Terceira Idade estudantil do NETI-UFSC esbanjou vitalidade ao exibir veia artística no II Encontro Cultural do CENETI

Leveza, doçura, sensibilidade, determinação e um grande espírito de união, retratados nas apresentações dos alunos do NETI, fizeram do II Encontro Cultural-CENETI 25 Anos, um mega evento na tarde de ontem, 25 de Setembro, no auditório do CSE/UFSC. Na abertura oficial, a Coordenadora do NETI, Maria Fernanda Neves, destacou a importância do CENETI para o NETI, para a comunidade acadêmica da UFSC e para a Universidade Aberta da Terceira Idade-UnATI. “O Centro dos Estudantes do NETI-CENETI promove o NETI, dá visibilidade às suas ações e dois aspectos fundamentais se destacam nesse sentido: a comunicação e a representação estudantil”, disse a Coordenadora. 



Garapuvu, símbolo de campanha, inspirou fala do presidente



O presidente do CENETI, Pedro Rogério Martins, por sua vez, valorizou a vida, ao fazer uma analogia entre a árvore Garapuvu, símbolo da Campanha que elegeu a diretoria do CENETI para o triênio 2019/2021 e a condição humana.

"Ao plantarmos a semente, ela nasce e dela crescem raízes, tronco, galhos, flores e frutos. Uma árvore nos oferece sombra, ar puro, flores, frutos, mas todas juntas formam uma floresta, mesmo com suas inúmeras características. Assim é a vida de cada um de nós, com nossas individualidades, personalidades, vamos buscando uma convivência harmônica, em que prevaleçam o respeito e carinho, complementando uns aos outros, produzindo e progredindo.
Como as árvores, cada um de nós tem um processo de crescimento. Nossas sementes, juntas, formam uma linda floresta", disse Pedro Martins, acompanhado pelos colegas de diretoria, que paralelo à sua fala de improviso,  simulavam o plantio de uma muda de Garapuvu.

O II Encontro Cultural abriu as festividades de Jubileu de Prata do CENETI, a ser comemorado em Novembro e foi o primeiro grande evento organizado pela nova diretoria do CENETI. O Grupo de Canto Vozes da Ilha prestigiou a abertura com o Hino de Florianópolis, “Canção de Amor à Ilha”, regido pelo músico Nilzon Aguiar.

Cerimonial destacou os cinco Grupos vinculados ao CENETI

Distribuídos em 11 apresentações consecutivas, alunos do NETI com idade entre 50 e 90 anos, esbanjaram talento e vitalidade, numa programação que exibiu a veia artística de cada um, ora na contação de histórias, ora na forma de interpretar, de cantar, de tocar e de dançar.
O Cerimonial remontou aos tempos de criação do CENETI, destacou o sucesso das três gestões anteriores e agradeceu, de forma especial, aos professores Rogaciano Rodrigues, Marilda Effting, Adélia Koerich e Elsa Casalet, que com carinho e dedicação prepararam e acompanharam seus alunos nas apresentações.

“Passadas duas décadas e meia, é natural que tenhamos história: O CENETI foi fundado em novembro de 1994 para representar os alunos do Núcleo de Estudos da Terceira Idade-NETI e nasceu respaldado na Lei da Política Nacional do Idoso, do mesmo ano, que veio normatizar os direitos sociais, garantindo autonomia, integração e participação efetiva como instrumento de cidadania”, frisou o Cerimonial. 


Entre as ações desenvolvidas pelo CENETI ao longo desses 25 anos, foram destacadas a criação do Grupo de Canto Vozes da Ilha, Varal Literário, Grupo de Encontros Culturais-GEC, Blog IntegraNETI, Academia de Canto e Letras do CENETI e mais recentemente o Grupo de Artesanato “Abelhinhas”, fundado em dezembro do ano passado. A abertura oficial do Encontro foi concluída com a apresentação de 10 dos 11 membros da Diretoria do CENETI empossada em 14 de Junho último.

