"Vozes da Ilha": Festa de 10 Anos brindou o velho ditado popular: "Quem canta, seus males espanta!"



A festa de 10 anos do Grupo de Canto "Vozes da Ilha", foi brindada com elogios à ação de seus coralistas, mulheres e homens com idade entre 50 e 88 anos, alguns dos quais com bisnetos e tataranetos. O Grupo, que desde 2009 reserva as tardes de Sexta-Feira para cantar, teve admiração destacada em todos os pronunciamentos feitos na festa e foi unânime no recado ao público, na tarde de quinta-feira, 23 de agosto, na Reitoria da UFSC.
"Cantar faz bem à Memória e à Saude", disse Eddy Frantov,  Mentora e Coordenadora do Grupo. Recado semelhante fora dado antes, pela madrinha do Grupo, a ex-coordenadora do NETI, Angela Maria Alvarez: "Quem canta seus males espanta! Venham para o NETI todas as Sextas-Feiras, para cantar", sugeriu a ex-coordenadora, Enfermeira e professora da UFSC.
O Grupo de Canto "Vozes da Ilha" exibiu um repertório escolhido a dedo para a festa. A sessão musical teve início com "Rancho de Amor à Ilha e o "Hino do NETI" para na sequência brindar o público com as canções "Florianópolis", "Praias da Ilha", "Santa Catarina", "Nuvem Passageira" e por fim, o Hino do Grupo de Canto "Vozes da Ilha", composição inédita comemorativa aos 10 anos.
O tradicional parabéns, aplaudido de pé por cerca de 150 pessoas que prestigiaram o evento, encerrou a cerimônia. Abaixo, alguns momentos da Festa, prestigiada pela Vice-Reitora da UFSC, Alacoque  Lorenzini Erdmann, ao lado de coordenadoras do NETI, professores, alunos e familiares dos coralistas homenageados.
O histórico contando os 10 anos do Grupo, apresentado pela aluna do Curso de Formação de Monitores da Ação Gerontológica-CFMAG, do NETI, Vanda Araújo, apresentado na abertura do evento, pode ser conferido aqui. Na íntegra!!!






Breve histórico do Grupo de Canto "VOZES DA ILHA"


Há 10 anos elas são chamadas aos palcos por cerimonialistas. e vestidas de preto, em camisetas do NETI, pastas na mão, cabeças erguidas, abrem o peito para dar vazão a um repertório que muito expressa a Música Popular Brasileira.
Compor a trajetória de uma década do Grupo de Canto Vozes da Ilha, comemorada hoje, exige voltar ao tempo, mais precisamente à 2006, quando tudo começou.
Naquele ano, a aluna do NETI, Eddy Ferreira de Souza Frantov, do Curso de Formação de Monitores da Ação Gerontológica, tomou a iniciativa de procurar a Coordenadora do Núcleo, Professora Angela Maria Alvarez para sugerir a criação de um Grupo de Canto.
A idéia da aluna, compartilhada com outros integrantes do NETI, era criar um Grupo que resgatasse músicas antigas. Músicas que levassem pessoas idosas a recordar momentos vividos, a aguçar saudades, a exteriorizar sentimentos aprisionados em seus corações.


A proposta foi bem recebida pela coordenadora, mas não foi atendida de imediato. Em outubro do ano seguinte, 2007, ao voltar do X Fórum Nacional de Coordenadores de Projetos da Terceira Idade e de Instituições de Ensino Superior, realizado em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde assistiu a um grupo de Canto acompanhado de Orquestra, a coordenadora do NETI, Angela Alvarez, optou por retomar o assunto e a empolgação em torno da Criação do Grupo de Canto foi geral.
Organizou-se, então, a primeira lista de alunos interessados e que na sequência se qualificariam como fundadores. Ao lado de Eddy Frantov, destacaram-se Helenice Cell, Maria da Silva Antunes, Maria de Lourdes da Silva, Urilda Coutinho Soares e Zeni Olga e Silva. A primeira lista indicando fundadores do Grupo e alunos interessados, no entanto, trazia mais 19 nomes, reunindo 25 no total.
Formalizadas as adesões, o próximo passo seria encontrar alguém para orientar e reger o Grupo. O NETI tinha duas professoras de Canto na ocasião – Suleny e a maestrina Miriam Mortita - mas ambas estavam envolvidas em outros projetos, o que fez com que a idéia de criar o Grupo de Canto com pessoas da terceira idade ficasse hibernando por todo o ano de 2007 e início do ano seguinte.
Em maio de 2008, depois de intensa busca e com apoio da Coordenação do NETI, o Grupo chegaria ao professor Paulo Tadeu do Nascimento, que aceitou assumir sua direção.

