Projeto Sessão Sênior de Cinema na UFSC termina sem sinalização de continuidade em 2018


O Projeto Sessão Sênior de Cinema Marte Inovação Cultural, realizado em parceria com a Marte/NETI/DAC-Departamento Artístico Cultural da UFSC, terminou na última quinta-feira (23), em clima de nostalgia.
Ao apresentar o documentário Anauê, O Integralismo e o Nazismo na Região de Blumenau, do cineasta catarinense Zeca Pires, escolhido para a sessão de encerramento, a professora Mônica Joesting Siedler limitou-se a um breve agradecimento, sem menção à continuidade do Projeto, que desde agosto vinha mudando as manhãs de quinta-feira dos idosos da comunidade, com filmes de várias nacionalidades, sempre sucedidos de bate-papo.

“Quero agradecer a todos que acreditaram em minha participação nesse Projeto”, disse Mônica, passando imediatamente ao início do filme. Somente no final da sessão, mediante questionamento da platéia, a professora comentou não haver nada definido sobre a continuidade de sua participação num possível Projeto em 2018.

O Projeto Sessão Sênior de Cinema Marte Inovação Cultural tem patrocínio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Florianópolis e Apoio Cultural do Floripa Shopping, onde as sessões continuarão acontecendo.  A idealização é da Marte Inovação Cultural, que pagou os direitos de exibição dos filmes para a modalidade “sessão aberta”. 
A parceria com a Marte/NETI/DAC envolveu 12 sessões, todas realizadas no Teatro da UFSC. O término ocorre num momento em que a professora do NETI, contratada pela Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina-FEESC, está prestes a ter seu contrato vencido.  Monica coordena o Curso de Cinedebate em Gerontologia do NETI desde que foi criado, há 17 anos, e terá seu contrato encerrado no final do ano.  
Na tentativa de fazer com que a Pró-reitoria de Extensão da UFSC e a FEESC revejam sua posição, alunos e ex-alunos do NETI fizeram um abaixo-assinado no decorrer da semana, em que expressam temor com um provável desmantelamento dos projetos coordenados pela professora. O abaixo-assinado também pede a reintegração da  professora Maria Cecília Antonia Godtsfriedt, coordenadora do Curso de Formação de Monitores da Ação Gerontológica-CFMAG, criado há 26 anos e considerado o carro-chefe do NETI, e coordenadora do Projeto Intercâmbio Comunitário em Gerontologia-PICG. No primeiro semestre desse ano, outras duas professoras de atuação destacada - Eloá Calliari Vahl e Alexandra Cardoso - tiveram seus contratos vencidos e não renovados. O abaixo-assinado será entregue à direção da FEESC e da PROEX/UFSC na próxima segunda-feira (27), numa ação compartilhada por alunos, ex-alunos e voluntários do NETI.

Cineasta Zeca Pires prestigiou a última sessão

A sessão de encerramento do Projeto na UFSC contou com a presença do cineasta e diretor Zeca Pires, que falou sobre os fundadores do Integralismo no sul do Brasil, especialmente na região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, onde o nazismo teve forte adesão durante a 2ª Guerra Mundial.
Segundo o cineasta, o projeto foi pensado durante 20 anos e envolveu extensa pesquisa e coleta de documentação. A palavra Anauê, que deu origem ao título,  é explicada logo no início do documentário longa metragem: trata-se de um cumprimento integralista, que significa amizade, união.
Zeca conta que “como é um tema polêmico, do qual muitas pessoas ainda preferem não falar, o documentário exigiu muita busca”. Parte desse material foi coletado durante o período em que ele fez mestrado, o que segundo o cineasta, fez crescer seu interesse pelo tema.

O filme traz dezenas de depoimentos de estudiosos, historiadores, filósofos, sociólogos e de pessoas que viveram as consequências do Integralismo e do Nazismo na região de Blumenau.
“Minha mãe foi professora de Nacionalização. Os alunos eram filhos de descendentes de colonizadores germânicos mas não podiam falar alemão”, contou Zeca, observando que décadas depois, a elite de Blumenau prefere não falar sobre o assunto.  Entre as preciosidades da documentação reunida no documentário, estão cenas da visita do então presidente Getúlio Vargas à Blumenau, em março de 1940.

Tema abordado está em evidência no Brasil e no mundo

Além de polêmico, Zeca Pires identifica em Anauê um tema em evidência no Brasil e no mundo e que segue despertando curiosidade entre as gerações. “É preciso estimular a discussão nesse momento de intolerância generalizada”, ponderou.

Já a professora e socióloga Mônica J. Siedler, chama atenção para os traumas deixados em várias gerações a partir do que aconteceu no sul do Brasil daquela época. “Temos que cuidar muito essas generalizações. Muita coisa ainda está presente em nossos dias. O importante é que isso possa ser seguidamente colocado”, comentou. Observa que “como o assunto é pouco debatido, muitas pessoas não o fazem com medo de serem rotuladas”.
Este é o 11º filme do cineasta catarinense. Com a sessão do último dia 23, no Teatro da UFSC, o documentário fechou sete exibições públicas. A estreia foi em junho último, quando “Anauê” abriu o Florianópolis Audiovisual Mercosul – FAM 2017, no auditório Garapuvu, do Centro de Cultura e Eventos da UFSC. Segundo Zeca Pires, o filme não tem comercialização liberada, mas já existem negociações com empresas de TV a cabo (por assinatura) nesse sentido.

Os filmes exibidos no Teatro da UFSC, dentro da parceria Marte/NETI/DAC, foram selecionados pela professora Mônica J. Siedler, que contemplou temas sobre Envelhecimento e sobre o processo de viver.   O site do NETI (www.netiufsc.com.br) traz informações sobre todos eles, bem como sobre os debatedores convidados de cada sessão. Abaixo, a programação desenvolvida de agosto a novembro.

Agosto
As Luzes de Um Verão (10/08)
Uma noite em 67 (17/08)
A Senhora da Van (24/08)
Viva a Liberdade (31/08)
  
Setembro
Marguerite (14/09)
Vitus (21/09)
Força Maior (28/09)

Outubro
O Abraço Partido (19/10)
Hanami – Cerejeiras em Flor (26/10)

Novembro
O Vendedor (09/11)
A Festa de Babette (16/11)
Anauê – O Integralismo e o Nazismo na região de Blumenau (23/11) 

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