Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia: Estudos e artigos sobre nutrição, idosos institucionalizados, idosos cuidadores de idosos e sobre cuidados paliativos estão entre os destaques do terceiro número de 2018, lançado em julho
Já está disponível no portal da Rbgg - www.rbgg.com.br - o
terceiro número da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia da UnATI.Uerj,
uma publicação do Centro de Referência e Documentação Sobre Envelhecimento da Universidade. A edição traz,
entre outros artigos, dois estudos sobre nutrição – um sobre o método de
triagem nutricional e outro sobre a relação entre o estado nutricional e a
sarcopenia e a funcionalidade – sobre idosos institucionalizados, com assuntos
como espiritualidade e alterações nos pés, sobre idosos cuidadores de idosos e cuidados
paliativos. O Editorial é de Luiz Antonio Costa Tarcitano, assistente editorial
da Revista, com mestrado na área de Alimentação e Saúde, e tem como tema as
discussões envolvendo a "Submissão simultânea de artigos para mais de um
periódico".
A Revista Brasileira de
Geriatria e Gerontologia é uma publicação do Centro
de Referência e Documentação Sobre Envelhecimento da UnATI.Uerj e tem como
objetivo disseminar a produção científica no âmbito da Gerontogeriatria, além
de contribuir para o aprofundamento das questões atinentes ao Envelhecimento
Humano.
Pertencente ao Grupo SciELO – Scientific Electronic
Library Online, nas versões em português e inglês, a Rbgg é uma
continuação do título Revista Textos Sobre Envelhecimento, fundada pela
UnATI.Uerj em 1998.
Desde 2015 o portal da Rbgg traz textos científicos publicados com base em estudos e pesquisas
direcionados a pesquisadores e demais interessados pelos temas. “Com esta nova ferramenta, desejamos ampliar nosso diálogo com os pesquisadores
de outros países”, acrescenta Renato Veras, editor da Rbgg.UnATI.Uerj e
Diretor Geral da UnATI.Uerj.
EDITORIAL
Abaixo, o editorial da Rgbb, divulgado na íntegra pela
Assessoria de Comunicação Social da UnATI.Uerj:
Submissões de um Mesmo Manuscrito em
Diferentes Veículos de Comunicação Científica Simultaneamente: Uma Estratégia
Justificável ou Ilegítima?
Amiúde, os autores de publicações científicas
questionam: Por qual motivo não posso submeter meu manuscrito em mais de um
periódico ao mesmo tempo?
Pela ótica do autor, tal proibição afigura-se como
regra ilógica diante da premente necessidade de o pesquisador publicar um certo
número de artigos durante o ano. Se publicar é imperativo, qualquer expediente
que agilize a publicação pode parecer adequado.
Essa argumentação parece ter fundamento, todavia,
não se configura legítima, especialmente à luz de uma perspectiva mais
abrangente, a qual engloba os diversos atores do processo, bem como sob a ótica
das normas de direitos autorais e as possíveis sequelas desse comportamento
para o próprio pesquisador no universo das publicações especializadas.
Perante a argumentação supramencionada, os autores
submetem o manuscrito a diversos periódicos simultaneamente, multiplicando,
dessa forma, suas oportunidades de sucesso para publicação. No entanto, o que
farão caso seu artigo seja aprovado em mais de uma revista? Evidentemente que
os autores poderão optar pelo periódico que preferem publicar e declinar da
publicação nos demais, no entanto, essa atitude irá provocar um déficit na
programação editorial das revistas dispensadas, por conseguinte, tal atitude
não deve ser mensurada exclusivamente pelo enfoque do autor.
Apesar da aceitação em mais de uma revista
sincronicamente transparecer a quimera de um trabalho bem elaborado, tal
atitude não se manifesta justificável, pois o processo editorial de avaliação
de um manuscrito envolve uma série de etapas e pessoas (editores, pareceristas,
revisores...), isso em cada periódico considerado, além de cada um já ter
incluído aquele artigo e seus anexos (ilustrações, figuras, imagens, tabelas,
quadros, fluxogramas...) em sua agenda de edição.
Quando se renuncia à aceitação de uma editora
científica, viola-se o compromisso ético pactuado pelo acolhimento da
submissão, correndo-se o risco, até mesmo, de a revista não conseguir honrar
com o cronograma preestabelecido de sua edição, porquanto a editoria precisará
substituir aquele artigo, a súbitas, por outro no mesmo estágio de avaliação.
Cabe ressaltar, que o tema “ética na pesquisa”
reside em todos os empreendimentos científicos, uma vez que há necessidade de
retidão para assegurar a credibilidade dos resultados apresentados e
sinceridade na relação dos atores envolvidos. Todo pesquisador tem o dever de
respeitar os pressupostos que acompanham toda comunicação científica1.
Nesta perspectiva, cumpre-se acrescentar que há uma
gama de outras ações que também ensejam má conduta científica, além de
consequências jurídicas2, cujas ocorrências os revisores e os pareceristas
costumam ser vigilantes, a saber: usurpação das reflexões de outrem sem a
devida aquiescência; plágio; autoplágio; autoria indébita; descumprimento de
imposições legislativas e normativas; transgressão de práticas de pesquisa
consagradas; simulacro de dados; inconsistência na validação da pesquisa;
incompetência para objetar ensaios de validação mal sucedidos; atitudes
inadequadas na presunção de má conduta; inclusão de coautores que não
participaram ativamente da pesquisa3.
Neste contexto, como varia a relevância das ações
fraudulentas, as punições para os pesquisadores também, a depender da infração.
Em geral, as infrações que prejudicam a integridade do processo de pesquisa são
consideradas graves e podem acarretar penalidades severas.
As consequências da má conduta acadêmica para o
currículo do pesquisador são seríssimas, pois acarretam um corolário nocivo ao
universo científico. Caso haja financiamento de instituição ou fundo de
pesquisa, a invalidação do artigo irá ocasionar perda dos recursos financeiros
fornecidos.
Outrossim, dependendo da fraude, o pesquisador pode
sofrer consequências legais, comprometendo ainda mais a instituição pela qual
responde.
Os autores e coautores de trabalhos científicos
também assumem a responsabilidade profissional, pública, ética e social da
publicação de acordo com a Lei do Direito Autoral2.
Ao decidir submeter um paper num determinado periódico, o autor está outorgando
parte dos direitos autorais de sua produção a este (caso o artigo seja aceito),
por esse motivo não se pode contrair o mesmo compromisso com outros periódicos.
Ademais, se fizer uso desse estratagema e for descoberto, ficará malvisto no
meio acadêmico, bem como com poucas chances de publicações futuras.
Em 2006, no editorial da Revista Química Nova
intitulado “Competição, Sucesso e Ética em Ciência”, o Prof. Fernando Coelho,
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), salientou que: "nem sempre
a rapidez em divulgar os resultados de uma pesquisa deve ser a nossa força
motriz, pois o que deve sempre importar é a exatidão e a consistência do que
publicamos"4.
A relevância exacerbada dada ao número de
publicações como parâmetro de sucesso de um pesquisador deve ser reconsiderada
em todos os âmbitos, pois seguramente ela tem representado a centelha da
criação intelectual da má conduta acadêmica, tanto no nosso como em outros
países.
Pelo que foi apresentado, recomenda-se ter
tranquilidade, equilíbrio e serenidade, preferindo sempre navegar pelos mares
da honestidade acadêmica. Como remate, se o desejo é aumentar as possibilidades
de publicação, aconselha-se elaborar outros artigos e submetê-los a periódicos
distintos.
Por Luiz Antônio Costa Tarcitano
(VA)
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