Conselho Universitário da UFSC rejeita adesão ao Programa Future-se
Foto: AGECOM/UFSC |
Em sessão aberta realizada na tarde desta terça-feira, 3 de setembro, o Conselho Universitário (CUn) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) rejeitou, integralmente, a adesão da instituição ao programa Future-se, proposto pelo Ministério da Educação (MEC). Docentes, técnicos-administrativos em Educação (STAEs), estudantes e entidades representativas da Universidade lotaram o Auditório Garapuvu e a área em frente ao Centro de Cultura e Eventos Luiz Carlos Cancellier de Olivo, no Campus Florianópolis, para a deliberação.
Durante o encontro, pronunciaram-se contrários ao programa do Governo Federal os integrantes do Grupo de Trabalho Future-se e membros do Conselho Universitário, além de pessoas da comunidade universitária presentes na sessão. Os diretores dos Centros de Ensino da Universidade, em suas falas, ressaltaram os posicionamentos decorrentes das discussões, debates e reflexões sobre a proposta do MEC junto às unidades acadêmicas.
Vice-Reitora, Alacoque Lorenzini Erdmann e Reitor Ubaldo César Balthazar - Foto AGECOM/UFSC
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"Nossa luta vai ser grande, mas não vai ser inglória", disse Reitor
O posicionamento do Conselho
Universitário foi expresso por meio de uma moção, aprovada por maioria
absoluta. “Num contexto de medidas de bloqueio e drásticos cortes orçamentários
ao qual estão submetidas as IFEs (Instituições Federais de Ensino Superior) e
da absoluta ausência de diálogo para a propositura desse Programa, a análise do
PL (projeto de lei) trouxe muitas incertezas quanto aos reais benefícios em
prol da manutenção financeira de todo o sistema universitário público e muitas
dúvidas a respeito dos impactos acadêmicos que o Programa pode trazer às IFEs”,
diz o texto (leia a íntegra abaixo).
Ao fim da sessão, o reitor
Ubaldo Cesar Balthazar disse que a Universidade deu o recado para a
sociedade brasileira e, principalmente, para o governo brasileiro. Para o
reitor, a instituição recusa-se a ser precarizada, desacreditada e desmontada.
“A nossa luta vai ser grande, mas não vai ser inglória. Nós vamos lutar para
alcançar uma universidade melhor do que essa que está aqui”, completou.
Restaurante Universitário e Bolsas
seguem mantidos
Na abertura da sessão, o reitor
anunciou a manutenção do funcionamento do Restaurante Universitário (RU) e a
permanência das bolsas de ensino até o esgotamento dos recursos disponíveis
para o ano letivo, mediante o bloqueio orçamentário. Após ouvir os diretores
dos Centros de Ensino nesta manhã, Ubaldo acolheu sugestões para buscar
alternativas que permitam a continuidade do serviço de alimentação e da
concessão de bolsas, apesar da necessidade de medidas restritivas. “Vamos
manter o RU aberto até acabar o dinheiro. Acabando o dinheiro, o Restaurante
fecha, a Universidade fecha”, afirmou.
Na última semana, a Administração
Central apresentou diversas
medidas visando à contenção de gastos. Uma das ações de maior impacto seria a
restrição de uso do RU por servidores e para cerca de 75% dos estudantes da
UFSC, sendo permitido o atendimento apenas a estudantes com benefício de
isenção concedido pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae). Também havia
sido divulgada a medida de suspensão da concessão de novas bolsas e renovação
das vagas de estágio, monitoria, pesquisa e extensão, a partir de novembro
deste ano, em todos os setores administrativos e acadêmicos da UFSC.
Leia a íntegra da moção do Conselho
Universitário sobre o programa Future-se:
O Conselho
Universitário da UFSC, reunido em sessão aberta, realizada em 3 de setembro de
2019, vem a público manifestar seu posicionamento de rejeição integral à
proposta do Ministério da Educação, expressa no programa “Future-se”.
Essa decisão
é resultado também do posicionamento de um conjunto de Unidades Acadêmicas,
além das entidades representativas de docentes, servidores
técnico-administrativos em Educação e de estudantes, que foi construída a
partir da análise e discussões da minuta de PL disponibilizada pelo MEC. É
resultado também da atividade de Grupo de Trabalho, a quem coube subsidiar as discussões
e induzir debates e reflexões sobre a proposta do MEC.
Num contexto
de medidas de bloqueio e drásticos cortes orçamentários ao qual estão
submetidas as IFEs e da absoluta ausência de diálogo para a propositura desse
Programa, a análise do PL trouxe muitas incertezas quanto aos reais benefícios
em prol da manutenção financeira de todo o sistema universitário público e
muitas dúvidas a respeito dos impactos acadêmicos que o Programa pode trazer às
IFEs. O PL ignora ainda aspectos importantes, como:
1. Áreas acadêmicas sem conexão imediata com as
necessidades do mercado;
2. O papel das unidades descentralizadas das IFEs e
sua importância no desenvolvimento regional;
3. A alteração de leis que confrontam as políticas
públicas de educação consolidadas;
4. A autonomia universitária prevista no Artigo 207 da
Constituição Federal de 1988;
5. As iniciativas das IFEs na área de
Internacionalização;
6. A inserção fundamental do SUS como único sistema
presente nos hospitais universitários.
Através do
posicionamento de rejeição do Programa Future-se reforçamos fortemente a defesa
inarredável de princípios inegociáveis das Universidades Públicas Brasileiras:
– a plena autonomia constitucional, de gestão financeira, administrativa e pedagógica;
– o respeito à democracia interna das IFEs;
– a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão;
– o financiamento do Sistema de Ensino Superior Público como dever do Estado;
– a garantia de Políticas estruturantes de apoio à permanência estudantil;
– a preservação das múltiplas vocações, da pluralidade acadêmica e da dimensão social das IFEs.
– a plena autonomia constitucional, de gestão financeira, administrativa e pedagógica;
– o respeito à democracia interna das IFEs;
– a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão;
– o financiamento do Sistema de Ensino Superior Público como dever do Estado;
– a garantia de Políticas estruturantes de apoio à permanência estudantil;
– a preservação das múltiplas vocações, da pluralidade acadêmica e da dimensão social das IFEs.
O Conselho
Universitário, cumprindo sua função de instância máxima de deliberação da UFSC,
reitera, por meio deste documento, sua exigência que o governo federal desbloqueie
imediatamente os recursos orçamentários que as universidades têm direito. Com a
presente decisão também reiteramos nossa permanente disposição ao diálogo com o
MEC para o aperfeiçoamento das IFES.
Florianópolis,
03 de setembro de 2019.
As informações são da Agecom/UFSC
(VA)
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