Netianas inventam, resgatam habilidades e contam o que estão fazendo para enfrentar o medo e distanciamento social trazidos pela Covid-19

Lilian pedala, lê, reforça contatos virtuais e cuida de seu apartamento, na Praia de Palmas

Ivonita, diretora geral da ACLC/CENETI tem cantado e gravado áudios. Leda, também da Academia, tem se dedicado a pintar seus poemas e flores feitas em EVA. Cida, presidente da AMAG e coordenadora geral do GEC, vem arrasando nas artes manuais. Fez duas peças lindas em patchwork e arrancou suspiros quando mostrou seu escondidinho de Aipim, no WhatsApp do GEC. Arlete fez um lindo tapete de crochê, em apenas três tardes. Raquel já pintou cadeiras, tem feito exercícios físicos e assistido filmes. Janilda está estudando história da Arte. Lilian (acima), tem andado de bike e curtido piscina. E acreditem: tem até uma colega que se aventurou no Parapente.  “Fiz uma loucura, fui voar com o meu vizinho. No início meu coração parecia que ia sair pela boca, mas é tão lindo e a sensação de liberdade tão grande, que não dá para descrever”, conta Maria Bernadete.

Assim, a turma do NETI vai se renovando, apelando para os dons e habilidades, ideias criativas, contatos virtuais e incentivando atividades simples e prazerosas que ajudam a minimizar os impactos provocados pelo medo, ansiedade e a vencer a quarentena e o isolamento social.
A ideia dessa matéria, sugerida na semana passada ao Grupo de Encontros Culturais-GEC, era não somente focar o nosso público, 50 mais, mas mostrar o lado positivo dessa reclusão forçada, imposto pela Covid-19. Por motivos operacionais, deixamos de mostrar vídeos magníficos, como o vôo de parapente da Bernadete e as travessuras da Lilian, na Praia de Palmas, onde ficou retida sem poder voltar para Florianópolis no início da quarentena, mas o pouco material aqui reunido mostra como os netianos estão unidos, articulados, enfrentando esses dias de forma sábia e recarregando energias para o momento da volta. “Concordo com a Sônia, de que quando tudo terminar faremos uma superfesta e comemoraremos a vida”, escreveu Raquel, no WhatsApp do GEC, quando o Blog deu por encerrada a coleta de material para esta matéria.

Durante toda a semana passada, quando esse material foi reunido, dezenas de atividades foram relatadas, embora não tenhamos como mostrar muitas delas. Além de pintar, bordar, costurar, cozinhar,  ver filmes, nadar e voar, nossas colegas lavaram, passaram, faxinaram e continuam dando duro. Mas tudo parece estar tão bem assimilado, a vontade de vencer a quarentena é tão maior, que a rotina imposta pela lida doméstica ganhou ares de ineditismo, de preciosidade. Antes da quarentena, muitas sequer tinham tempo para si próprias. Afagar a família com quitutes seguidos e deliciosos tinha virado coisa rara...

Pois é pensando assim, em extrair o que de melhor a vida nos reserva nesse momento de isolamento generalizado, que o Blog integraNETI agradece e parabeniza as colegas aqui reunidas: pela grandeza de saber se ressignificar, pela beleza de suas aventuras e por compartilhar individualidades tão preciosas com o nosso público leitor!

Cida rega as plantas do seu Jardim, atividade preferida da tarde

“Hoje fiquei só na cozinha. Esqueci de fotografar. Amanhã pretendo executar serviços de jardinagem. Vou tentar me lembrar de fotografar. Ontem terminei uma bolsa (patchwork). Faltam as alças, mas isso só depois da prisão domiciliar. Já li uns três livros.  Já assisti alguns filmes.  Já li milhões de mensagens. Meu Deus! Como compartilham, essas pessoas. Já sei tudo sobre o Corona vírus....(Sem precisar colar ou "decorar")”, escreveu Cida, como é carinhosamente chamada Maria Aparecida Ferreira, Coordenadora Geral do GEC e presidente da Associação de Monitores da Ação Gerontológica-AMAG/UFSC. 

Além da linda bolsa em patchwork,  Cida fez uma manta linda para o seu sofá (confira acima), que segundo ela estava “muito monocromático”  e arrasou com o seu escondidinho de Aipim.

Sonia Magalhães tem feito academia online todas as manhãs, “religiosamente às 10h”, como faz questão de acentuar, lives de Yoga que a academia sugere, aulas de Italiano online – está fazendo dois cursos – tem lido, escutado música, conversado com os amigos e se mantido em contato com um casal de idosos que mora ao lado. “Essa semana mesmo passei uns exercícios prá eles. Temos que fazer a nossa parte”, relata, observando que o seu forte nesses dias de quarentena tem sido mesmo cuidar do fogão. “Adoro cozinhar e fico o tempo todo inventando moda”.

Os dotes culinários, pelo visto, povoam grande parte do Grupo. Graciela Scasso, por exemplo, postou uma foto em que exibia uma de suas especialidades - o feijão, compartilhada também pela colega Maria das Graças Ferreira, que admitiu ter feito cardápio semelhante naquela manhã. “Além de cozinhar e de cuidar da minha saúde, estou fazendo muitos estudos online, tanto de Nutrição como de Espiritualidade, que eu gosto muito. Faço exercício todos os dias de Tai Chi e Yoga e estou aproveitando para conversar com meus netos”, relata Graça.

