Parkinson: Palestrantes do 4º Encontro Catarinense foram unânimes quanto à eficácia do acompanhamento multiprofissional no tratamento da Doença
Dr. Rodrigo César Schiocchet da Costa, Clínico e Geriatra, Dra. Luciane Perez Silveira e Dr. Fernando Cini Freitas, Neurologistas |
O segundo dia do 4º Encontro Catarinense
sobre a Doença de Parkinson proporcionou um panorama geral sobre a Doença, traçado
sob a ótica de três palestrantes convidados: dois neurologistas e um geriatra. Os
especialistas mostraram o que acontece com o nosso cérebro na Doença, deram
ênfase ao tratamento, à importância da medicação e reveleram aspectos
científicos curiosos, como por exemplo a falta de respostas para o que ocorre
com nosso organismo antes do diagnóstico da doença e quando a doença realmente
inicia.
“Nossa dúvida é quando a Doença
de Parkinson começa”, admitiu o neurologista Dr. Fernando Cini, do
Hospital Governador Celso Ramos, de Florianópolis, observando que a doença só mostra os principais sintomas
dentro de um período de 10 a 15 anos.
Um aspecto que foi consenso
entre os palestrantes é o de que a doença de Parkinson é muito diferente de uma
pessoa para outra.
“Existem sintomas em comum, mas
o tratamento não é igual para todo mundo. Tem que ser individualizado. Cada
pessoa tem a sua Doença de Parkinson”, disse Dr. Fernando Cini. Observação
semelhante fez a neurologista Dr. Luciane R. Perez Silveira, da Neuro Litoral-
Clínica do Cérebro e da Coluna, de Itajaí/SC, com atuação também no Instituto
de Ortopedia e Neurologia-ION, de Balneário Camboriú-SC.
“Temos que observar os aspectos gerais do tratamento. O tratamento não se restringe apenas ao controle dos sintomas motores, mas a todos os problemas clínicos que se manifestam ao longo do curso da Doença. Cada paciente é um paciente.
Cada paciente responde de uma determinada forma”, ponderou a especialista,
observando que é preciso ponderar vários aspectos clínicos, como por exemplo estágio da doença,
idade, tolerância aos medicamentos, sensibilidade e até mesmo seu poder
econômico.
Distúrbios do sono e depressão
estão entre os sintomas
A Doença de Parkinson é um
distúrbio resultante da degeneração das células do cérebro responsáveis pelos
movimentos. Os sintomas, no entanto, não se restringem ao tremor de repouso,
lentidão de movimentos e rigidez muscular. Os neurologistas mostraram que distúrbios
na fala e na escrita, disfunção olfativa, câimbras, dificuldades de deglutição,
incontinência urinária, constipação intestinal, distúrbios do sono e depressão
também estão entre os sintomas, embora possam variar de pessoa para pessoa.
“O sono agitado é o sintoma
mais comum”, observou Dr. Fernando Cini, observando que a depressão também
precisa ser tratada com vigor. Segundo o especialista, 35% das pessoas com doença
de Parkinson sofrem depressão.
Outro ponto de consenso é o de
que quanto mais cedo for o diagnóstico, melhor.
“É preciso saber reconhecer a
doença para manter a qualidade de vida do paciente”, disse a Dra. Luciane Silveira,
observando que controlar os sintomas e manter a capacidade funcional estão
entre os principais objetivos do tratamento.
Acompanhamento multiprofissional devolve qualidade de vida
A neurologista discorreu sobre o arsenal terapêutico na Doença de Parkinson, importância da medicação, tratamento clínico e medicamentos usados e suas reações e efeitos colaterais. Entre os medicamentos usados citou Levodopa, Agonistas dopaminérgicos, inibidores da Enzima MAO-B, inibidores da
Enzima COMT, Antiglutamatérgico e anticolinérgico e Safinamida. Também falou sobre o tratamento
cirúrgico, focando os critérios de inclusão para terapia DBS, recomendada quando
os efeitos colaterais começam a prejudicar a qualidade de vida do paciente,
mesmo com farmacoterapia otimizada.
