Audiência pública promovida na Alesc pediu garantia de realização da Conferência Estadual do Idoso, ameaçada de não ocorrer por falta de recursos


Foto: Solon Soares- Agência AL

A Audiência pública promovida pela Comissão de Defesa dos Direitos do Idoso, na noite desta quarta-feira (24), discutiu políticas públicas para este segmento da população, que conta, em Santa Catarina, com cerca de 860 mil pessoas. O evento reuniu três parlamentares – Ricardo Alba (PSL), Dr. Vicente Caropreso (PSDB) e Sergio Motta (PRB) – representantes de entidades voltadas aos direitos dos idosos e profissionais da área da saúde, da educação e do direito. “Nos próximos meses, a comissão vai promover seis encontros regionais – nas regiões Norte, Sul, Vale do Itajaí, Oeste, Meio Oeste e Serra – para debater o tema com os municípios”, informou o deputado Ricardo Alba, presidente da comissão.

Foto: Solon Soares- Agência AL

Lista de encaminhamentos contempla Conferência Estadual do Idoso, ameaçada de não ocorrer por falta de recursos

O encontro resultou em uma lista de seis encaminhamentos:
- convidar as universidades catarinenses para participar dos eventos a serem promovidos pela comissão;
- cobrar do governo do Estado o decreto de regulamentação do Fundo Estadual do Idoso, medida obrigatória para que os recursos depositados possam ser usados nas políticas públicas para os idosos;
- criar um passo a passo para esclarecer de que modo pessoas físicas e jurídicas podem doar para o fundo, com possibilidade de dedução no Imposto de Renda;
- estimular a criação de fundos municipais dos idosos onde já existem comissões municipais – e incentivar a formação de comissões onde não há;
- debater a criação de uma rede de proteção aos idosos similar à Rede Catarina de Proteção à Mulher; e
- avocar, para a Assembleia Legislativa, a realização da Conferência Estadual do Idoso, prevista para esse ano, mas ameaçada de não ocorrer por falta de recursos.
A decisão sobre a conferência foi uma resposta ao pedido da vice-presidente do Conselho Estadual do Idoso, Ariane Angioletti, que criticou a Secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Habitação – à qual o Conselho é vinculado – pela possibilidade de o evento não ser realizado. “Calar a sociedade não fazendo a conferência é um acinte”, afirmou.

Ariane de Campos Angioletti, vice-presidente do Conselho Estadual do Idoso - 
Foto: Solon Soares- Agência AL

Ariane também cobrou a aprovação, pela Alesc, da chamada “lei de regência”, que regulamenta a composição do Conselho Estadual do Idoso. “O conselho é constituído por lei estadual, que é mais antiga. Nossa formatação de representantes da sociedade civil e do governo é taxativo. A gente tem órgãos do governo já extintos e que não pode substituir conselheiros; tem organizações da sociedade civil já extintas que não podemos substituir”, explicou. “Esta é a primeira reivindicação, não é para mudar o escopo, não é para mudar o que faz o conselho, mas como ele se compõe. Todos os conselhos municipais já estão assim, mas o estadual não.”

Fabio Matos defendeu empoderamento dos Conselhos Muncipais do Idoso

Nas falas dos palestrantes, a necessidade de maior atenção com os idosos e com as entidades e instâncias de defesa dos direitos dessa população ficaram evidentes. O médico gerontologista Fabio Matos defendeu o que chamou de “empoderamento” dos conselhos municipais do idoso para identificar as necessidades em cada local. “Não podemos ter conselhos municipais só no papel”, afirmou Matos.
A educadora física Juliana Brandão apresentou os benefícios à saúde gerados por atividades físicas nos idosos. “Se conseguir implantar projetos com atividade física para idosos é meio caminho andado”, garantiu.
O promotor Douglas Martins, coordenador do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos do Ministério Público de Santa Catarina, disse ser fundamental a criação de um protocolo de atendimento do idoso vítima de violência no Estado, defendeu o fomento à criação de conselhos municipais e a presença de idosos nos debates sobre esse grupo. “Não se pode decidir sobre o idoso sem o idoso”.

