Netianas criam suas próprias máscaras e também fazem doações, unindo terapia e ato solidário para fortalecer o combate ao Coronavírus


Estudantes do Núcleo de Estudos da Terceira Idade-NETI/UFSC estão fazendo suas próprias máscaras, protegendo familiares  e praticando doações,  num exemplo de como amenizar o impacto do isolamento domiciliar e praticar a solidariedade frente ao avanço do Coronavirus. Na maior parte dos casos, o estalo para a confecção de máscaras veio de uma notícia veiculada pela UFSC, no início de Abril, em que um Grupo de professores e pesquisadores orientava para a confecção de máscaras caseiras faciais de forma segura. Essa semana, com o Programa Quarentena do NETI, em que a fabricação de Máscaras foi um dos atrativos e mediante a obrigatoriedade do uso de máscaras em estabelecimentos e lojas de Florianópolis, o assunto dominou as conversas nos Grupos de WhatsApp do NETI. O Blog integraNETI conversou com alunas e voluntárias do NETI e extraiu percepções interessantes dessa experiência inusitada de ter que usar máscara para sair de casa, prática que a partir dessa segunda-feira (20) começa a ser adotada em vários estados da Federação.

Raquel Liberato: Fazer máscaras é "terapia ocupacional"



Uma das primeiras netianas a expor as máscaras que estava confeccionando para a família foi Raquel Maia Liberato, Coordenadora da Equipe Técnica do Grupo de Encontros Culturais-GEC, vinculado ao Centro dos Estudantes do NETI-CENETI. Na primeira foto que postou no Grupo,  dia 02 de Abril, Raquel  deu várias dicas às colegas: “Minhas máscaras possuem 16cm de largura e 26cm de altura, com 3 pregas de 1cm cada. A altura, depois de pronta,  é de  20cm. É preciso deixar  margem para costura, pois ela é dupla”, explicou. Para ela, fazer máscaras tornou-se “uma terapia ocupacional”.


No mesmo dia,  Sônia Magalhães, que também é integrante do GEC, mostrava a máscara que acabava de produzir,  em foto feita ainda com a fita métrica no pescoço. “Minhas máscaras são um pouco menores que a da Raquel, mas cobrem bem. São duplas e ainda deixei uma abertura para inserir uma folha de perflex, absorvente ou aquele material de papel toalha que não é papel propriamente. As medidas  que fiz são 19,5 cm por 17,5cm.  Mas as próximas vou fazer com 18,5 de altura para dar pregas mais profundas, pois aí  ela abre mais. Ao final, fica com 10 cm. O elástico fica com 16 cm de cada lado.  Pensei até em fazer para doação, o problema é o material, principalmente elástico. É muito simples de fazer”, estimulava Sônia, despertando a motivação para a doação.

Cristina e Moema doaram grande parte do que fizeram


Na quinta-feira, 09 de Abril, estimulada pelo Sexto Episódio do Programa Quarentena do NETI, em que um dos atrativos foi a Fabricação de Máscaras caseiras a partir da orientação do Grupo de professores e pesquisadores da UFSC, a Diretora Social e de Recreação da Associação de Monitores da Ação Gerontológica-AMAG/UFSC,  Maria Cristina Vieira Foz, postou foto no WhatsApp do Grupo, com a seguinte legenda: “Estou fazendo máscara para a família e amigos e já doei para algumas pessoas. Boa terapia para não pirar. Agora vou tentar uma do site da UFSC,  mas parece que vai mais tecido. A minha tem molde para 3 tamanhos, tenho feito P e M e o duro é acertar no elástico”, descreveu Maria Cristina. 
Questionada pelo Blog sob o que fez para acertar no tamanho do elástico, a resposta veio na ponta da língua: “Peguei um tamanho  de 19 cm e no fim coloco 1/2 cm de cada lado. Sobra 18 cm, que a pessoa diminui se necessário,  assim fica melhor”, explicou. Na postagem que fez no Grupo, Cris, como é chamada, mostrou duas máscaras: uma de tecido liso e outra de tecido florido, descrita por ela como “mais animada”.


