Debate sobre o filme “Viva: A Vida é uma Festa” teve participação recorde entre membros do GEC/CENETI


A Coordenadora Técnica do Grupo de Encontros Culturais-GEC/CENETI, Raquel Maia Liberato, fez elogios ao Grupo após a programação da última segunda-feira (11), na BU/UFSC, em que o GEC exibiu “Viva: A Vida é uma Festa”, dedicado à cultura mexicana.
“Tivemos bastante participação do público. Acho que foi um dos debates em que houve maior participação”, disse feliz, a Coordenadora, que também apresentou o Filme e mediou o Debate. Segundo ela, antes mesmo de falar sobre Constelação Familiar, membros do Grupo levantaram a questão, fazendo com que os que não conheciam, quisessem maiores informações sobre essa Terapia, considerada nova em relação às tradicionais, embora exista há algumas décadas”.
Raquel Liberato apresentou material especial  em que conceituou Constelação Familiar, Destino, Campos Morfogenéticos e Sistemas Familiares. Neste último ítem, fez destaque às consequências da exclusão no sistema familiar e sobre como corrigir emaranhamentos no caso de rompimento do padrão familiar. O material apresentado também reuniu curiosidades sobre doação de órgãos, nascimento e árvore genealógica. Ao final do debate, a coordenadora distribuiu o texto “Culto aos ancestrais”, entre os participantes, de autoria de Mirella Faur. Confira, a seguir, o material apresentado e alguns dos destaques feitos por Raquel Liberato. O GEC volta a se reunir dia 25 de Novembro, das 9h às 12h, no Auditório Elke Hering, da BU/UFSC.

Filme é dedicado à Cultura Mexicana

Misto de animação, comédia e fantasia,  o filme “VIVA: A VIDA É UMA FESTA”, foi rodado nos EUA, em 2017, e tem direção de Lee Ankrich e Adrian Molina. O roteiro é de Adrian Molina e Mattew Aldrich e a música de Michael Giocchino. É o primeiro filme da Disney totalmente dedicado a uma outra cultura, no caso a Mexicana, destaca a coordenadora do GEC.
Baseado no Dia dos Mortos – ao culto aos ancestrais e a força dos laços familiares – tudo é apresentado através dos olhos de uma criança; de forma leve, colorida e alegre. Uma celebração e valorização da família, observa Raquel, para quem o filme aborda importantes questões familiares, o legado, o que fazemos com ele.

Uma aula sobre Constelação Familiar

O filme fala sobre o amor de Miguel pela música e a rejeição de sua família a esta arte. “O garoto Miguel sonha em ser músico, contudo sua família baniu a música, devido a uma ocorrência do passado. Ser músico passou a ser uma ofensa contra toda uma geração familiar. O garoto tem que escolher entre romper a tradição familiar (ser sapateiro) ou deixar seu sonho de lado.
Este filme é muito rico, tanto em relação ao culto aos ancestrais, como é uma aula sobre a Terapia sistêmica Constelação Familiar criada pelo alemão Bert Hellinger (falecido em setembro deste ano aos 93 anos), destaca o material apresentado pelo GEC.  É indicado pelos facilitadores que atuam com constelação familiar  e também para quem quer ter um primeiro contato com este tipo de terapia, usada no judiciário e também nas escolas, na solução de conflitos.

O que é Constelação Familiar
É um método terapêutico criado pelo filósofo alemão Bert Hellinger. Ele descobriu que existem leis que ele chama de Ordens do Amor: que são Pertencimento, Hierarquia e Equilíbrio de troca e essas leis regem os sistemas familiares. 

O que é Destino
Destino significa que nos encontramos inseridos em uma família específica na qual ocorrem certos acontecimentos que determinam os destinos daqueles que vêm depois. Isso se expressa como lealdade a família.
Os emaranhamentos se encontram para além do livre arbítrio. As constelações familiares atuam através dos campos morfogenéticos.

O que são Campos Morfogenéticos
São campos que levam informações, não energia, e são utilizáveis através do espaço/tempo sem perda alguma de intensidade, depois de ser criado.
São campos não físicos que influenciam sistemas que apresentam algum tipo de organização inerente.