Cadeiras pintadas pela Raquel, que também tem assistido filmes e feito leitura

Raquel Liberato, ao lado, tem transitado por todos os lados da casa e ainda encontra tempo para se exercitar e relaxar. “Além de faxinar, arrumar armários, cozinhar, passar, tarefas adoráveis kkkk, fazer exercício de fisioterapia e Yoga em casa, pintei, assisti filmes e estou lendo. Ainda não peguei no crochê... Ah! também cuidei de umas plantas”, diz a Coordenadora Técnica do GEC.

Realização de um desejo antigo

Maria Bernadete da Cruz, por sua vez, realizou um desejo antigo e deixou o Grupo boquiaberto... “Ontem fiz uma loucura, fui voar com meu vizinho. Vejam as imagens lá de cima. Olha só  que visual e a cor da água”, postou no Grupo “Cinema em Foco”, do GEC”, enquanto veiculou um vídeo lindo, de imagens feitas por ela durante o vôo de 40', que por motivos operacionais ficaremos devendo aos nossos leitores.

"Saímos do mirante da Praia Brava, passamos por lngleses, Ponta das Canas, Cachoeira e um pouco por Jurerê. Depois do pouso foi só sentar e esperar a tremedeira passar”, conta nossa grande aventureira.

No dia seguinte ao vôo, em conversa com o Grupo, no WhatsApp, e respondendo à Raquel, que se mostrou surpresa com a aventura, observando não saber que ela gostava de esportes radicais, Bernadete confidenciou: “Amigas, gostar não gosto, mas sempre tive curiosidade para ter uma visão lá de cima. Saltamos da Praia Brava, onde esse meu amigo e vizinho tem uma Ovni. No início, meu coração parecia que ia sair pela boca, mas é tão lindo e a sensação de liberdade tão grande que não dá para descrever. Hoje, minhas pernas estão doloridas, mas assim que o vento permitir, vou outra vez. Valeu”, disse Bernadete, que além da magnífica aventura, tem encontrado tempo para “esterilizar a casa”, fazer exercícios e reler o “Ensaio da Cegueira”.

Tapete de crochê, feito de barbante, pela Arlete, em apenas três tardes

Mas, foram muitos os elogios entre os colegas na semana que passou. Ao lado de Cida, no rol das prendadas, também se destacaram Janilda, no crochê e Arlete Zandomeneco, no crochê e em bordado de ponto de cruz. Arlete conta que fez o tapete de crochê, de barbante, em três tardes. 

Nos paninhos, usou bordado de ponto de cruz que tinha feito há muito tempo e aplicou uma barrinha em crochê, cuja receita tirou de uma revista de Crochê, com linha Cléia.

Lilian Goulart, por sua vez, foi flagrada em dois momentos divertidos no seu apartamento, na Praia de Palmas.  “Eu estava aqui quando começou a quarentena.  Se voltar para Florianópolis não poderei retornar, pois o prefeito fechou a estrada. Só entram os carros com placa de Governador Celso Ramos”,  escreveu no Grupo, tranquilizando a todos de que não se sentia isolada, uma vez que tem familiares ao lado, dispõe de vizinhos, TV, notebook, tablet, celular, três livros e internet. Atividade em Palmas é o que não falta: “limpei todos os matinhos do pátio e amanhã pretendo começar a limpar os vidros. São muitos”, disse ela, prevendo uma semana cheia de afazeres e também de diversão, como mostram as pedaladas ao redor da piscina, na abertura dessa matéria.

Na foto ao lado, ela sobe numa cadeira para olhar um terreno baldio, ao lado do seu apartamento. "Como estavam aparecendo ratazanas, colocamos veneno e estávamos observando para saber se havia dado certo. O Chico é meu concunhado e meu vizinho aqui do apartamento da praia", explicou, matando a curiosidade do Blog.

Colegas da Academia de Canto e Letras do CENETI-ACLC/CENETI, também vem mostrando seus dotes artísticos e semeado alegria entre os Grupos do NETI, como forma de vencer o distanciamento social. Ivonita Di Concílio gravou quatro áudios lindos e consecutivos, de pura voz, e veiculou entre os amigos. Leda Mônica Fialho, por sua vez, tem se dedicado aos trabalhos de pintura em poemas e à pintura de flores feitas em EVA. 

Leda Fialho, fotografada pela neta Pamela, em sua residência

“São momentos meus, nessa crise mundial  que afetou a todos. Nessas horas me entrego ao prazer e à tranquilidade que a pintura me traz. Procuro ver as belezas que a vida me presenteia e ao olhar uma flor, o céu, os pássaros, me inspiro e agradeço o privilégio, a benção de poder ver, ouvir todas as suas manifestações”, diz a poetisa. Além da pintura, ela segue à milhão no processo de escrever e se prepara para lançar sua Coletânea assim que tudo isso passar. “Resolvi fazer meu livro, estou esperando as gráficas voltarem a trabalhar para fazer orçamento. A pasta está separada e digitada. São 120 páginas e se Deus quiser, vai dar certo”, planeja a Poetisa da Academia de Canto e Letras do CENETI/ACLC.

Texto: Vanda Araújo
Fotos gentilmente cedidas pelos colegas da ACLC e do GEC/CENETI