Moema segue orientações de professores da UFSC, nos seus modelos, mas admite um toque pessoal 


Outra netiana que faz da produção de máscaras uma terapia é Amélia Moema Veiga Lopes, diretora Tesoureira da AMAG. “O isolamento é importante, mas se ficar mais um mês fechada, não saio mais de casa”, confidencia  Moema. Ela conta que já fez mais de 20 máscaras seguindo as orientações dos professores e pesquisadores da UFSC  - tem usado filtro feito com papel toalha lavável e três panos, de coloração diferenciada -  mas que optou por  “algumas modificações”.
  
“Uma das modificações foi o elástico. Iniciei fazendo máscara para minha filha, mas pelas medidas o elástico ficou apertado, já que ela não pode provar. Então, estou fazendo com as fitas feitas com tecido de camisetas, ela aprovou! Outra modificação foi acrescentar um aramezinho para adaptar ao nariz”, conta Moema. Inicialmente ela fez uso de arames de embalagens de pão, mas como são muito pequenas, optou por  usar um arame flexível, de rolo. “É um arame bem fininho e delicado, desses que se usa em artesanato. Corto o tamanho que preciso e vou adaptando à máscara. A gente vai inventando, né?” Moema conta que das mais de 20 máscaras que já fez, somente duas ficaram com ela. As demais, foram doadas a pessoas mais próximas como o porteiro do prédio onde mora e à vizinhança.

Detalhes da máscara feita pela Moema 

Liberdade para criar faz diferença na produção

Criatividade, aliás, é o que não falta às netianas. Raquel, que considerou as máscaras da Moema "muito bem feitas" conta que agora está fazendo com tiras para amarrar, a pedido da nora. 
Já Arlete Guarezi Zandomeneco, também membro da AMAG e do GEC, vem fazendo máscaras coloridas e de motivos divertidos para a família. 
Conta que fez outras, além dessas da foto,  mas que terminou ficando sem elástico. Sobre isso,  Cristina, da AMAG, deu uma dica obtida na Lagoa da Conceição, onde mora. “Aqui na Lagoa, a moça do artesanato falou que algumas pessoas estavam usando calça de elastano de criança, no lugar do elástico, uma vez que a perna é mais justa", escreveu no WhatsApp do Grupo.
E é nesse ambiente, de troca de ideias, sugestões, de brincadeiras e de habilidades que a Terceira Idade Estudantil do NETI, formada por pessoas com idade a partir de 50 anos, vai  se reiventando, ressignificando, buscando forças e alento para enfrentar o isolamento domiciliar e controlar o medo, a angústia e a ansiedade decorrentes do avanço generalizado do Coronavírus. 


Ontem (18), pouco antes de fechar essa matéria, o Blog recebeu mais três modelos de máscaras produzidas por Lilian Goulart, do GEC, que optou por uma máscara improvisada, feita com tecido de calça jeans e por Thereza Cristina Santos, sócia da AMAG, em que mostram o quanto é importante botar prazer naquilo que se faz, exercitar a criatividade e a imaginação, sair do seu mundo interior e praticar um novo olhar sobre quem está ao redor, precisa de proteção, de apoio e carinho. 


Thereza inova e inspira com seus modelitos

As máscaras de produção de Thereza Christina, de motivos diversos, também expressam muito isso.
Raquel Liberato considerou que o segundo modelo (abaixo) parece ainda mais confortável e até pediu à amiga para enviar o molde ou as medidas utilizadas. 
Thereza conta que a exemplo dessas duas máscaras, confeccionou muitas outras, já destinadas à doação para proteção ao Coronavírus.




Texto Vanda Araújo

Comentários

  1. Parabéns, Vanda. Reportagem completa sobre confecção de máscaras, vários modelitos, doações ao próximo e preenchimento do tempo. Essa mulherada não é fácil. rs

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  2. Vanda! Vc é incrível, não deixa a peteca cair, nesse período do covid 19

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  3. Um domingo matando as saudades de algumas amigas queridas. Excelente ver a criatividade e a espontaneidade das meninas.
    Com essa turma o Corona não tem chance!

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  4. Vida que segue, atitude, carinho e respeito nos fazem fraternos.
    Parabéns!
    Abraços

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  5. Parabéns Netianas pela iniciativa e solidariedade. Adorei a postagem Vanda, parabéns! Abraços à todas.

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  6. Vanda! Gostei muito da reportagem! A propósito, tens máscaras para uso próprio??

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