Evento de acadêmicos de Serviço Social da UFSC, valendo nota, contou com Assistentes Sociais do NETI e reuniu relatos decorrentes do protagonismo de seus idosos



Alunos do Curso de Serviço Social da UFSC tiveram uma experiência inusitada com o evento “Protagonismo dos Idosos e suas Experiências”, realizado na última quinta-feira (21), dentro da Disciplina de Serviço Social e Envelhecimento. Coordenado pela professora Eliete Cipriano Vaz, o evento marcou o encerramento de semestre da Disciplina e valeu nota.



O Grupo Açorianos, do CENETI/NETI, sob regência do músico Nilzon Aguiar, abriu a programação que também teve como destaque relatos de experiência de Assistentes Sociais do NETI e de lideranças de idosos, voluntários e alunos do Núcleo. O cerimonial ficou a cargo dos alunos Catiuscia Alves Reynaud e Fabio Dratifich Rocha.

Professora Eliete Vaz
“O evento nasceu no coração da turma. Temos um número crescente de idosos e é importante que estejamos preparados para atender a esse público. De que maneira podemos sugerir políticas públicas? Como podemos atender os espaços que trabalhamos”? indagou a professora Eliete Vaz, na abertura, observando que ao longo do semestre a disciplina discutiu questões ligadas ao envelhecimento, como o  impacto do envelhecimento na sociedade contemporânea, a compreensão da concepção de envelhecimento e políticas e serviços voltados à pessoa idosa.
“Hoje faremos uma atividade de avaliação da turma”, antecipou, para na sequência desejar boas vindas ao´público presente.

Leny Baessa criticou demora na posse do CMI

O primeiro painel contou com depoimentos da Conselheira Leny Baessa Nunes, do Conselho Municipal do Idoso e Relatos de Experiência das Assistentes Sociais Maria Cecília Antônia Godtsfriedt e Ana Paula Balthazar dos Santos, no Núcleo de Estudos da Terceira Idade-NETI.
Leny Baessa, 86 anos, viúva, ex-presidente do Conselho Municipal do Idoso, falou da sua trajetória de vida, das mudanças decorrentes de quando descobriu o NETI, de sua participação no Grupo de Ajuda Mútua-GAM, criado em 2003, na Associação Parkinson Santa Catarina-APASC, criada no ano seguinte e da qual é presidente,  e citou, em ordem cronológica, a vasta legislação brasileira de amparo e proteção aos direitos dos idosos, a começar pela Constituição Federal de 1988 indo até o Estatuto do Idoso, de 2003.
“O Conselho Municipal do Idoso-CMI, de Florianópolis, surge em 1998, para garantir o cumprimento da Politica Nacional do Idoso, criada em 1994”, observou, salientando que compete ao CMI proteger e defender o idoso na violação dos seus direitos em relação às instituições – comércio, transporte e nas unidades de saúde, repartições públicas e nas Instituições de Longa Permanência para Idosos-ILPIs.
O CMI é um órgão fiscalizador, normativo, deliberativo, mas não é executor. "Se após uma denúncia nada for feito, a questão é encaminhada ao Ministério Público”, observou a Conselheira, revelando particularidades de um trabalho que exige conhecimento, dedicação e militância.


Fábio Dratifich, Ana Paula Balthazar, Leny Baessa, Cecília Godtsfriedt e Eliete Vaz

Conforme Leny, um dos assuntos que preocupam o CMI no momento é a demora na tomada de posse dos novos Conselheiros. “Estamos indignados. O nosso Conselho está à deriva. Já se passaram 10 meses e até agora não foi dada posse aos novos Conselheiros”, enfatizou, lembrando que “existem uma série de questões a resolver e o Conselho está parado”.
A Conselheira defendeu a participação dos idosos na garantia de seus direitos e foi enfática: “A primeira coisa a fazer é estudar o Estatuto do Idoso. Nós somos responsáveis pelo direito que emana do povo”, enfatizou.

