Auditório do NETI lotou na tarde de autógrafos do livro “Da Enxada pro Lápis” de Maria Moraes Andrade

Coordenadora do NETI, Maria Fernanda, ao centro, fez as homenagens em nome do Núcleo, com a entrega de flores à escritora. Da esquerda para a direita: Regina Seabra, Maria Moraes, Maria Fernanda, Maristela Sagás, Nelcy Mendes e Marilúcia Marques

Ela irradiava felicidade. Vestida em tom bordô, num vestido de renda, de peito bordado com botões de pérola, quase nada de maquiagem, Maria Moraes Andrade, a aluna do NETI que se alfabetizou aos 62 anos e dezesseis anos depois, aos 78, lança o seu primeiro livro, “Da Enxada pro Lápis”, mostrou que além de talento para a Poesia, tem muito carisma. O público que presenciou a tarde de autógrafos do livro, no auditório do NETI, na tarde de ontem (06), espremia-se entre as cadeiras para aplaudir e prestigiar a escritora.



Maria contou a história de um bauzinho,  de seus tempos de infância, quando relembrou a família – o pai faleceu aos 40 anos, deixando sete filhos - cantou trechos de uma música inspirada nessa história que ela mesma criou, falou sobre o seu marido, uma das pessoas que mais a estimulou a aprender a ler e escrever, relatou tempos de assentamento em Rondônia, de onde resgatou uma passagem curiosa, em que teve que usar a “inteligência” para driblar o não saber ler e conseguir retirar uma carga de sementes para o seu assentamento, e chegou ao capítulo mais recente de sua vida, de quando descobriu o NETI, em 2010.


“Meu marido foi o meu primeiro amor, meu primeiro namorado. Com ele, tive quatro filhos”, contou ao Blog integraNETI, antes da sessão de autógrafos, para revelar que de todas as poesias que já escreveu, a que mais gosta é que a fez para o esposo José Andrade, falecido aos 75 anos, vítima de câncer. “Ele estava doente, muito carente e para deixa-lo feliz falei que faria uma poesia contando da vida que vivíamos na fazenda”. Assim nasceu o Poema “Sonhador de uma Terra”, contido no livro que reúne 132 poemas, escritos desde 1999, quando ela começou a ler e escrever no SESC Ler, na cidade de Ariquemes, em Rondônia.
A primeira poesia- O Poeta Cantador – é desta época, e foi dedicada ao seu pai, João Moraes. Nascida em Criciúma/SC, mas registrada em Siderópolis,  Maria Moraes conta que não tem hora para escrever. “A Poesia nasce. Não escolhe hora. Vem dentro do ônibus, num passeio, onde eu estiver. Já perdi de escrever muita poesia por não ter um caderninho na mão”, conta a escritora, que tem por hábito não mexer no que escreve depois de colocado no papel.
“Uma vez, uma professora me disse que poesia não tem erro, que todo erro é uma poesia. Então, quando a poesia vem no meu linguajar, deixo ela como está”, confidenciou.

Sessão de autógrafos no NETI foi sucedida de Coffee Break


Foto: Leda Mônica Fialho
A festa que o NETI preparou para a aluna prodígio foi muito bacana. Teve pronunciamentos emocionantes, troca de carinho e sobretudo muita emoção. A professora do  Programa Educacional de Jovens e Adultos-EJA de Florianópolis, Marilúcia dos Santos Marques, que juntamente com Regina Helena Seabra, escreveram o Prefácio do livro, lembrou a chegada de Maria Moraes ao NETI, em 2010 e a sua entrada no ensino médio, no CEJA, em 2014. “A gente que trabalha com idoso, sabe que a vida  é cheia de sonhos. Dona Maria é um exemplo disso. Estamos homenageando ela, mas  ela também nos  homenageia  ao nos inserir num pedacinho da sua história”, disse a educadora.
Regina Helena Seabra, coordenadora da EJA, fez referência a um diretor ali presente e  aos demais professores que acompanharam Maria Moraes em ambos os Cursos e destacou o brilho próprio da escritora, a sua veia poética. “Dona Maria é pura poesia, já nasceu poeta. Falar dela é muito emocionante para nós, professores”, disse Regina, que destacou a passagem da aluna pelo EJA, CEJA e a sua chegada aos cursos de Extensão do NETI.
Emoção parecida foi expressa por Nelcy Mendes, da Editora Papa Livros, que apoiou o lançamento, citando o trabalho do estagiário do Curso de Serviço Social do NETI, Diogo Martins, junto à Dona Maria, a quem o definiu como “fiel escudeiro”. “Cada verso da Dona Maria tem sentimento. O título do livro, escolhido por ela mesma, define todo o conteúdo. Nosso objetivo é prestigiá-la, colocando seus pensamentos através do livro”, enfatizou Nelcy.


A coordenadora do NETI, Maria Fernanda Neves, por sua vez, destacou a importância para o Núcleo, de participar da celebração desse momento bonito na vida de Maria Moraes, ao lado de professores e alunos, enquanto  fez um breve histórico da parceria entre o NETI e a Prefeitura de Florianópolis, com os programas EJA e CEJA. 


O projeto de Alfabetização de Adultos no NETI começou  a ser idealizado em 2007, por iniciativa da professora de Pedagogia da UFSC, Maria Hermínia Laffin, que na ocasião recebeu apoio do então Secretário de Educação, Rodolfo Pinto da Luz, para levar a idéia adiante. “O EJA veio para o NETI em 2009 e o CEJA, em 2015”, lembrou a Coordenadora Maria Fernanda, para enfatizar a importância de ambos programas no contexto do aprendizado oferecido pelo NETI e da comunidade acadêmica da UFSC.





Foto: Leda Mônica Fialho




Foto: Leda Mônica Fialho












Terminada a sessão de autógrafos, onde predominaram a emoção, troca de carinho e palavras de elogios e admiração à escritora, o público foi convidado a um Coffee Break no Deck do NETI, numa tarde que seguramente servirá de inspiração para novos poemas na vida de dona Maria Moraes.













Momento feliz com amigos do NETI e da Editora Papa Livros. Da direita para a esquerda: Bruna; coordenadora Maria Fernanda; Maria Moraes; Nelcy Mendes; Ana Paula Balthazar, assistente social do NETI e Diogo Cirilo Martins, estagiário de Serviço Social no NETI, apontado como o fiel escudeiro da escritora, na edição do livro.



Texto e fotos: Vanda Araújo

Comentários

  1. D.Maria é um belo exemplo de que nunca é tarde para realizarmos nossos sonhos.
    Foi uma tarde emocionante.
    Ela é uma pessoa muito doce.
    Parabéns d.Maria!
    Parabéns Vanda!
    Excelente matéria.

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