Sistemas familiares
Os sistemas familiares são regidos pelo Senso de pertencimento – hierarquia - equilíbrio de troca entre o dar e receber (essas três leis atuam em conjunto e são chamadas as Ordens do Amor e atuam em nossas vidas através da consciência coletiva).  É preciso harmonizar e apaziguar os emaranhamentos do passado, que provocam disfuncionalidades familiares.  Porém, algo importante vem antes das três leis: Pertencimento, hierarquia e equilíbrio de troca: é a Gratidão aos pais e a vida – porque foram seus pais que lhe deram a vida, sem eles você não existiria. 

Somente com gratidão pela vida temos abundância e prosperidade

A exclusão do sistema familiar, independentemente do motivo, é um fato que repercute nas futuras gerações. No filme, o garoto Miguel é quem vai tentar de alguma maneira dar voz ao tataravô excluído do sistema familiar.
As crianças muitas vezes são o porta voz do sistema. Manifestam sintomas e comportamentos diferentes como uma maneira de trazer à tona aqueles que foram excluídos no passado. O grande problema é que isso tudo acontece de maneira inconsciente. O inconsciente familiar tem grande força e os que foram excluídos. Ficam tentando ser vistos, porque querem pertencer. A Lei de Pertencimento rege a consciência coletiva familiar. Um olhar de inclusão é suficiente para alterar todo um sistema disfuncional.

Como corrigir emaranhamentos ou disfuncionalidades, no caso do filme, a exclusão do tataravô

Com as frases: "Sinto muito pelo seu destino e da forma como foi. Eu o coloco no meu coração e tomo o meu destino como me foi determinado".
Isto inclui alguém de novo ao sistema; significa aceitar sem julgamentos as suas atitudes passadas. Quando se rompe com o padrão familiar, (como aconteceu com o garoto Miguel) não se deve romper com a família, pois pode ter efeitos opostos para as futuras gerações. Porque a própria pessoa está se excluindo. Usa-se a frase: “Sinto muito, peço licença e permissão para ir além”. A lealdade aos pais, avós e parentes é uma construção do inconsciente.

Frases para os pais - Tomar a Vida
“Eu tomo tudo com amor”: essa é uma forma que equilibra, pois os pais se sentem respeitados e honrados. 
É preciso que os filhos tomem a vida tal como os pais a dão, com totalidade. Tome os pais como são, sem recusa e sem medo. Este ato significa assentimento à vida e ao destino como foi predeterminado através dos pais, aos limites que me foram impostos, às impossibilidades que me foram dadas, aos emaranhamentos no destino da família ou o que haja de pesado e de leve nessa família, seja o que for. Com isso eu estou honrando e homenageando aos pais. Tomados assim, em geral é o bastante.
Quando o filho se torna adulto e independente, diz aos pais: “recebi muito e isso me basta, eu o levo comigo em minha vida” –“o resto eu faço” – "agora eu os deixo em paz” então os pais se sentem satisfeitos. Isso torna o filho independente, e então se solta deles, não obstante os conserve como pais e eles, também, o conservam como filho. 
A pessoa que conhece os laços do destino pode desprender-se conscientemente deles.

Abaixo, o texto distribuído entre os participantes:

