Reitor da UFSC prestigiou posse de Acadêmicos da ACLC/CENETI em cerimônia que exaltou Fernando Pessoa e fez o público cantar e aplaudir homenageados

Autoridades, acadêmicos e convidados aplaudiram a posse dos cinco novos acadêmicos da ACLC na noite de quinta-feira (31), no Auditório do Centro Sócio-Econômico-CSE da UFSC. A cerimônia foi prestigiada pelo Acadêmico e Reitor da UFSC, professor Ubaldo César Balthazar, que ao final do evento fez elogios à sua realização. “Sou suspeito para falar da cerimônia, pois também sou acadêmico, mas quando fui convidado fiquei feliz da vida. Tivemos um final de tarde muito gostoso, com músicas ótimas, declamação de Fernando Pessoa e bonitas homenagens. Um exemplo de estímulo às pessoas da terceira idade, para que exercitem a arte do canto, da poesia, da música e do romance”, disse o Reitor. Nesse clima de encantamento, em que a emoção por vezes fez o Cerimonial dar lugar à quebra de protocolo, é que ocorreu a posse dos acadêmicos, que chegam à ACLC para preencher cinco cadeiras vagas por desistências justificadas de membros efetivos.

A cerimônia teve início com o Hino do NETI, de autoria da acadêmica Diana Leony Pinheiro, executado pelo Grupo de Canto Vozes da Ilha, sob a regência do também acadêmico Professor Nilzon Aguiar.

Na sequência, a Mestre de Cerimônia anunciou a composição da mesa de abertura, formada pela diretora-geral da ACLC- Ivonita Di Concílio, pelo Reitor da UFSC e também acadêmico, professor Ubaldo César Balthazar, pela Sra. Nelcy Mendes, da Editora Papa Livros e pela Diretora Social do Centro de Estudantes do NETI-CENETI, Graciela Baigorria, na ocasião representando o presidente, Pedro Rogério Martins.

Da esquerda para a direita: Nelcy Mendes, Ivonita Di Concílio, Reitor Ubaldo César Balthazar e Graciela Baigorria

Velas simbolizaram Encontro com a Luz, Inspiração e Consciência Acadêmica

Formada a mesa, teve início o  ato solene de acendimento das velas pelas acadêmicas Eddy Frantov e Osmarina de Souza, acompanhadas das acadêmicas diretoras Urilda Soares e Ana Guimarães. A primeira vela a ser acesa foi a amarela, ao centro, simbolizando a Revelação “o homem sai da escuridão para encontrar a luz”, destacou  a cerimonialista. A segunda vela - a azul - colocada à direita, simbolizou a claridade única e absoluta, que inspira a nossa criação. Já a terceira vela – a branca – à esquerda, simbolizou o Culto na verdadeira pureza à luz da Consciência Acadêmica.

Diretora Geral da ACLC saudou acadêmicos

A saudação aos novos confrades partiu da diretora geral da ACLC. Falando de improviso, por ter esquecido o seu discurso, Ivonita Di Concílio, destacou a importância do NETI e da ACLC para a Universidade Federal  de Santa Catarina e fez menção direta ao protagonismo dos idosos e ao voluntariado do NETI, representados nas pessoas das acadêmicas Maria Moraes de Andrade e de Eddy Frantov.

“Tenho muito orgulho de estar na Academia. Somos uma parte muito importante na UFSC, somos a terceira idade. Quando somos crianças, estudamos, nos formamos e dificilmente voltamos às nossas escolas após adultos. No NETI, não acontece isso. Além de fazer cursos, de adquirir conhecimentos, formamos uma série de tentáculos que terminam por valorizar a terceira idade. Exemplo disso é a Maria Moraes Andrade, acadêmica nossa, que foi aprender a ler e escrever aos 58 anos e que agora, aos 78 anos, está lançando seu primeiro livro de poesia.  Também temos aqui a Dona Eddy, nossa acadêmica, que após anos no NETI e à frente do CENETI, criou o Grupo de Artesanto “Abelhinhas”, que vem se doando, fazendo enxovais de bebês e trabalhos manuais, tudo de forma voluntária. Essa é marca registrada do NETI. Portanto, estamos muito orgulhosos por fazer parte da UFSC”, disse Ivonita.

Emoção marcou colocação das samarras e entrega de medalhas e diplomas

A efetiva sessão de posse viria na sequência. Acompanhados por seus respectivos padrinhos, os novos acadêmicos foram chamados um a um, a se aproximarem da Mesa de Autoridades, onde vestiram as samarras e receberam medalhas e diplomas.

Tomaram posse na ACLC, Helenice Rodrigues Sell, que passa a ocupar a Cadeira 4, do Patrono Hilta Teodoro Bencciveni; Rosaura Saraiva, com a Cadeira 6, do Patrono Acélio Richetti; Roseli Farias, com a Cadeira 15, do Patrono Odilon Conti; Cleonice  Gomes Portela,  Cadeira 17, do Patrono Ignácio Simão Kunrath e o acadêmico Alexandre Domingues, com a Cadeira 23, do Patrono Valdívia Pereira Mafra.

Helenice Sell foi apadrinhada pela filha Renati

Rosaura Saraiva, apadrinhada por Carlos Schmidt

 Roseli Farias foi apadrinhada por Odilon Conti

Cleonice Gomes Portela foi apadrinhada por Dulce Volpato 

Alexandre Domingues foi apadrinhado por Waldemar Bornhausen Neto

A Acadêmica Rosaura Saraiva, professora e empresária, que entre outras atividades atuou na França como educadora especial, foi convidada a fazer um pronunciamento em nome do Grupo. Emocionada, Rosaura falou da responsabilidade de ser membro da ACLC, fez agradecimentos ao NETI e à UFSC e aos colegas de Academia com os quais começa uma nova jornada. 

