Encontro do GEC no CSE/UFSC exibiu “A Festa de Despedida”, filme israelense premiado, com a socióloga Mônica Siedler como debatedora


Mônica Joesting Siedler, entre convidados e membros do GEC, na entrada do CSE/UFSC

Quem foi aluno de Cinedebate de Mônica Joesting Siedler, no NETI, sabe que a surpresa é um ingrediente indispensável na metodologia de ensino adotada pela professora. Com o encontro do GEC/CENETI da última segunda-feira, 02, não foi diferente. Convidada especial do Evento, a professora só revelou o filme que seria apresentado no exato momento da exibição. Nem mesmo a equipe técnica do GEC sabia qual filme seria apresentado. “A Festa de Despedida”, filme israelense de 2014, escrito e dirigido por Tal Granit e Sharon Maymon, lançado no Brasil em 2015 e escolhido pela professora para o reencontro com os ex-alunos, prima pela plugeracionalidade. 
Estrelado por Ze'ev Revach, Levana Finkelstein, Aliza Rosen, Ilan Dar, Raffi Tavor e Yosef Carmon, o filme basicamente conta a história de um grupo de idosos israelenses, moradores de um asilo, que criam uma máquina de eutanásia para ajudar amigos em estado terminal. O conteúdo, no entanto, leva a leituras muito mais amplas e profundas. 
Na abertura do Encontro, a professora, socióloga, mestre em Enfermagem  e Consultora em Gerontologia, chamou a atenção para a importância de estar preparado para entender e saber receber o filme sem se deixar afetar, deprimir. “O filme traz reflexões, chama atenção para se pensar na vida. O que é a vida? É mais do que respirar? Do que ter lucidez? O que significa mais, a relação a dois, ou a vida? Qual é o significado de estar vivo?” questionou, em público, a professora, observando ser este o grande discurso em questão.
Apesar de transitar por pontos sensíveis e delicados, como a compreensão de vida e morte, o filme faz isso com leveza e humor sutil. A eutanásia, tema ainda bastante controverso, puxou o debate para diversos ângulos e pontos de vista, com a professora inserindo questões reais e pontuais para reflexão.


Os homens fazem uma máquina, tornam-se deuses. A máquina passa a ser uma forma de resolver o problema “agora”, de não trabalhar o problema. Mas posso resolver meus problemas de uma maneira concreta, através de uma máquina? A nossa própria experiência de morte é a experiência do outro. É isso que o filme mostra”, observou. Ao lado de reflexões como essa, envolvendo a perda voluntária da vida humana, a especialista em Gerontologia colocou a necessidade de saber lidar com as alegrias, mas também com as dificuldades que a vida proporciona, sempre dando ênfase ao saber envelhecer. 


“Envelhecer é aprender que a vida não é um mar de rosas e que não somos felizes para sempre. Viver sem significado é ruim para qualquer um”, enfatizou. Nesse contexto, as relações sociais e em particular, entre cuidado e cuidador, mereceram considerações interessantes da especialista: “Os amigos que formam o Grupo que pratica a eutanásia só trabalham a dor, lidam com isso todos os dias, estão abalados psicologicamente, começam a entrar numa outra wibe. Qualquer grupo social adoece se convive com as mesmas coisas. Quando se convive muito com um processo, acaba-se entrando nesse processo. Por isso, o princípio básico do cuidador passa a ser sair do ambiente da pessoa cuidada”, colocou a socióloga, também mestre em Enfermagem.







Coffee Break reuniu membros do GEC e convidados na abertura da programação de Setembro







Público elogiou escolha do filme
Na saída do Encontro, participantes expressaram opiniões, em conversa ao Blog integraNETI. Maria Crisitina Vieira Foz, diretora social da Associação de Monitores da Ação Gerontológica-AMAG, convidada para o evento, situou-se nas questões discutidas. “Gostei muito. É um filme real, estou passando isso com a minha mãe”, admitiu. Dulcirene Grein Ferreira, membro do GEC e do Grupo “A Hora da História”, do NETI, posicionou-se diante do tema polêmico que é a eutanásia: “Achei o filme muito real. Às vezes, temos momentos de tristeza, entramos em  desespero,  mas acho que temos que preservar a vida”. Regina Simone,  associada da AMAG e convidada do GEC, também considerou o filme “muito real”, admitindo não ter passado por situações vividas pelas colegas no âmbito de suas famílias. Raquel Maia Liberato, coordenadora técnica do GEC, por sua vez, chamou atenção para a complexidade dos temas discutidos e a reflexão que isso vai causar na vida das pessoas que ali estavam. “É um filme para ser processado, que também chama atenção para filhos idosos cuidando de pais idosos, uma realidade constante. O debate trouxe a questão da  banalidade do mal, da naturalização da morte, de como é difícil uma tomada de decisão quando se chega a situações extremas, como a de abreviar a própria vida.  Com certeza vamos ficar refletindo sobre isso por um bom tempo”, disse Raquel.

Coordenadora Geral, Maria Aparecida Ferreira, no agradecimento à convidada especial em nome do GEC/CENETI

O filme “A Festa de Despedida” tem música de Avi Belleli e foi quatro vezes premiado pelo Ophir Awards, prêmio concedido pela Academia Israelense de Cinema e Televisão em reconhecimento à excelência de profissionais da indústria cinematográfica de Israel. O filme recebeu prêmio de melhor ator, para Ze’ev Revach; de melhor Cinematografia, para Tobias Hochstein; de melhor Som, para Aviv Aldema e de melhor Maquiagem, para Orly Ronen. 




Texto e fotos: Vanda Araújo

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