Painel de especialistas vê com preocupação o futuro dos programas de Educação Permanente com idoso no Brasil. A Sustentabilidade desejada ainda é um desafio. Aporte de investimentos públicos é um dos entraves.
Especialistas convidados
para discutir “A Sustentabilidade dos programas de Educação
Permanente com idoso nas IES”, no Fórum Nacional de Coordenadores e Encontro
Nacional dos Estudantes da Terceira Idade,
encerrado na última sexta-feira (06) em Florianópolis, traçaram um
cenário de preocupações e providências.
Da esquerda para a direita: Marcella Assis (UFMG); Jordelina Schier, coordenadora do NETI/UFSC; Ana Inês Sousa (UFRJ) e Rogério Cid Bastos, Pró-Reitor de Extensão da UFSC |
Primeira a falar, a palestrante da Universidade Federal de
Minas Gerais-UFMG, onde o programa foi adotado há 25 anos, Dra. Marcella G.Assis, identificou
na ausência de profissionais capacitados para atuar nas IES um dos maiores
desafios à Sustentabilidade dos programas de Educação Permanente.
“Precisamos de pessoas com o olhar gerontológico para que
possamos fazer um trabalho de qualidade. É preciso formar, capacitar, atualizar
os profissionais; ampliar sua atuação no
desenvolvimento de pesquisas. Também se faz necessário ampliar os investimentos
públicos. Cerca de 12% da população brasileira é formada por idosos”, defendeu
a convidada da Universidade Federal de Minas Gerais.
Outro desafio, em âmbito nacional, está na necessidade de
adensar a reflexão sobre a população idosa. De acordo com Marcella Assis, é
preciso envolver as pessoas idosas de forma mais ampla no planejamento e na
execução dos programas de Educação Permanente.
Brasil reúne 204 instituições com programas de Educação Permanente com idoso
No caso específico da Universidade de Minas Gerais-UFMG, a
especialista apontou como primeiro desafio a ser enfrentado, a criação de uma
equipe fixa de docentes. “O Fórum mostrou que o Brasil contabiliza 204
instituições atuando com programas de Educação Permanente, com grande diversidade
de propostas. Se de um lado isso facilita, por outro dificulta a Sustentabilidade do Programa”,
observou defendendo a necessidade de profissionais geradores da informação
gerontológica.
Na opinião de Marcella Assis, a sustentabilidade dos
programas de Educação permanente deve estar inserida num contexto social
dinâmico e múltiplo. “Temos que pensar em sustentabilidade a partir da
pactuação entre os diferentes atores sociais”. Outro aspecto importante, na sua
opinião, é a corresponsabilidade pela busca de soluções. “Muitas vezes as
soluções estão nos idosos que participam dos projetos”, observou.
Passos sugeridos para alcançar a sustentabilidade
Depois de elencar o que considera desafios para a UFMG, onde
atua, e para as IES, de modo geral, a especialista apontou uma série de
aspectos pelos quais devem passar a busca pela Sustentabilidade.
“A primeira coisa é reconhecer que não existe um saber.
Temos que reconhecer os diversos saberes, valorizar a troca de conhecimentos”.
Na sua opinião, também se faz necessário desenvolver programas que atendam as
demandas individuais e coletivas, capacitar profissionais flexíveis e atentos à
diversidade de conteúdos e instrumentalizar
profissionais para o uso de metodologias ativas e inovadoras.
Por fim, Marcella Assis chamou atenção para o que chama de
aspectos econômicos. “Temos alguns entraves nessa questão: é preciso aportar
investimentos públicos, linhas de financiamento contínuo, mais robustas. Também
se faz necessário criar programas de fomento e editais internos”, diagnosticou.
Marcella Assis reconhece a existência de muitas iniciativas
bem sucedidas com Educação Permanente com idoso no Brasil, mas admite que a Sustentabilidade,
tema proposto pelo Fórum, de Florianópolis, ainda é um grande desafio. “Chegou a hora dos
Coordenadores dos Programas nas Instituições de Ensino Superior lutarem por
fomento”, alfinetou.
O painel de Especialistas reuniu Dr. Rogério Cid Bastos, pró-reitor de Extensão da Universidade Federal de Santa Catarina e anfitrião do Fórum de
Florianópolis e a Dra. Ana Inês Sousa, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro – UFRJ. A coordenação foi da coordenadora do NETI/UFSC,
doutora Jordelina Schier.
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