Seminário levantou subsídios para construção de uma nova proposta para o PICG do NETI, criado há 26 anos e hoje em fase de transição

Monitores do PICG no encerramento das atividades da primeira parte da Capacitação
Sentimentos expressos em palavras como honestidade, superação, crescimento, amor, esperança, felicidade, conhecimento, evolução, identidade, segurança, acolhimento, alegria, gratidão, garra e honestidade brotaram da Oficina conduzida pela professora Dra. Teresa Kleba Lisboa, do Departamento de Serviço Social da UFSC, durante o I Seminário do Projeto de Intercâmbio Comunitário em Gerontologia - PICG do NETI, realizado na sexta-feira, 05, no prédio da Justiça Federal, na Beira Mar-Norte.
A Oficina teve como tema “Relembrando o passado, indo ao encontro do nosso futuro”. A partir de uma árvore desenhada em papel pardo, fixada ao chão, no centro da Sala de Capacitação, a professora Teresa abriu espaço para as monitoras do PICG se manifestarem e fez refletir sobre os rumos do Projeto, principal objetivo do Seminário. Criado há 26 anos, quando ainda não existiam políticas de atenção à pessoa idosa no Brasil, o PICG passa por uma fase de transição, decorrente da troca de Coordenação, no ano passado. 


As raízes da árvore serviram de inspiração para que as monitoras falassem de si,  de suas trajetórias de vida e valores. Já a copa, que representou o futuro,  fez exercitar o que gostariam de ver surgir e acontecer  no PICG daqui por diante.  Os resultados decorrentes do Seminário servirão de subsídio para a construção de uma nova proposta de atuação do Projeto, considerado a menina dos olhos do NETI.  

Coordenadora  Nina fez retrospectiva do PICG e explicou objetivos do Seminário



“Com a entrada da Assistente Social do NETI, Ana Paula Balthazar dos Santos, atual coordenadora do PICG, nos reunimos para refletir sobre o Projeto, o papel dos Monitores, ações desenvolvidas, potencialidades e fragilidades. A partir daí, passaremos a traçar um novo Projeto que possa, inclusive, promover a participação de alunos egressos do Curso de Monitores da Ação Gerontológica-CMAG, do NETI”, disse a coordenadora do NETI, Jordelina Schier, na abertura do Seminário. Segundo a Coordenadora, o Curso foi recém-estruturado, o que permitirá efetivar parcerias que atendam especificidades de qualificação dos monitores para a ação gerontológica.
Na retrospectiva de 26 anos do Projeto, Nina destacou o pioneirismo do NETI na implementação de políticas de atenção à pessoa idosa e a atuação de suas coordenadoras. “O PICG foi criado em 93, pela Assistente Social Matilde Vieira. Na época, não havia a Política Nacional do Idoso nem o Estatuto do Idoso, mas o NETI já tinha essa preocupação em trazer os idosos para o lado ativo”, lembrou a coordenadora. Contou que na época, a contribuição do PICG com a mobilização e implementação de programas gerontológicos  junto às prefeituras municipais catarinenses fez inclusive com que se passasse a repensar o papel do idoso na Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC.


Dados apresentados por Nina mostraram que em novembro de 2007 o PICG contabilizava 54 municípios visitados no Estado de Santa Catarina, totalizando 152 mil 331 pessoas atingidas pelo Projeto. "O PICG sempre foi desenvolvido pelo voluntariado, estimulando o protagonismo e a cidadania", observou. Entre 2005 e 2011, o Projeto passou a ser coordenado pela professora Angela Maria Alvarez, do Departamento de Enfermagem da UFSC, à época também coordenadora do NETI, quando passou a atuar na área da Grande Florianópolis. 
Entre as ações desse período ganharam destaque a capacitação de idosos egressos do Curso de Monitores do NETI para atuarem junto a grupos de convivência de idosos da Capital, a formação de lideranças de pessoas idosas para atuar na comunidade, e o incentivo dado a cursos de Graduação com vistas à produção  de conteúdos acadêmicos como estudos e artigos apresentados em eventos científicos.

Parcerias com a Secretaria Municipal da Saúde de Florianópolis e FECAM foram destaque

No mesmo período, o PICG se destacou com campanhas e projetos desenvolvidos em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de Florianópolis. Exemplo disso foi a atuação do Projeto na sensibilização e conscientização acerca do HIV/AIDS junto às comunidades, com vistas a reduzir a incidência de casos em pessoas idosas, lembrou Nina.
De acordo com a Coordenadora, a partir de 2011, com sua chegada ao NETI, e de 2012, quando  passou a ser coordenado pela  Assistente Social do NETI, Maria Cecília Antonia Godtsfriedt, o PICG teria objetivos renovados. “Quando assumi a Coordenação percebemos qual era a responsabilidade social do NETI e da Universidade Federal de Santa Catarina. A idéia foi fixar a atuação do PICG em Florianópolis, junto à instituições e organizações como ILPIs, Grupos de Convivência, escolas e creches”.  
Ainda sob a coordenação da professora Cecília, o PICG renovou suas ações implementando a capacitação de idosos facilitadores das temáticas acerca da Previdência Social e Cidadania, bem como na formação de Grupos de Estudos sobre Política e Envelhecimento. Nesse contexto, Nina fez menção ao  trabalho desenvolvido pela professora Raquel Seiffert sobre Cidadania e que muito contribuiu para a multiplicação desses conhecimentos na comunidade. Em 2015, ainda sob coordenação da professora Cecília Godtsfriedt, o PICG passaria a atuar em parceria com a FECAM, promovendo capacitações dirigidas aos servidores públicos sobre atendimento da pessoa idosa nas principais regiões de Santa Catarina.  