Marilene de Campos alertou para o suicídio de idosos


Da esquerda para direita: Karina Gonçalves Eusébio, Marilene Francisca Campos e Juliana Brandão - Foto: Solon Soares- Agência AL

A procuradora federal Marilene de Campos, da Comissão de Direitos da Pessoa Idosa da OAB-SC, falou da violência financeira, que tem levado a suicídio de idosos. Ela criticou o vazamento de dados pelo INSS a empresas de crédito pessoal. A procuradora revelou que os próximos exames da OAB terão pelo menos duas questões sobre o direito dos idosos. “Isso vai obrigar as faculdades a dar maior atenção ao tema.”

João Osmar Pacheco cobrou mais políticas públicas para os idosos

Foto: Solon Soares- Agência AL

João Osmar Quadros Pacheco, diretor de seguridade social adjunto da Federação de Aposentados de Santa Catarina, cobrou mais políticas públicas para os idosos e obediência às normas que tratam do assunto. “Não adianta ter placas de atendimento preferencial se ninguém respeita.” Pacheco também disse faltar “paciência, informação, remédio” para a população idosa. Ele também pediu mais atenção para a violência contra os idosos. “Onde há respeito, não há violência”.
A diretora de Direitos Humanos da Secretaria de Estado da Assistência Social, Karina Euzébio, garantiu que o governo do Estado não vai acabar com qualquer conselho de direitos. “A ideia é estruturar a política de direitos humanos”, afirmou. Segundo a diretora, reuniões com o Centro de Informática e Automação de Santa Catarina (Ciasc) estão formatando um sistema para cruzamento de dados que vai gerar informações a serem utilizadas nas políticas públicas do Estado.

Todas as informações, bem como as fotos, são da Agência AL de Notícias, da Assembléia Legislativa de Santa Catarina
(VA)

Comentários

  1. Essa semana, dois eventos de peso em políticas públicas para idosos de Florianópolis e de Santa Catarina - Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, de 23 de abril, em Capoeiras, e Audiência Pública sobre Políticas Públicas e Fundo Estadual do Idoso em SC, de 24 de abril, na ALESC - apontaram propostas e encaminhamentos que a gente, agora, fica pensando por quais órgãos serão atendidos. A Conferência aprovou 20 propostas e 4 Moções a serem levadas à Conferência Estadual do Idoso. A Audiência Pública, por sua vez, listou seis encaminhamentos, dos quais um parece sugerir urgência: avocar, atrair para a Assembléia Legislativa a realização da Conferência Estadual porque senão ela pode não sair. Que juízo fazer disso tudo? Como cidadãos idosos, a quem essas políticas se destinam, devemos começar a discutí-las, trazer o assunto para os ambientes com os quais convivemos. Vamos aplaudir essa Audiência Pública de ontem, promovida pela Comissão de Defesa dos Direitos do Idoso!!! Outro ítem, entre os seis listados, é o que sugere convidar universidades de Santa Catarina para participar dos eventos da Comissão. Estudantes de modo geral precisam entender o processo de envelhecimento.
    O Artigo 22, do Estatuto do Idoso, diz que "Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria". Isso vem acontecendo? Vamos refletir! Temos escutado nos eventos que discutem Gerontologia que começamos a envelhecer no momento em que nascemos.....
    Vanda Araújo - Editora

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  2. A audiencia publica foi um precioso e valoroso momento de reflexao e participacao cidadã na casa legislativa. Infelizmente nao pude estar presente, mas aproveito esse espaço privilegiado do BlogINTEGRANETI para minha manifestaçao enquanto conselheira do CEI/SC (representante da UFSC) e coordenadora do NETI. Devo ressaltar o importante papel das instituiçoes de ensino superior para alem da produçao do conhecimento (que é essencial para tomada de decisao no ambito de politicas publicas) e da formacao profissional. Tal papel se refere ao compromisso social/político assumido na area do envelhecimento humano e concretizado em açoes com pessoas idosas e em processo de envelhecimento há quase quatro decadas (como é o caso do NETI). E, por isso, sei que posso reafirmar o comprometimento do NETI/UFSC com a causa da pessoa idosa (ampliada para todas as idades), de modo ativo e consciente, sobretudo com açoes que geram impacto na sociedade. Embora, conforme aprovado em assembleia do CEI/SC, a UFSC (assim como o INSS) perca a sua representatividade a partir da aprovacao da nova Lei de Regencia do CEI/SC, certamente, o NETI continua trabalhando, intra e interinstitucionalmente, em prol do envelhecimento humano ativo e digno.

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