O primeiro ensaio

Estava definitivamente criado o Grupo de Canto Vozes da Ilha, com dia e horário para o primeiro ensaio: 16 de maio de 2008, ás 14h, nas dependências do NETI.


Nesse mesmo dia, circulou Memorando no NETI, assinado pelo regente, em que comunicava os objetivos do Grupo: Atender às necessidades de integrantes do NETI, de participação em datas comemorativas e solenidades; promover atividades artísticas na área de Música e contribuir para a integração da Música em atividades sociais.
Por um tempo, os ensaios aconteceram no Salão da Igrejinha da UFSC, mas logo tiveram que trocar de lugar, devido à grande receptividade dos netianos.
Na mesma velocidade com que o Grupo se estruturava, pipocava a vontade de adesão por parte dos alunos do NETI. Os primeiros a correr para o Grupo foram os alunos do Curso de Teatro.

A primeira aparição pública

Em meio à euforia do alunato, e com apenas dois meses de existência, o Grupo de Canto Vozes da Ilha faria, dia 15 de julho de 2008, a sua primeira aparição pública, apresentando-se na 2ª Conferência Estadual da Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa do Estado de Santa Catarina, em Ponta das Canas/Florianópolis.
No mês seguinte, em agosto, outra façanha. O Grupo inscreveria 27 pessoas na 10ª Edição do Concurso Banco Real Talentos da Maturidade, Categoria Música Vocal, para Participantes com 60 anos ou mais.
A partir daí, as aparições em público ocorreriam uma atrás da outra. Em 2008, foram 14 participações em eventos, entre os quais a Aula Inaugural do NETI, Comemoração do Mês do Idoso, Clube Doze de Agosto e em eventos na OAB, Epagri, Assembléia Legislativa de Florianópolis e Semana de Pesquisa e Extensão-SEPEX da UFSC.

Chegada do regente Nilzon Aguair ao Grupo

Mas, nem tudo foi maravilha nessa fase inicial. Enfrentando questões internas, como a que envolveu a contratação do regente, o Grupo quase se dissolveu, o que levou os alunos do NETI a fazerem um abaixo assinado, em 02 de dezembro de 2008, defendendo a continuidade do Projeto. Encabeçado por seus fundadores, o abaixo assinado reuniu 42 assinaturas.
O movimento pela sustentação ganhou forma, mas foi a partir de uma idéia da mentora do Grupo, Eddy Frantov, que o “Vozes da Ilha” voltou a ganhar impulso. Durante viagem a São Paulo, Eddy encantou-se ao assistir os Trovadores Urbanos, Grupo paulista pioneiro em Serestas. O gosto pelo que viu foi tão intenso, que de volta à Florianópolis, a então diretora administrativa do CENETI, procurou o regente Nilzon Aguiar para montar um Grupo de Seresta.
Era maio de 2009 e começava então, um novo capítulo na história do Grupo, com a entrada do regente, que chega para imprimir disciplina, profissionalismo.
Os ensaios, que em 2009 eram realizados nas tardes de sexta-feira, às 14h, continuam sendo realizados no mesmo dia e horário até hoje, nove anos depois.
A chegada de Nilzon Aguiar tornou-se marco de outro momento importante: a escolha de um nome para o Grupo, até então denominado Grupo de Canto NETI.
Não há registro específico sobre essa troca de nomes e em que período ocorreu, mas sabe-se que foi por volta de 2009/2010 e sob forte influência da paixão de coralistas pela Ilha de Santa Catarina. Um dos integrantes do Grupo,
manezinho da Ilha, hoje afastado das atividades, apresentou como sugestão o nome “Vozes da Ilha”. O Grupo gostou da indicação e o regente, também manezinho, nascido no bairro João Paulo, firmou a escolha.