“Ser acadêmico é assumir um compromisso com a cultura, mas acima de tudo com a nossa sociedade. É assumir a missão de semear a arte da escrita e do canto”, enfatizou  a acadêmica e escritora, que assina seus textos como “Cigana Ro”, tamanha sua atração pelo povo cigano, com quem se identifica.

Empossados e vestidos em samarras, os novos membros efetivos da Academia de Canto e Letras do CENETI prestaram Juramento Acadêmico com a mão direita estendida, em outro momento bonito da cerimônia.

Acadêmica da ASAJOL recebeu aplausos ao declamar Fernando Pessoa

Mas, novas emoções estavam reservadas. Quando Elena Lamego, convidada a declamar um poema, começou a recitar, o encantamento foi geral. 

Acadêmica pertencente a três academias - ASAJOL- Academia São José de Letras, ANACLA-Academia Nacional de Ciência e Letras e Academia de Letras de Águas Mornas - aluna de Dança Cigana Espanhola, escritora e autora de poemas e contos, Elena declamou versos de Fernando Pessoa com uma teatralidade que impressionou, marcada pela fluência da sua fala, exatidão de gestos e pela força de expressões.

De voz clara, ora tênue, suave, ora possante, a declamadora que lê Fernando Pessoa desde a juventude, exaltou trechos da obra do autor em que fez menção às dores e alegrias da vida, à felicidade e à infelicidade para compor uma apresentação que terminaria em música, com trechos da antiga canção popular  “Se essa rua fosse minha, Eu mandava, Eu mandava ladrilhar”, cantada em tom de despedida, para aplausos do público. Esse momento quase mágico da cerimônia foi sucedido por novo número musical das acadêmicas que compõem o Grupo de Canto Vozes da Ilha, para na sequência  o Cerimonial anunciar uma sucessão de homenagens especiais.

Acadêmicas de 89 e 90 anos tiveram talento e vitalidade festejados

A última parte da Cerimônia foi dedicada às homenagens especiais,  num ritual que envolveu entrega do título “Acadêmica Emérita” a três acadêmicas com idade entre  89 e 90 anos, entrega de flores e breves pronunciamentos. Receberam o título a acadêmica Diana Leony Pinheiro, autora do Hino do NETI e que completará 90 anos em dezembro, representada na cerimônia por seu filho Leonardo Pinheiro; Eddy Frantov, 90 anos completos dia 18 de Outubro último, acompanhada pelo filho Serguei e a acadêmica Osmarina Maria de Souza, 89 anos.

Emocionada, Eddy Frantov agradeceu a homenagem passando a palavra à poetisa Osmarina Souza, que recitou o poema de tema "Grupo Literário Terceiro Tempo", escrito a seis mãos e lembrou passagens de sua chegada ao NETI, em agosto de 1994. “Revendo meus guardados, li frases que alguns professores  do Curso de Monitores nos passaram e que gostaria de relembrar aqui pela importância que tiveram em minha vida”, disse Osmarina, para citar seis professores pelos quais passou entre 1994 e 1996: Rui Sousa Lopes, Valmor Cardoso, Eloá Caliari Vahl, Matilde Vieira, Neusa Mendes Guedes e Maria Cecília Godtsfriedt.

Entre as frases lidas, Osmarina citou “O caminho se faz ao caminhar”, datada de março de 1995, dita em classe pela professora  Eloá, que até 2017 deu aulas no NETI:

 – A sabedoria dos índios americanos nos diz: São quatro os inimigos da vida: o medo, o saber, o poder e a velhice. Vença o medo  para enfrentar o saber. Não pense saber mais que o próximo, aceite a capacidade do outro. Não se julgue o poderoso porque o poder destrói a velhice que já está se aproximando. Receba-a e enfrente com coragem”, lembrou  a poetisa.
A ex-professora Cecília Godtsfried, citada por Osmarina e que por mais de duas décadas coordenou o Curso de Monitores da Ação Gerontológica-CMAG do NETI, deu sequencia às homenagens contextualizando passado e presente, ao fazer alusão ao Dia das Bruxas,  comemorado em 31 de Outubro. “Bruxa significa mulher sábia e assim como as bruxas, nossas acadêmicas passam sabedoria, tem se destacado em suas trajetórias e no que se propõem a fazer”, disse Cecília Godtsfried. 

Nelcy Mendes, editora da Papa Livros homenageada com flores, agradeceu a ACLC reforçando o convite para o lançamento do livro da mais nova poetisa do NETI, Maria de Moraes Andrade, no próximo dia 06 de Novembro, no NETI. "O nome do livro, "Da Enxada pro Lápis", já diz tudo, enfatizou Nelcy, que teve sua participação na edição destacada pela diretora geral da ACLC, Ivonita Di Concílio. 

Acadêmica Leda Fialho, na homenagem da ACLC à Nelcy Mendes

A cerimônia de posse dos acadêmicos terminou com o tradicional adormecimento das velas por parte dos acompanhantes das acadêmicas.

Novos e antigos acadêmicos festejaram a grande noite

Acadêmicos Ubaldo Cesar Balthazar e Osmarina Souza, poetisa, ao final da Cerimônia

Texto e fotos: Vanda Araújo