Assistentes sociais focaram metodologia do NETI para a educação permanente

Maria Cecília Antônia Godtsfriedt, assistente social do NETI, citou Santa Catarina nesse contexto e disse que o Estado está na vanguarda das ações pró-idoso.  “Antes do Conselho Municipal do Idoso, Santa Catarina promoveu o Conselho Estadual. O NETI, há 35 anos atuando como um grande Programa de Extensão, tem sido protagonista no sentido de abrir espaços, de trazer o idoso para o meio acadêmico, para que ele possa trazer voz para a sociedade”. 
Cecília chamou atenção para a necessidade de separar a velhice do envelhecimento e destacou a importância do trabalho do NETI nesse aspecto. “A velhice é muito associada à doença. A resposta para isso é de cunho educativo, está em trabalhar esse processo de envelhecimento”, ponderou.
Observação semelhante fez Ana Paula Balthazar dos Santos.  Para Ana Paula, o papel do NETI reside na educação continua, permanente. “Nesse processo de envelhecimento, cabe a cada um de nós descobrir o seu papel como transformador. O NETI tem papel fundamental nisso”, ponderou. Também chamou atenção para a importância do Serviço Social na questão do envelhecimento. “Sou formada em Serviço Social pela UFSC e sei que é muito difícil o Serviço Social pensar em Educação. A assistente social pensa mais em saúde”, admitiu, destacando que o NETI trabalha com a Gerontologia, em especial a Gerontologia Social, a partir da perspectiva de saúde. “A saúde assume um conceito amplo dentro do processo de educação.  A UFSC ainda não acordou para esse aspecto. O NETI deveria ser tratado como uma unidade, tal qual o Hospital Universitário”, defendeu a assistente social do NETI.  



NETI na área social: ações visam o protagonismo dos idosos

O trabalho desenvolvido pelo NETI na área social, ao longo desses 35 anos, mereceu destaque no relato das assistentes sociais. Cecília Godtsfriedt citou o CFMAG- Curso de Formação de Monitores da Ação Gerontológica, do qual está à frente há 25 anos e a sua derivação para sub-grupos, como o Programa Intercâmbio Comunitário em Gerontologia-PICG, criado pelo NETI, em 93, para atender necessidades de Prefeituras Municipais e de instituições sociais.
“Como profissionais da área social, trabalhamos com planejamento, com o que está sendo implantado e desenvolvido em outras instituições. Esse acompanhamento multi-profissional vem fortalecer o trabalho do NETI com o idoso”, observou, citando como exemplo o Projeto Idoso em Foco 2018, do SESC Florianópolis, do qual o NETI é correalizador, ao lado de outras 16 instituições. “O NETI é um lugar de aspirações e inspirações para as pessoas e também uma referência para os acadêmicos”, observou Cecília.
Já Ana Balthazar falou do protagonismo de netianas como Osmarina Maria de Souza, convidada a falar no painel seguinte e Leny Baessa, e destacou projetos mais recentes, apoiados pelo NETI, como o Blog integraNETI, feito por alunos do Núcleo e a Academia de Canto e Letras do CENETI-ACLC, criados em julho e setembro do ano passado, respectivamente.

Projetos estimulam a cidadania, uma participação mais ativa

“Nossa metodologia é muito pontual,  ocorre em cima das ações e do protagonismo do idoso. Nós, do Serviço Social, temos uma ação mais contínua. Nosso trabalho envolve planejamento, serviços e assessoramento no sentido de dar continuidade a projetos já existentes como é o caso da Associação de Monitores da Ação Gerontológica-AMAG/UFSC, criada em 93 e que em agosto próximo comemora Jubileu de Prata”, observou Cecília. 
Projetos como esse, segundo a assistente social, propiciam um papel ativo dos idosos nos processos sociais, estimulam uma participação política mais efetiva. "Temos que estar acreditando na dignidade da pessoa idosa e fazer valer esse direito”, ponderou.
Ao final desse painel, a professora Eliete Cipriano Vaz, deu a notícia em primeira mão, de que foi convidada a atuar na elaboração de uma política estudantil para o aluno idoso. A professora não entrou em detalhes, mas antecipou que a coordenadora do NETI, Jordelina Schier, também recebeu convite semelhante.


