Oficina de Chás distribuiu mudas de plantas medicinais, derrubou mitos e terminou com pedido de “bis” por associadas da AMAG/UFSC
Chá de Melissa faz acalmar nossos
sentimentos, é bom para o coração. Chá
de Alecrim, levanta nosso ânimo, nos devolve energia, movimento, faz nosso
coração bater mais forte. Chá da folha de Fáfia é bom para o cérebro, anemia, dores
reumáticas, colesterol elevado e também é afrodisíaco. Já o chá de Mil folhas, planta famosa
por curar o tendão de Aquiles tem efeito cicatrizante,
anti-hemorrágico, é expectorante, bom para dor de cabeça,
resfriados e dor de dente. O chá
de Cavalinha, por sua vez, estimula a síntese do colágeno e é bom para dor nas
juntas, enquanto o boldo estimula a digestão e é bom, sobretudo, para curar ressaca.
As indicações, dignas de
anotar num caderninho, são da Fitorerapeuta Amélia Moema Veiga Lopes, palestrante da Oficina de Plantas Medicinais com enfoque em Chás, promovida na terça-feira
(28), pela AMAG, no Centro Sócio -Econômico da UFSC.
Farmacêutica bioquímica, ex-professora do Curso de Farmácia e Bioquímica da Universidade
Federal de Santa Maria-RS, com especialização em Fitoterapia, Moema deu uma
aula de plantas medicinais, propiciando uma tarde de grande aprendizado às associadas da AMAG. O conteúdo trabalhado foi tão intenso e o interesse do público tão forte, que ao final
do encontro ela se lembrou que não houvera tempo para ouvir o CD que havia
levado e nem para a entrega de mimos que ela própria fez para presentear as
amaguianas.
“A oficina foi um
sucesso, com pedidos para repetir o evento. Tomamos chazinhos com bolachas
e aprendemos muito dessa imensidão de plantas que nos ajudam no dia-a-dia”,
relata a presidente da AMAG, Maria Aparecida Ferreira.
“Sempre achei que o
chá só causava bem, que não causava nenhum tipo de mal”, comentou Dulcirene Grein Ferreira.
“Devemos nos
ajoelhar diante das plantas”, disse palestrante
Moema abriu a
oficina explicando a relação entre vegetais e animais. “Os vegetais vieram
antes, conseguiam fazer o seu próprio alimento, porque pegam alimentos
minerais, a energia do solo. Por que as plantas são verdes? porque a clorofila
capta a energia do sol e fabrica o material orgânico. A sobrevivência dos
animais e do homem, portanto, depende totalmente das plantas. Nós devemos nos
ajoelhar diante das plantas”, disse ela, com a ênfase de quem é apaixonada pela
área.
A abertura da
Oficina também contemplou explicações sobre Produtos do metabolismo dos
vegetais, com ênfase para produtos Primários – substâncias orgânicas
sintetizadas pelas plantas e essenciais aos seres vivos, como proteínas
e gorduras - e para produtos Secundários – produzidos a partir dos metabólitos
primários, princípios ativos ou substancias bioativas como óleos aromáticos, alcaloides,
saponinos, flavonoides e vitaminas.
Saber nome botânico das plantas é fundamental antes de usar
Perita em mudas - foi ela quem criou o canteiro verde do NETl - Moema questionou o conceito de Chá publicado
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa – "para a Anvisa, o chá deve ser utilizado exclusivamente na
preparação de bebidas alimentícias, não podendo ser utilizado como propriedades
terapêuticas" - e fez questão de
ressaltar que é fundamental conhecer a planta que está sendo usada. “É
importante saber discernir; não comprem plantas que não tem nome botânico; existem
plantas quase milagrosas, mas também temos plantas cujos chás prejudicam mais
do que fazem bem”, admitiu a palestrante, derrubando o mito de que todo chá é
benéfico à saúde. Observou que existem três fatores fundamentais para o
emprego de plantas medicinais: qualidade, segurança e eficácia.
“É importante
observar uso de agrotóxicos na planta, cultivo, colheita, secagem e até mesmo o
modo como é feito o chá. “Esse aspecto é determinante para a qualidade do chá”
ressaltou.
Um dos aspectos que
mais atraiu a atenção foi o modo de preparo dos chás. Moema explicou os dois
processos: por infusão e por decocção.
“A infusão é feita com
as partes moles da planta, com a planta fresca ou triturada, folhas macias e
flores. Na infusão, não se leva a planta à fervura. Deve-se aquecer bem a água,
sem deixar ferver, e quando a água estiver bem quente, coloca-se em cima da
planta. Depois, coloca-se uma tampa e deixa o chá esfriar por cinco a 10
minutos, até que fique morno”, explicou a especialista.
Na decocção, o chá
é feito a partir das partes duras da planta (raiz, casca, madeira e folhas
secas) e a planta entra em processo de cozimento. ”Coloca-se a planta em água
fria e leva-se ao fogo até ferver. Em ambos os processos, o chá deve ser bebido
na hora em que é feito”, sustentou.
Nomes científicos e
para que servem
Uma a uma, as
plantas medicinais apresentadas durante a Oficina receberam classificação
botânica, nome popular, modo de preparo e dosagem. Abaixo, estão algumas das espécies trabalhadas, com informações para o que servem, segundo orientações
da Fitoterapeuta.