Ana Paula Balthazar falou da importância de abrir caminhos do PICG para o futuro



A Assistente Social do NETI, Ana Paula Balthazar, que passou a coordenar o PICG no ano passado e que conduziu o Seminário, agradeceu a presença de todos e falou da importância de abrir caminhos do Projeto para o futuro.  “Este é o momento de olharmos o que foi feito, fazer arremates e discutir o futuro, o que deve ser feito daqui para frente”,  enfatizou Ana, destacando a entrada do Técnico em Educação do NETI e coordenador do Curso de Monitores da Ação Gerontológica-CMAG, Guilherme Koerich, no PICG.  Na sequência, a assistente social convidou a professora Teresa Kleba Lisboa para conduzir a Oficina de tema “Relembrando o passado, indo ao encontro do nosso futuro”,  que marcaria as atividades da manhã do Seminário.

Ana Paula Balthazar, Assistente Social do NETI, na apresentação da palestrante convidada, professora Dra. Teresa Kleba Lisboa



Oficina mexeu com os sentimentos, teve música e dança e fez monitores reverem conceitos

A Oficina foi aberta com exercícios de alongamento, música e dança. Ao som da canção “As moçinhas da cidade”, um clássico da Música Sertaneja, na interpretação de Nhô Belarmino e Nhá Gabriela, monitores, estagiários e equipe técnica do NETI saudaram a abertura do Seminário, para na sequência assistirem a palestra da professora Teresa, de tema “Empoderamento e Envelhecimento”.








Metáforas do Arco e da Escada fizeram refletir

Na largada, a professora lançou três questionamentos para reflexão: Como desmistificar a imagem e as responsabilidades que o senso comum constrói sobre os idosos? Como trabalhar os preconceitos que a sociedade impõe sobre o idoso? Como lidar com os desafios sócio-culturais em torno do envelhecimento? Como garantir qualidade de vida? questionou, para em seguida fazer uso da metáfora do Arco e do Paradigma da Escada na compreensão do processo de envelhecimento. 


De acordo com a palestrante, o paradigma de que a vida é um arco, sugere que depois do apogeu temos apenas o declínio da decrepitude. “Na metáfora do Arco temos a representação da lei da termodinâmica, que significa que tudo está em estado de declínio e decadência.  Esse paradigma foi desconstruído pela atriz Jane Fonda, hoje com idade superior a 80 anos, que depois de muitos estudos sugeriu a metáfora da Escada”, observou a professora. Para Teresa, a metáfora da Escada é mais apropriada para compreensão do envelhecimento pois ilustra ascensão para o topo do espírito humano, trazendo competitividade e autenticidade.
Nesse contexto, a professora citou o psicólogo Jung, que trabalha com o arquétipo de “velha sábia”, “velha mãe”, que chegou à plenitude da sabedoria e experiência de vida. 
"O paradigma da escada sugere o envelhecimento como um permanente processo de aperfeiçoamento; a metáfora da escada é um símbolo para nós muito importante: que possamos chegar ao topo da escada de nossas vidas plenos de realizações”, enfatizou. 

Palestra focou velhice social dos idosos, feminização da 
velhice e o NETI no contexto de empoderamento



Teresa também chamou atenção para outro aspecto importante na compreensão do processo de envelhecimento. “O envelhecimento não começa repentinamente aos 60 anos; consiste no acúmulo de processos sociais, biológicos, acumulados desde o início de nossas vidas. Socialmente, a velhice é construída de acordo com as necessidades do sistema político, social e cultural; está relacionada à questão social como moradia, saúde, gênero, fatores que possam ser motivos de exclusão social”.
A feminização da velhice, com ênfase na questão da viuvez, a violência contra a mulher  e o envelhecimento produtivo, com a inserção do NETI nesse contexto mereceram destaque. “O NETI é uma possibilidade de empoderamento dos idosos, um espaço de “poder  compartilhado onde se trabalha a valorização, auto-estima, auto-confiança. Empoderamento feminino é ter auto-estima, auto-confiança e o NETI está proporcionando isso”, observou a professora.

