“Chocolate” filme francês da Belle Époque, encerrou programação de outubro do GEC/CENETI

Da esquerda para a direita: Sylvia Souza e Raquel Liberato, na condução do debate
O Grupo de Encontros Culturais-GEC/CENETI escolheu “Chocolate”, filme francês produzido em 2016, para encerrar a sua programação de outubro. O filme se passa no período da Belle Époque, em o que o racismo e o etnocentrismo dominavam na Europa e conta a história do primeiro palhaço negro na França.
A exemplo de outros encontros, em que membros do Grupo foram convidados pela Coordenação Técnica do GEC para mediar o debate que dá sequência ao filme, a convidada da última sessão de outubro foi Sylvia Maria de Souza.
O Grupo de Encontros Culturais se reúne duas vezes ao mês. Os encontros acontecem no auditório Elke Hering, da Biblioteca Universitária da UFSC e se desenvolvem dentro de um mesmo formato: exibição de um filme, seguida de debate. O primeiro encontro de novembro está marcado para a próxima segunda-feira (12). 
Confira as dicas sobre "Chocolate", encaminhadas ao Blog por Raquel Maia Liberato, Coordenadora Técnica do GEC.

Filme: CHOCALATE (2016)
(Retrato tragicômico do racismo)
Direção e roteiro: Roschdy Zem
Ano: 2016
País: França
Atores: George (Foottit) James Thiérré, neto de Charles Chaplin e Rafael Omar SY (Chocolate)

Belle Époque

O filme se passa na virada do século XIX para século XX. Na França e em toda a Europa, a burguesia vivia uma euforia devido ao avanço da ciência e do capitalismo.
O neo colonialismo e o imperialismo europeu impôs a divisão do continente africano, transformando em colônias européias, violentando a cultura e as formas de sua organização da sociedade, sujeitando-os a submissão; como fizeram no século XVI com as Américas.
Somado a tudo isso, havia as teorias raciais e a eugenia, preconceitos mais tarde destruídos pela própria ciência.

Primeiro palhaço negro na França

Chocolate é uma história real, do primeiro artista circense negro na França, e um grande sucesso no final do século XIX.
Rafael Padilha nasceu em Cuba em 1868 e foi vendido como escravo ainda criança. Anos depois consegue fugir e é encontrado nas docas por um palhaço que o leva para o circo, onde faz apresentações exóticas.
Tornou-se famoso com a ajuda de seu parceiro George(Foottit), que descobriu que só fariam sucesso se Chocolate fosse humilhado frente à platéia rica e branca, que se divertia ao ver o palhaço levando ponta pés no “traseiro". Para Rafael, a única chance de ter uma vida melhor era ser palhaço. Chocolate faz sucesso em Paris, porque uma das facetas do exotismo é o cômico: tratar o diferente como piada. Sua história é irrelevante, o propósito é servir ao riso dos brancos.
O racismo é reforçado quando as pessoas reconhecem Chocolate, mas não sabem seu nome, nem o diretor do circo sabia e o incentivam a encarnar personagens extravagantes, ingênuos e submissos ao comando dos brancos. Não é apenas o palhaço branco que domina Chocolate, é toda a sociedade francesa.
Após ser preso e maltratado na prisão, Rafael percebe que sua prisão ocorreu pelo fato da elite francesa não aceitar um negro como parte da burguesia. E a prova disso é o zoológico humano, onde negros e asiáticos, eram considerados primitivos e tratados como animais. Rafael um homem preso entre o desejo de ser rico e livre, gradualmente vai reconhecendo que é controlado e manipulado pelos brancos.
Rafael foi trabalhar no teatro representando Otelo. Por também ser negro, o personagem era perfeito para ele, assim pensou. Porém, na estréia, parte do público aplaude e a maioria o rejeita e vaia. Para aquela sociedade, Rafael era inapto para o papel de Otelo, até então protagonizado por brancos pintados de negro.
Para sair da condição do servil palhaço, Chocolate deveria aceitar o padrão europeu, a cultura européia como único caminho para a civilização.
Um dos momentos mais importante do filme é quando Chocolate desafia Foottit em público, invertendo os papéis.
Além do racismo,  o filme traz uma reflexão sobre o etnocentrismo. Preconceito, ódio e desprezo são marcantes, mais uma história entre as milhares de exclusão dos negros que é preciso ser discutida.
Apesar de passado séculos, os discursos racistas dessa época não podem ser esquecidos, pois explicam muita intolerância velada ou explícita em nossa sociedade atual.

Análise do personagem Chocolate

Segundo Érico Andrade, filósofo e professor da UFPE, Rafael (Chocolate) ganhou muito dinheiro, consegue ter um bom guarda roupa, carro, as melhores bebidas, jogar e ter muitas mulheres. É venerado por crianças e adultos. Só que quando os negros são marginalizados pela sociedade, as coisas ficam difíceis e começam a dar errado. Em parte, por culpa do próprio Chocolate.Mas, claro que há muito eventos que mudaram a vida dele, como as injustiças e a discriminação.





Fotos: Maria da Graça Ferreira, membro do GEC e colaboradora do Blog integraNETI
(VA)


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