MELISSA
– Classificação botânica: Melissa officinalis. É originária da Europa, Ásia e África. É uma espécie versátil, muda muito. A
Lippia Alba está entre essas variações.
Efeitos:
É calmante, acalma sentimentos e
corações. Associada à Camomila, tem excelente efeito tranquilizante. Em
Alzheimer, o uso da melissa aponta para melhora cognitiva. Também tem ação
sobre o vírus da Aids. Tem atividade antimicrobiana, é analgésica e atua
principalmente em dores de cabeça por problemas gástricos ou por hipertensão. O
chá da planta não é recomendável para quem tem hipotireoidismo.
Dosagem
e preparo: Infusão. Utilizar uma colher de sopa de folhas frescas picadas para
cada xícara de água.
ALECRIM
–
Classificação botânica: Rosmarinus officinalis; é aromática e considerada o
símbolo da fidelidade, a planta do amor eterno. “Dizem que quando ela não se
desenvolve bem numa casa, alguma coisa está errada”, frisou Moema.
Efeitos:
Dá ânimo, energia, movimento, faz o coração bater forte. É muito boa para a garganta
e para fazer bochechos diários; previne cáries. Também pode ser usada no
combate a dores reumáticas, em varizes e hemorroidas e para inibir a queda de
cabelos. “Pessoas agitadas e com problemas de diabetes não devem tomar chá de
alecrim”, recomenda a Fitoterapeuta.
Dosagem
e preparo: Infusão. Utilizar de três a seis folhas por
chá.
chá.
MIL
FOLHAS, OU MIL EM RAMAS
–
Classificação botânica: Achillea millefolium
Efeitos:
É anti-hemorrágica, cicatrizante, expectorante (age no pulmão) e diurética.
Também pode ser usada para dor de cabeça, resfriado, dor de dentes, no
tratamento de acne e seborreia. “Conta-se que a planta curou o tendão de
Aquiles”, disse Moema.
FÁFIA
OU PARA TUDO
–
Classificação botânica: Pfaffia glomerata – Pedersen
Efeitos:
Seu chá é feito da raiz. A planta devolve
energia, é boa para o cérebro, tanto para jovens como para adultos, atua no
tratamento de anemia, dores reumáticas, colesterol elevado, diminui calorões e
também é afrodisíaca. “É uma planta
maravilhosa, considerada boa para tudo, dá energia para viver. Os russos fizeram uso da planta junto
aos seus atletas e o Japão patenteou seus componentes químicos. Só não se aconselha tomar chá de fáfia antes de dormir”, relatou Moema.
Conforme a fitoterapeuta, a raiz da planta lembra figuras humanas, daí o nome
Ginsen.
CAVALINHA,
COLA DE LAGARTO, COLA DE CAVALO
- Classificação botânica: Equisetum hiemale
Efeitos:
A planta contém silício, estimula a síntese do colágeno, é boa para dor nas
juntas e atua na dureza de estruturas como ossos, tendões, unhas e cabelos. É
importante no tratamento de reumatismo e osteoporose, tem uso anti-hemorrágico,
diurético, no tratamento de tuberculose e de hipertensão. “Essa planta surgiu
antes dos dinossauros; contém ferro, zinco, todos os metais que nosso organismo
precisa. Diminui a gordura nas artérias
e também é usada para emagrecer. Para cistite, é espetacular”, recomenda a
palestrante.
Preparo
do chá e dosagem: O chá é feito das hastes. Pica-se as hastes e coloca-se para
ferver por oito a 10 minutos, na proporção de uma colher de sopa de hastes
picadas para uma xícara de água.
BABOSA
–
Classificação botânica: Aloe barbadensis
Efeitos:
Por princípios, é uma planta usada para queimaduras e ferimentos infeccionados.
No caso de queimaduras, o efeito é imediato: alivia a dor e não permite formar
bolhas. Tem ação antimicrobiana sobre bactérias e fungos. É excelente para
fortalecer o cabelo e mantém a pele jovem. “Cleópatra já usava a babosa para
seu embelezamento”, contou Moema.
BOLDO
–
Classificação botânica: Veronina condensata Backer – Também conhecida como Orô,
Pau de Índio, boldo brasileiro. Origem: América do Sul
Efeitos:
Estimula a digestão, é positivo em inflamações de vesícula, gastrites e úlceras
gástricas e é bom sobretudo para curar ressaca; é usado em insuficiência hepática,
gases intestinais e como analgésico e sedativo. Também tem ação comprovada em
picada de cobra (jararaca)
Dosagem:
usar duas folhas grandes para uma xícara de chá. Moema recomenda que “se após
comer, você ficar indisposto, tome chá de boldo”.
Presidente da AMAG/UFSC, Maria Aparecida Ferreira, nos agradecimentos à Moema, também membro da diretoria da AMAG |
Mimos feitos pela palestrante, contendo chá de Cavalinha, terminaram esquecidos com tanto conteúdo. A AMAG fará a entrega às participantes que não os receberam ao final da Oficina |
Texto e fotos: Vanda Araújo
Sempre cobrei o livro escrito pela Moema.
ResponderExcluirNesta reportagem, foi retratado fielmente os ensinamentos repassados pela nossa competente pela nossa farmacêutica bioquímica.
Parabéns Vanda pela cobertura e Moema pelo excelente trabalho!
Os "mimos" estarão à disposição das participantes na sala da AMAG.
Esperamos vcs para um bate papo e vamos também participar da OFICINA DE FRIVOLITÉ.