"Vozes da Ilha" foi o primeiro Grupo a se apresentar

Mas, foram nas magníficas apresentações dos alunos do NETI que o Evento teve os seus melhores momentos. Nem mesmo os alunos sabiam que os colegas tinham tanto talento, escutava-se no meio da plateia. Ávidos por se apresentarem e encantados com a oportunidade, os alunos iam pedindo licença para quebrar o protocolo e trazendo inclusões de última hora. Sidney Lino, membro da Academia de Canto e Letras do CENETI-ACLC, ainda teve tempo de incluir a poesia que gostaria de apresentar.

O Grupo de Canto Vozes da Ilha, sob a regência do músico Nilzon Aguiar, abriu a mostra de talentos. O Grupo cantou Maravilhas de Santa Catarina, de autoria de Carolina Floriani de Oliveira; Florianópolis, letra de Anibal Nunes Pires e música de Osvaldo Melo e encerrou sua apresentação com “Tocando em frente”, de Almir Sater.

Margareth Mello, do Grupo “A Hora da História”, foi a segunda a se apresentar, com o conto “A Bofetada”, de origem senegalesa e autoria de Catherine Gindrw e Laurent Corvasier, narrado com sentimento e maestria. Mesclando gestos leves e suaves à expressões de incredulidade, indignação, Margareth fez uma interpretação brilhante do conto, na sua definição, "uma metáfora às ameaças porque passam o Brasil, principalmente na área da Educação". Ao descer do palco do CSE, sob aplausos dos colegas, observou: “o conto traz muito do que estamos vivendo em nosso pais”.

Nem bem as palmas tinham cessado, subiu ao palco o terceiro grupo a se apresentar, com o conto “Grãos de Areia”, trazendo Maria Tereza (na narração), Maria Isabel (violão) e Nídia (canto), todas alunas do Curso de Contação de Histórias do NETI, ministrado pelos professores Rogaciano Rodrigues e Marilda Aparecida de Oliveira Effting. 

Irani, do Curso de Contação de Histórias

Da plateia, em meio às palmas, ambos professores acenavam radiantes para as alunas, que se despediam abrindo espaço para a segunda apresentação do Curso de Contação de Histórias, desta vez, com a colega Irani, que também contou de forma encantadora a história “A Menina e o Pássaro Encantado”, de Rubem Alves.

A sessão de contos e histórias reservava, ainda, uma quarta apresentação, trazendo novamente ao palco o Grupo “A Hora da História”, com a “Ciranda das Estações”, de autoria de Jussara Braga, narrada por Dulce Grein Ferreira, coordenadora do Grupo,  com interpretação de Abdulia Medeiros da Silva, Eulina Medeiros, Margareth Mello e Maria Helena Abonizio Guerreiro.

A história  “Ciranda das Estações” foi interpretada ainda durante o Curso de Contação  de Histórias do NETI, com a professora Marilda, e a sua escolha teve justificativa no início da Primavera. Vestidas em roupas que caracterizavam as quatro estações e usando chapéus ornamentados com flores, o Grupo passou a ideia de uma estação cumprimentando a chegada da outra, contando segredos de seus períodos de permanência e por fim, se despedindo, levando o público com criatividade e beleza à sentir e entender a chegada da Primavera, Verão, Outono e Inverno. 

O Grupo tem mais uma integrante, a narradora Dulce Grein, que infelizmente não aparece na foto 

As palmas ecoaram forte no auditório do CSE, sem que as pessoas pudessem imaginar que além de tudo o que viram, havia um último detalhe que não pode ser colocado em prática pelo Grupo: “Faltou uma ciranda de roda, baixinho, enquanto eu fazia a narrativa e que depois teria som mais alto para que no final as estações dançassem”, contou Dulce, depois, em conversa ao Blog integraNETI.

Nesse clima, de mostrar o que cada um tinha de mais precioso, é que subiu ao palco o Grupo de Alunos do Curso de Espanhol 4, ministrado pela professora Adélia Koerich, com o poema "Desiderata", de Max Ehrmann, em formato  jogral. 

