticos, seres inteligentes. Somos adultos com mais de 60 anos”, dizia o texto, que por si só tornava a sugestão de compartilhamento mais do que propícia. 
Descontado o constrangimento e com o aval da autora, o Blog faz chegar aos leitores um texto atiçador, que instiga e cutuca o público 60 mais, com percepções interessantes sobre o Envelhecer e que particularmente faz refletir sobre o papel e a importância do CENETI no processo de compreensão do envelhecimento. Fica a dica para que nossos leitores acompanhem e apreciem suas reflexões! 

Por Beth Goidanich

Estava numa reunião para discutir as atualizações e reformulações do Blog integraNETI, que agora estão no ar, e resolvi dar uma olhada no meu próprio Blog, para me inspirar. Só rindo, né? Porque é muita pretensão querer me inspirar num blog desatualizado que quase ninguém lê. De qualquer maneira, valeu dar a olhada e pensar: puxa, quanta coisa eu escrevi aqui. Reler algumas postagens e pensar: uau, sou capaz de escrever umas coisas bem legais! Pelo menos eu acho legais. O resultado foi que comecei, novamente, a escrever lá.
O texto que segue está publicado lá. Ao relê-lo, pensei que poderia ser publicado aqui no integraNETI, pois fala justamente do trabalho que fazemos e das minhas percepções a respeito do envelhecer e do CENETI.
Como Presidenta do CENETI, aos poucos entendo melhor o potencial que aquele ambiente, que percebi desde o início como um solo fértil, tem. Fizemos um primeiro semestre muito lindo. Para além de festas divertidas de boas vindas, passeios agradáveis, tardes de jogos e festa junina, oferecemos oportunidades de formação e de debate em temas espinhosos como, por exemplo, os cuidados paliativos, questões de gênero (Presidenta? Boa tarde a todas e todos?), organização para a morte...
Notei, neste primeiro semestre de 2024, que as pessoas querem, sim, tratar de temas espinhosos e encarar o que ainda nos espera nesta vida. Ninguém (exagero, talvez) quer ser tratado como débil e só ser enaltecido porque ainda canta ou dança, porque ainda vai na festa, porque come bem, porque cozinha e cuida de netos. Não! Não somos velhinhas engraçadinhas, "fofas", não frequentamos bingos, embora alguns e algumas gostem de jogar um bingo e dar risadas enquanto isso. Somos, os que têm mais de 60, seres pensantes, seres críticos, seres inteligentes. Somos adultos com mais de 60 anos. 
Percebi também que quem sempre foi chato, continuará chato na velhice. Quem sempre viveu na queixa, continuará queixoso na velhice. Quem soube aproveitar os bons momentos, continuará sabendo na velhice. Quem sempre gostou de aprender, continuará aprendendo na velhice. E sabe por quê? Porque continuamos sendo as mesmas pessoas que fomos e curtindo as mesmas coisas que curtíamos, com a grande diferença de que sabemos o que não curtimos e sabemos o que já não podemos mais curtir. O corpo limita, mas a cabeça liberta! 
Outra coisa que notei é que muita gente idosa tende a aceitar o lugar da que não sabe, tende a deixar que os outros façam e falem por ela, tende à preguiça (será?). Se fala em protagonismo da pessoa idosa. Fundamental, mas pra dar protagonismo, tem que não fazer pela pessoa idosa, tem que ver a pessoa idosa como uma pessoa e ponto. Só faz se ela pedir. A não ser, claro, que ela não seja mais capaz. Porque acontece, acontecerá com todo mundo, num determinado momento, todos já não poderemos mais muitas coisas. 
Enquanto isso, é preciso manter em mente que aposentar-se não é apagar o conhecimento que se acumulou durante a vida, muito menos deixar nossas habilidades e talentos no passado. E é por isso que eu vejo o CENETI como um solo fértil. Um lugar onde eu, e toda a equipe e todas/os os/as estudantes que tiverem vontade, podemos aplicar nossos conhecimentos e nossas habilidades.
Se você também vê essa possibilidade, compartilhe conosco. Proponha, escreva, participe! Todas e todos são bem-vindos".
 

(VA)

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