O CULTO AOS ANCESTRAIS  http://www.teiadethea.org
Mirella Faur

“Eu vivo, porém não viverei para sempre.
Somente a Mãe Terra vive eternamente” Canção dos índios Kiowa
A morte faz parte do ciclo da vida, assim como o dia alterna-se com a noite, a luz com a sombra. A sombra da proximidade da morte nos permite compreender e respeitar o delicado equilíbrio da vida.
Assim, seremos capazes de aceitar a continuidade da vida nos nossos descendentes, pois nós também somos a continuação da linhagem ancestral
Venerar os ancestrais mantém viva a conexão entre as gerações, os vivos reconhecendo e agradecendo àqueles que trilharam antes os caminhos, abrindo portas e deixando o legado das suas experiências e realizações.
Os nomes das comemorações dos ancestrais variavam de um país para outro – “Pitra Visarjana Amavasya”, na Índia; “O Dia das almas errantes”, no Tibet; “Festival Obon”, no Japão; e “A festa dos fantasmas famintos”, na China. Na África, em Daomé (atual Benim), celebrava-se “colocar a mesa”; na Sicília, na festa dos “I Morti” as mesas eram postas com “armuzzi” – “as mãos do morto” modeladas em massa de pão, enquanto no resto da Itália os doces de clara de ovo com amêndoas e açúcar eram chamados de “ossi di morti”. No México, até hoje, os familiares fazem piquenique nos cemitérios, levando para os túmulos, enfeitados com guirlandas de calêndulas, os pratos e as bebidas preferidas dos falecidos.
O dia de Los Muertos mexicanos não é uma comemoração macabra ou grotesca, mas uma maneira alegre, divertida e espontânea de reconhecer a inevitabilidade da morte. Ela aparece nos brinquedos das crianças (representada como soldado, herói, policial, médico, dentista, jogador de bola, professor, noivo ou noiva), nos enfeites de açúcar e nos doces, modelada como caveira ou esqueleto e nas “calaveras” – cartões e imagens de caveiras coloridas com dizeres engraçados trocados entre os amigos. Todos têm um esqueleto, todos vão acabar no cemitério, portanto, é melhor se acostumar desde criança com esta realidade.
Celebrado em 2 de novembro, porém tem inicio no dia 31 de outubro, coincidindo com as tradições católicas. A festa dos mortos tem origem indígena, pré - hispânica e não é tratada como um dia triste. As datas dos festivais dos mortos também diferiam de uma cultura para outra.
No Egito, a baixa do Rio Nilo, marcava o início de “Isia”, a celebração de seis dias que lembrava a morte do deus Osíris. Procissões, drama sagrado, cânticos e danças reencenavam a sua morte e ressurreição, bem como a celebração do retorno das almas para visitar seus familiares.
Do Egito, este costume se espalhou pela Europa e foi preservado e adaptado pelos povos celtas, comemorado no dia 31 de outubro.
Neste dia, os véus entre os mundos se tornavam mais tênues, as almas transitavam mais facilmente de um lado para outro. Acendiam fogueiras nas colinas para guiarem os espíritos dos seus ancestrais de volta para suas antigas casas, enfeitadas com lamparinas de abóbora ou nabo colocadas nas janelas e nas portas.
Durante séculos, o cristianismo tentou, em vão, suprimir os festejos de três dias do Festival Celta. Por não conseguir, apelou para o sincretismo religioso, criando o Dia de Todos os Santos e o Dia de Finados, sobrepondo a data cristã ao antigo festival pagão.
Os europeus, principalmente os Irlandeses, levaram, em 1846, para os Estados Unidos da América, seus costumes e práticas ancestrais.
Surgiu, assim, a festa profana de Halloween, pela metamorfose dos significados antigos (máscaras, fantasmas, lanternas, comidas), disfarçados em apresentações caricaturais (bruxas, chapéus pontudos, perucas coloridas, vassouras, lanternas de abóboras, caça aos doces – este costume sendo uma reminiscência do hábito antigo de dar esmolas aos pobres e comida para as almas).
O comércio e Hollywood contribuíram, em muito, para tornar o antigo festival Celta em festa folclórica, infantil ou em um simples baile de máscaras. Mesmo assim, alguns povos ainda preservam de forma autêntica as tradições dos seus ancestrais. Os nativos norte-americanos celebram até hoje os espíritos dos seus antepassados, com o Festival Soyal, que inclui danças com máscaras, fogueiras e oferendas.
No Japão, o Festival Obon é celebrado durante 18 dias. No Obon, os familiares vão em peregrinação para os cemitérios, limpam a área, plantam flores e deixam oferendas de comidas, bebidas e imagens de cavalos (para ajudar o deslocamento dos espíritos entre os mundos).
No último dia do Festival, os ancestrais estão sendo encorajados para voltar para a “Terra dos Mortos” e enormes fogueiras são acesas para lhes iluminar o retorno.
O importante é reconhecer o seu legado, reverenciar a linhagem ancestral, preservar as tradições antigas e honrar sua sabedoria lembrando a frase de Kahlil Gibran:
“Todos os que viveram no passado vivem em nós agora. Que possamos honrá-los como hóspedes valiosos”.




Texto: Vanda Araújo
Material sobre o filme: Raquel Maia Liberato, Coordenadora Técnica do GEC/CENETI


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