Professoras e alunas se esmeraram na apresentação, em que foram vestidas de camiseta nova, criada especialmente para a ocasião. “O poema que recitaremos fala de coisas que podemos fazer para ser feliz. É como uma receita para se encontrar a felicidade”, disse a professora, que driblava a falta de espaço oferecida pelo palco do CSE para poder conduzir o Grupo, o de maior número de alunos a se apresentar no Evento.

Grupo de Dança Renascer agitou a platéia

No meio de toda essa euforia e ainda sob aplausos, professora Adélia e alunos se despediram para dar espaço ao Grupo de Dança Renascer, coordenado pela Professora de Dança do NETI, Elsa Casalet. Saias longas coloridas, castanholas na mão, performance perfeita, as dançarinas dançaram e fizeram o público dançar. Quebrando o protocolo, a professora Elsa desceu do palco com suas alunas e foi dançar com a plateia, que não resistiu ao convite e caiu na dança.

A apresentação seguinte foi do aluno Henderson, do Curso de Inglês 2 da Profa. Maria Eduarda, com a música Edelweiss, do filme “A Noviça Rebelde”. Henderson se empolgou e pediu licença para cantar uma segunda música, "Hey Jude", dos Beatles, fazendo a platéia cantar em coro, acompanhado de palmas.

O público já tinha dançado e cantado, quando foi convidado a ouvir a poesia “As vantagens de ter cinquenta anos ou mais”, de autor desconhecido e interpretada por Sidney Lino (abaixo), membro da Academia de Canto e Letras do CENETI-ACLC, que resolveu se apresentar em cima da hora. Bem humorado, brincalhão, Sidney arrancou risos, à medida em que ia fazendo o público 50+ se encaixar nas frases que lia.

E foi nesse clima, de surpresa e satisfação, que o cerimonial anunciou João Correa Pérsia, membro do Grupo de Canto Vozes da Ilha. Performático, ele se declarou emocionado e agradeceu ao NETI e ao CENETI pela oportunidade de estar ali. “A poesia é de minha autoria e a minha viola também. Mas eu só fui aprender a tocar depois de aposentado”, fez questão de ressaltar, arrancando aplausos dos colegas.

Mas, grandes surpresas ainda viriam. Para abrilhantar ainda mais o II Encontro Cultural, o Cerimonial anunciou a Diretora Geral da Academia de Canto e Letras do CENETI, Ivonita Di Concilio, que com performance única e voz inigualável, encantou a platéia com o bolero “El Ruisênior”, seguido de outras duas canções, “Estão voltando as flores”, de Helena de Lima e Paulo Soledade e “La Barca”, do compositor Roberto Cantoral.

A programação festiva foi encerrada com a apresentação de Urilda Soares Coutinho, membro do Grupo de Canto Vozes da Ilha, acompanhada do músico Nilzon Aguiar, com a canção “Mal Acostumado”, de Ray Araújo e Meg Evan e  “Não deixe o samba morrer”, dos compositores Edson Conceição e Aloiso Silva. O público que já tinha feito aquecimento com o Grupo de Dança Renascer, desta vez caiu na folia, animado pela bela voz da Dona Urilda, uma das maiores expressões artísticas do NETI. 

O II Encontro Cultural terminou com um sorteio de camisetas, sucedido de Coffee Break no Auditório do Centro Sócio-Econômico. Prestigiaram o evento 107 pessoas, entre professores do NETI, alunos, voluntários, servidores, estagiários, alunos do Curso de Jornalismo da UFSC e convidados.

Texto:Vanda Araújo

Fotos gentilmente concedidas por Leda Mônica Fialho, do Grupo Vozes da Ilha; Elizabeth Vieira da Cunha, Pedro Martins, Mariany Vilela e Osvaldo Silva, do CENETI e Solidonio Amaral Filho, do Blog integraNETI