Repertório cresceu e apresentações triplicaram

Quando Nilzon Aguiar chegou ao Grupo, encontrou um repertório de cerca de 30 músicas. Hoje, o Grupo dispõe de 70 músicas entre clássicos e populares, o que permite criar repertórios específicos para cada apresentação realizada.
A preocupação com a inovação, com a conexão com a jovialidade, no entanto, tem sido constante, com o Grupo tendo trabalhado cerca de 200 músicas ao longo desses dez anos. As coralistas, na maioria mulheres, também cantam em Espanhol e em Italiano, quando solicitadas. A presença masculina se faz presente no Grupo, mas sempre esteve limitada a sete participantes.
Na carona do “Vozes da Ilha”, surgiram subgrupos de Canto no NETI, alguns dos quais em franca atividade, como o ”Vozes da Ilha em Seresta”, o Grupo “Açoriano” e o Grupo “Manezinhas em Flor”.
O repertório adotado, por sua vez, passou a expor uma multiplicidade de gêneros, como valsa, bolero, samba e baião. Mas, são as músicas regionais, que falam dos encantos e da beleza da Ilha de Santa Catarina, que mais tem arrancado aplausos pelo “Vozes da Ilha”.


Há cinco anos, a música mais pedida e tocada era “Velha Rendeira”, de Acácio Santana, que fala do folclore catarinense. Na trilha dessa preferência, o Grupo passou a priorizar a música regional adotando repertório especial com músicas como “Florianópolis”, “Vem conhecer Santa Catarina”, de composição do regente Nilzon Aguiar, ”Rancho de Amor à Ilha”, “Praias da Ilha” e “Canção do Regresso”.
O Grupo causa emoções quando canta “Tocando em Frente”, de Almir Sater e quase sempre faz o público interagir quando canta “Deixa a Vida me Levar”, de Zeca Pagodinho. Essa versatilidade tem contribuído para uma agenda solicitada, e que hoje contabiliza, em média, cerca de 30 apresentações anuais.
Em 2008, quando cantou em público pela primeira vez, o Grupo fez 13 apresentações. Em 2013, foram 33 apresentações, desempenho que praticamente se repetiria em 2015 e 2016, com 32 apresentações respectivamente.

Registro da marca “Vozes da Ilha”

O ano 2015 também assinala outro momento importante: o de reconhecimento, pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial-INPE, da marca “Vozes de Ilha”, como propriedade da Universidade Federal de Santa Catarina. O pedido de registro da Marca foi encaminhado em dezembro de 2011 ao Departamento de Inovação Tecnológica-DIT, da UFSC, pela coordenadora do NETI, Jordelina Schier, atendendo solicitação da Coordenação do Grupo.
Ao longo desses 10 anos, o Grupo de Canto Vozes da Ilha contabiliza 236 apresentações, das quais 120 no âmbito da UFSC. Paralelo a eventos que promovem a pessoa idosa, o Grupo tem se apresentado em Aula Inaugural, Jornada Acadêmica, Formaturas, Congressos, Seminários, Conferências e em Feiras locais e regionais.
Olhando para o Grupo, hoje, identificamos uma trajetória exitosa. Os altos e baixos do início de sua formação em nada influenciaram a disposição de seus membros de estimular a exteriorização de sentimentos entre pessoas idosas.
Percebe-se que para este Grupo, tão importante quanto atingir seus ideais de criação, é usufruir da alegria, dos benefícios que a arte de Cantar proporciona. Sua mentora, em particular, destaca que o Grupo faz bem a saúde, é bom para a memória e para a vida social. Esse tripé do bem, apoiado no respeito mútuo, no carinho de seus membros pelo outro, explica em muito, a projeção e o encantamento conquistados.
Mas, o maior mérito dessas vozes soprano, contralto e tenor, ouvidas dentro e fora da Ilha de Santa Catarina, talvez esteja no idealismo de suas 50 coralistas. Dessas mulheres inspiradoras, de idade entre 50 e 88 anos, algumas das quais com bisnetos e tataranetos, que com sua sensibilidade, bravura, vitalidade, determinação e persistência, tornaram-se protagonistas  da sua própria história. Um belo exemplo de vida para nossas futuras gerações.


Texto: Vanda Araújo
Fotos:Cecília Alves de Lima, editora de Imagens do Blog integraNETI

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