Fábio, Osmarina de Souza, Valda Valdemar e Vanda Araújo

Voluntárias e alunas do NETI falaram de seus projetos

O segundo e último painel reuniu Relatos de lideranças das senhoras Osmarina Maria de Souza,  presidente da Academia de Canto e Letras do CENETI, Valda Valdemar,  Monitora do PICG e de Vanda Araújo, responsável pelo Blog integraNETI, vinculado ao Centro dos Estudantes do NETI-CENETI.
Osmarina Maria de Souza, poetisa, manezinha da Ilha, 88 anos, contou casos e fez a plateia sorrir. Também relembrou passagens de sua chegada ao NETI e da sua incursão pela área literária, através da qual fundou e ajudou a fundar seis academias de Letras em Florianópolis e na Grande Florianópolis. A mais recente é a Academia de Canto e Letras do CENETI, da qual é diretora. “Tudo o que tenho devo ao NETI, Entrei para o NETI no curso de Monitores e as portas se abriram. Só tenho o Ginásio, mas tudo o que fiz me dá muito orgulho”, contou Osmarina, cinco livros publicados e quatro publicações editadas em parceria com outros escritores.
Relato semelhante, de influencia exercida pelo NETI na vida pessoal, fez Valda Valdemar. “O médico me passou uma receita, a receita NETI e chegando lá, encontrei a Cecília (menção à assistente social Cecília Godtsfriedt). Primeiro fiz o curso de Avós na Universidade, depois o de Monitores da Ação Gerontológica e à medida em que ia adquirindo conhecimentos me senti como uma gaivota, solta, voando”, exemplificou a ex-aluna do NETI, hoje voluntária do PICG.
No seu relato, Valda disse que quando menina, tinha três sonhos: ser voluntária, estudar e ser enfermeira.”Com o trabalho de voluntariado no NETI, realizei todos três”, sustentou.
As demais convidadas desse painel, Vanda Araújo e Cecília Alves de Lima, do Blog integraNETI, apresentaram o projeto do Blog, criado em julho de 2017 com os demais colegas do Curso de Monitores e destacaram a visibilidade alcançada. Com menos de um ano, o Blog soma mais de 21 mil visualizações, tendo feito, nesse período, a cobertura dos principais eventos promovidos pelo NETI. 
“O Blog surge para promover a integração entre os alunos do NETI e  demais alunos da UFSC e também para estimular o acesso dos alunos às novas tecnologias, em especial à Internet. Pesquisas tem mostrado que idosos que procuram novos conhecimentos, como o uso de Informática, demonstram um novo modelo de autonomia e independência”,  observou Vanda Araújo, jornalista e editora do Blog. O Blog integraNETI foi apresentado como trabalho científico dentro da temática de "Inovação Social" no XV Fórum Nacional de Coordenadores de Projetos da Terceira Idade de Instituições de Ensino Superior, realizado no ano passado, em Florianópolis. Para acessá-lo, basta clicar no link  www.integraneti.blogspot.com







A turma que organizou o evento conta com 22 alunos, dos quais dois de fora do país - Alemanha e Espanha. O evento aconteceu no Auditório do Curso de Economia do Centro Sócio Econômico-CSE/UFSC, sob coordenação geral da professora Eliete Cipriano Vaz. 


Texto: Vanda Araújo
Fotos: Vanda Araújo e Cecília Alves de Lima

Comentários

  1. Queridos(as), agradecemos muitíssimo a participação de cada um(a) vocês, com a valiosa troca de conhecimentos a partir da aquilatada trajetória pessoal e profissional!! Tudo isso mesclado com bela apresentação artística através da música, do canto e da dança!! Fomos contemplados(as) com o peculiar saber, a arte e mergulhados em contagiante alegria!! Obrigada por compartilharem conosco o melhor!! Seguimos nessa luta conjunta pelos direitos e valorização do(a) idoso(a). Com muito carinho, Profa. Eliete Vaz

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  2. Evento enriquecedor e gratificante!! Beijos
    Fábio

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