Fábula do urso alertou para enfrentamento de adversidades

A importância de ter uma mente positiva, propositiva, também mereceu observação. Teresa Kleba citou Thurz e a fábula do urso que após 1 ano morando numa jaula teve a jaula aberta para que pudesse sair. “Os limites da jaula estavam guardados em sua mente, o urso não quis sair, ficou restringido em seus movimentos. Vocês estão abertos a novas perspectivas, novos desafios, novos valores? Como está a sua mente? Igual à do  urso que não quis sair?" provocou a palestrante, como forma de alertar os monitores  para situações inusitadas, com que venham a se deparar. “Vocês como monitores podem enfrentar situações como essas, vão ter que estar preparados para as adversidades, terão que saber respeitar as diferenças”. Por fim, a palestrante leu o texto abaixo, de autoria de Victor Hugo, levantando aplausos no encerramento da palestra. 




Vivência da Árvore evidenciou potencialidades e fragilidades do Projeto

A segunda parte da Oficina ministrada pela professora Teresa fez as monitoras abrirem o coração. Distribuídas numa grande roda e tendo a árvore ilustrada ao centro, para simbolizar passado (através de suas raízes), presente (tronco) e futuro (copa), cada uma delas foi convidada a se apresentar e a falar de si, sendo que ao final de suas explanações tinham que escolher uma única palavra a ser colocada sobre a raiz da árvore. Sentado no meio da sala, o estagiário do NETI, Diogo, ia anotando as palavras sobre orientação da professora Teresa. 



Tronco da árvore
Os relatos foram marcantes e trouxeram pedaços de vida de cada uma. As monitoras relembraram momentos felizes de infância, momentos difíceis, travessuras, histórias de família, muitas das quais de luta e expuseram individualidades, a exemplos de casos de bullying enfrentados quando ainda crianças. Concluída essa parte, a tarefa seguinte seria preencher a copa da árvore, desta vez com palavras que situassem o PICG no futuro.

Copa da árvore



Entre as palavras escolhidas apareceram organização, ações mais comprometidas, planejamento do Grupo, comprometimento e união, disponibilidade, disposição, entusiasmo, participação, interação, energia e felicidade.
Esse exercício fez vir à tona observações de monitoras, no sentido de aprimorar o trabalho que vendo sendo feito, observações estas acolhidas pela coordenadora do PICG, Ana Paula Balthazar. Ana disse perceber “coisas extremamente gratificantes, mas também extremamente preocupantes desde a sua chegada ao NETI”. Falou de suas propostas para o NETI e enquanto coordenadora do Projeto, de talentos diferenciados, numa alusão a comparações estabelecidas entre a atuação dela e a da coordenadora anterior do PICG e pediu apoio dos monitores na formatação de uma nova proposta para o Projeto. A coordenadora admitiu que se “sente engessada” mas deixou em aberto o espaço para discussão. “Hoje à tarde minha expectativa é de que a gente faça um pacto de trabalho”, enfatizou, numa referência ao Seminário que continuaria na parte da tarde.
A oficina da professora Teresa terminou em clima de confraternização, com monitoras do PICG e convidados dançando ao redor da árvore ao som da música "O que é o que é?" de Gonzaguinha.
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Ana Paula Balthazar agradeceu a Professora Teresa, em nome da coordenação do NETI



O Blog integraNETI, representado pela editora, Vanda Araújo, também recebeu agradecimentos da coordenação do PICG - Foto: Cida Ferreira






Após o intervalo para almoço, oferecido no local da Capacitação, as monitoras voltaram ao trabalho, com o destaque da tarde ficando por conta da Construção do Mapa de Sentidos em relação ao PICG. Cada uma teve 10 minutos para preencher seu mapa, respondendo questões individuais. Depois, em grupos de três ou quatro e com apoio de um facilitador, agruparam as respostas dentro de potencialidades e fragilidades. As respostas foram reunidas e colocadas num quadro e passou-se a buscar soluções para as fragilidades mencionadas. 
Na etapa seguinte, as monitoras se reuniram ao redor da árvore de papel usada na vivência feita pela manhã. Uma por uma, disseram, em apenas uma palavra, o que levavam daquele dia e todas as palavras foram anotadas na árvore. O Seminário reuniu cerca de 25 pessoas, entre convidados, monitores, estagiários do NETI e equipe técnica e terminou com uma grande roda, seguida de coffee break.
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Texto e fotos: Vanda Araújo

Comentários

  1. Parabenizamos por mais essa conquista, o PICG tem a sua essência demarcada por muita dedicação e zelo pelos voluntários, essência que a nova coordenação possui pela sua delicadeza e amorosidade por tudo que faz, Felicitamos a todas as voluntarias e o futuro não tem limites pois essa ação ela e a todo momento vivificada por todos que se aproximam desse espaço. Um grande abraço, grata pela referencia a nossa pessoa e rumo ao Futuro e as novas conquistas, agradecimento também a todas estagiárias que também ocuparam esse universo e muitas tematizaram o PICG nos seus TCCs, vindo a eternizar essa ação de amor e respeito pela causa do Idoso.

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