Painelista da UFRJ propôs Agenda Estratégica para Extensão Universitária nas IES públicas, impactadas pelo corte de verbas na Educação. Fórum também discutiu acesso às pesquisas em Extensão e criação de uma Cartografia
Da esquerda para a direita: Ana Inês Sousa (UFRJ), Jordelina Schier, coordenadora do NETI, Marcela Assis (UFMG) e Rogério Cid Bastos, Pró-Reitor de Extensão da UFSC |
A palestrante não fez
menção direta ao corte de verbas na Educação pelo governo Federal, mas nos
últimos meses universidades e institutos federais vem enfrentando dificuldades
até mesmo para manter serviços básicos em razão da crise econômica e do corte
orçamentário promovido pelo governo federal em 14 estados. Em março do ano
passado, o governo federal anunciou um contingenciamento de R$ 42,1 bilhões nas
contas públicas. No Ministério da Educação, o corte foi de R$ 4,3 bilhões, dos
quais R$ 3,6 bilhões em despesas diretas da pasta. O orçamento do Ministério,
para 2017, foi reduzido de R$ 35,7 bilhões para R$ 31,4 bilhões. A
Universidade Federal do Rio de Janeiro está na lista das que mais sofreram com
o corte de verba.
“A situação das instituições públicas com
programas para idosos no Rio de Janeiro
é bem crítica. A inclusão da
Extensão Universitária nos planos plurianuais do governo federal tem sido uma
briga. O mesmo acontece com a criação de um Fundo de Extensão. O
Plano Nacional de Educação- PNE, prevê que tenhamos muito mais alunos
fazendo Extensão – a lei de 2001 foi reafirmada em 2014, mas também tem sido
uma briga”, admitiu a professora da UFRJ.
Ana Inês Souza traçou
um breve panorama da Extensão Universitária no Rio de Janeiro e no Brasil e sugeriu
uma Agenda Estratégica, de ênfase no ProExt-Programa
de Extensão Universitária. Criado em 2003, o
ProExt visa apoiar instituições públicas de ensino superior no desenvolvimento
de programas ou projetos de extensão que contribuem para a implementação de
políticas públicas, com ênfase sobretudo na inclusão social.
Entre os
itens propostos na Agenda Estratégica da Extensão Universitária estão a criação
de mecanismos legais de financiamento satisfatório, a manutenção do Edital
ProExt, a incorporação curricular definitiva das ações de Extensão, a adequação
da inserção do Programa de Extensão Universitária às metas do PNE e a regulamentação das Bolsas de Extensão.
“Nosso
orçamento é o mesmo de três anos atrás. Não houve nenhum acréscimo” enfatizou a
palestrante da UFRJ no painel que discutiu “A sustentabilidade dos programas de
Educação Permanente com Idoso nas IES”.
Pró-reitor de Extensão da UFSC fez exercício teórico com o que chamou de “ Universidades de
Utopia”
Palestrante nesse
mesmo painel, do qual também participou a Dra. Marcella Assis, da Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG, o pró-Reitor de Extensão da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC e anfitrião do Fórum, Dr. Rogério Cid Bastos, optou por falar sobre o que apresentou como “Exercício Teórico”. “Sou professor da UFSC há 38 anos. Tive o prazer de ver o NETI nascer. Agora, caio num painel desses sobre Susentabilidade. Resolvi optar pelo lado mais diplomático para não entrar em dividida com ninguém”, disse em tom de pilhéria, numa alusão direta ao cenário de dificuldades nos Programas de Extensão nas IES, traçado pelas painelistas da UFMG e do UFRJ.
Marcela Assis, da UFMG (microfone), primeira a falar, observou que entre os propósitos comuns às Universidades Abertas da Terceira Idade está o de rever estereótipos e preconceitos com relação à velhice.
Rogério Cid Bastos apresentou dados da ONU sobre expectativa de vida no Brasil e no mundo, falou dos “Sexalescentes” – pessoas com idade entre 60 e 80 anos – e lembrou que foi a partir da década de 80 que o grupo dessa faixa etária passou a exigir um olhar diferente da sociedade. “A cada década o brasileiro se torna mais longevo. Os sexalescentes vivem, produzem, namoram, passeiam, se divertem e se isso não estiver bom, trocam e mudam”, enfatizou, arrancando aplausos.
mesmo painel, do qual também participou a Dra. Marcella Assis, da Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG, o pró-Reitor de Extensão da Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC e anfitrião do Fórum, Dr. Rogério Cid Bastos, optou por falar sobre o que apresentou como “Exercício Teórico”. “Sou professor da UFSC há 38 anos. Tive o prazer de ver o NETI nascer. Agora, caio num painel desses sobre Susentabilidade. Resolvi optar pelo lado mais diplomático para não entrar em dividida com ninguém”, disse em tom de pilhéria, numa alusão direta ao cenário de dificuldades nos Programas de Extensão nas IES, traçado pelas painelistas da UFMG e do UFRJ.