Segundo a especialista, a cirurgia contribui para melhorar o tremor, flutuação motora e qualidade de vida do paciente, mas não se pode dizer o mesmo quanto à alteração de voz, por exemplo.
Uma parte do tratamento considerada importante, na sua opinião, é o acompanhamento multiprofissional, oferecido pela fisioterapia, fonoaudiologia, acompanhamento psicológico e terapia ocupacional. “Essas intervenções disponíveis em centros especializados ajudam a devolver a qualidade de vida do paciente. Manter o paciente ativo, com alguma atividade prazerosa é fundamental”, disse a neurologista.
Segundo a especialista, a cirurgia contribui para melhorar o tremor, flutuação motora e qualidade de vida do paciente, mas não se pode dizer o mesmo quanto à alteração de voz, por exemplo.
Uma parte do tratamento considerada importante, na sua opinião, é o acompanhamento multiprofissional, oferecido pela fisioterapia, fonoaudiologia, acompanhamento psicológico e terapia ocupacional. “Essas intervenções disponíveis em centros especializados ajudam a devolver a qualidade de vida do paciente. Manter o paciente ativo, com alguma atividade prazerosa é fundamental”, disse a neurologista.
Geriatra sugeriu cuidar do
todo, namorar, dar lugar à sexualidade
Já o médico clínico e Geriatra,
Dr. Rodrigo César Schiocchet da Costa, que
falou sobre o “O que devemos nos preocupar além da Doença de Parkinson”, foi
categórico:
“Posso ter a Doença de
Parkinson e ser saudável”, disse o médico, salientando que saúde se faz
cuidando da mente, do corpo, da alimentação e procurando ser feliz.
“Fazer exercício físico é um
santo remédio”, diagnosticou Dr. Rodrigo, observando que estimular a memória, tratar
a depressão, ter convívio social, tratar a pressão alta, Diabete, a saúde
ocular, saúde bucal e cuidar da audição também se fazem necessários.
Rogério Schiocchet alertou para
a ocorrência de doenças crônicas (coração, infarto), depressão, ansiedade,
osteoporose e para as doenças oncológicas. A exemplo dos neurologistas, também
recomendou a Fisioterapia.
“Valorizem esses profissionais.
Cuidem da Doença de Parkinson, mas também cuidem do todo”, disse o Geriatra,
sugerindo ao final de sua palestra o exercício da sexualidade. “A sexualidade
não envolve somente o ato sexual. Um simples toque, um beijo, um olhar, uma
troca de carinho é importante. Namorem, isso é normal, é natural, necessário, faz
parte da saúde mental, psíquica”, recomendou, alertando para a importância da terceira idade se proteger das doenças sexualmente transmissíveis.
Após as palestras, o Encontro abriu espaço para relatos e perguntas por parte dos participantes. Rafael Camorlinga, aluno do NETI e membro do Grupo de Encontros Culturais-GEC, do CENETI/NETI, prestou depoimento pessoal sobre como convive com a doença de Parkinson, diagnosticada há quase quatro anos: "Exercito bastante a memória decorando poemas em outras línguas", relatou.
Dança sênior mobilizou parkinsonianos
e público em geral
05/05/2018
8h30min – Painel: Cuidando do
cuidador
9h45min – Intervalo
10h – Oficina para familiares e
cuidadores
10h – Oficina para pessoa com
Doença de Parkinson
12h – Almoço
13h30min – Palestra: Cuidando
da Voz após Doença de Parkinson
14h30min – Oficina de
Canto/Música/exercícios vocais
15h30min- Reunião com os
representantes de Grupos e Associações de Municípios do Estado de Santa
Catarina
18h – Encerramento e Atividade
Cultural
Texto e fotos: Vanda Araújo
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