Marcela Assis, da UFMG (microfone), primeira a falar, observou que entre os propósitos comuns às Universidades Abertas da Terceira Idade está o de rever estereótipos e preconceitos com relação à velhice.
Rogério Cid Bastos apresentou dados da ONU sobre expectativa de vida no Brasil e no mundo, falou dos “Sexalescentes” – pessoas com idade entre 60 e 80 anos – e lembrou que foi a partir da década de 80 que o grupo dessa faixa etária passou a exigir um olhar diferente da sociedade. “A cada década o brasileiro se torna mais longevo. Os sexalescentes vivem, produzem, namoram, passeiam, se divertem e se isso não estiver bom, trocam e mudam”, enfatizou, arrancando aplausos.
De acordo com o
pró-reitor de Extensão da UFSC, a população está envelhecendo, precisa ser
incluída na sociedade e a Universidade tem a obrigação de participar desse
processo.
Dentro da sua
proposta de “Exercício Teórico”, Rogério Bastos apresentou cinco tipos de Universidades
do Futuro para reflexão pelos participantes do Fórum: a Poly Muth, a Nômade, a
Interface, Artes Neo-Liberais e a Universidade Lúdica, num exercício em que
valorizou a habilidade e a criação generativa (imaginar o que não existe e
trazer essa imaginação à realidade em um novo ser). Cada uma das Universidades
apresentadas tinha um programa distinto, como por exemplo, projetos
interdisciplinares, cursos direcionados, capacitação para consultorias e assessorias,
para inovação e programas de atividades lúdicas.
“A habilidade para
jogar pode ser o aspecto mais importante do século XXI. As mudanças estão
acontecendo e temos que nos adaptar. Os Programas voltados à terceira idade
estão inseridos nas Universidades, propiciam um ambiente de aprendizagem, permitem
evoluir, inovar. A inovação é fruto da genialidade criativa”, provocou o
professor, instigando reflexões.
Coordenadora do NETI
sugeriu desenvolver Programas com avaliação de Excelência
A coordenadora do
painel de especialistas, Dra Jordelina Schier, identificou nas reflexões do
Pró-reitor, muitas das propostas do Fórum e Encontro Nacional dos Estudantes,
cujo tema escolhido foi “Compromisso, Inovação Social e Envelhecimento: A
sustentabilidade dos programas de educação permanente nas universidades”.
“Foi essa inovação, essa
genialidade criativa decorrente do conhecimento obtido nas oficinas, nos
debates, nas mesas-redondas e nas conferências, que o Fórum procurou buscar.
Isso tudo será importante para a Carta de Florianópolis, para colocar no
ventilador, para governantes e para a sociedade. Vamos mostrar que temos
criatividade, conhecimento, protagonismo e que estamos exercendo nossos
direitos e nossos deveres”, sustentou.
Jordelina Schier também
chamou atenção para o contexto político sócio-econômico em que as instituições
federais com programas voltados à terceira idade estão inseridas e foi enfática
na defesa da continuidade desses Programas.
“Nossos Programas são
feitos por pessoas, para pessoas, e não podem paralisar. Temos que criar
mecanismos para desenvolver programas com avaliação de excelência, que possam
gerar fomento, mas sobretudo que seja um programa colocado à disposição da
sociedade, para que ela faça parte dele. A sociedade tem co-responsabilidade
nesse fazer”.
Na opinião da
coordenadora do NETI, o que torna uma ação factível é o protagonismo a ser
desenvolvido nos Programas de Educação Permanente e o exercício da Cidadania. “O
empoderamento decorrente do conhecimento, desenvolvido e aplicado, na prática,
é o que se consegue levar para fora das Universidades, através do idoso”,
observou.
Perguntas focaram
redes para acessar pesquisas e criação de uma Cartografia de Extensão
Ao final das
palestras, a coordenadora do Painel abriu espaço para perguntas, com duas questões em especial, tendo merecido
destaque: como trabalhar em redes para acessar pesquisas sobre os programas de Extensão
voltados â terceira idade e como criar indicadores de Extensão (onde estão os
programas, quem são os idosos que deles participam, quem são os professores).
Marcela Assis, da
UFMG, considerou importante criar redes para acessar as pesquisas, mas disse
que antes das redes deve ser buscada uma Cartografia sobre os indicadores de
Extensão. “A questão dos indicadores é complexa, e também é um desafio. Quanto
às pesquisas, somos um país de dimensões continentais, temos que buscar
parcerias”, sugeriu.
Ana Inês Souza, da
UFRJ, por sua vez, disse que os indicadores já estão em discussão na Universidade
carioca, como resultado de outros fóruns, e que já se chegou a discutir sua
inclusão na matriz orçamentária do MEC.
Já o professor da
UFSC, Rogério Bastos, chamou atenção para que tipos de indicadores desejamos. “Se
são indicadores de desempenho de processos, ou de resultados”.
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